​Fazendo a política limpa Hildon quebrou a hegemonia da “panelinha” representada por Leo Moraes

Certamente os derrotados dessa campanha eleitoral vão demorar um tempo para entender os motivos dessa mudança na decisão do eleitorado de Porto Velho.

Publicada em 31 de October de 2016 às 12:11:00

Gessi Taborda – [email protected]

FILOSOFANDO

Criatividade é se permitir cometer erros. Arte é saber quais deles manter.” SCOTT ADAMS (1957), Cartunista e escritor americano.

FIM DA HEGEMONIA

Certamente os derrotados dessa campanha eleitoral vão demorar um tempo para entender os motivos dessa mudança na decisão do eleitorado de Porto Velho. Entrementes, quem costuma ler essa coluna descobriu, como muita antecedência que o desejo de mudança do eleitorado, completamente refratário à política tradicional e ao jeito antigo de se fazer política que o eleitorado certamente prestaria mais atenção ao candidato que assumisse o compromisso de introduzir uma modernização no trato com a coisa pública e na forma de se fazer política.

BINOCULADO PELO POVO

Hildon Chaves começou o primeiro turno com índices baixíssimos, algo muito próprio para quem nunca tinha disputado eleitoralmente um cargo político. No princípio parecia que ele ficaria longe de um índice de dois dígitos. E como não era o favorito, Hildon não sofria os ataques de grosso calibre, como passou a enfrentar no final do primeiro turno e, muito mais intenso no segundo turno, onde chegou liderando todas as pesquisas de intenção de votos.

A mostrar de forma didática propostas simples (como a adoção das PPPs para resolver a carência de saneamento básico) que podem mudar a realidade da população a curto prazo, o candidato do PSDB passou a ser mais observado pelo eleitorado, numa demonstração cada vez mais clara que que estava entendendo o recado de sua campanha, com menos promessas e mais propostas factíveis.

SEM CARREIRISMO

Enquanto o oponente petebista repicava o máximo possível a conversa de que começou a ser treinado para fazer política “desde pequeninho” e que por isso se julgava preparado para ser prefeito, Hildon Chaves fazia questão de explicar de uma forma muito mais assimilada para o povo sobre os motivos de ter, finalmente, aceito o desafio de disputar:

“Decidi ser candidato a prefeito com o objetivo de mostrar que é possível fazer uma nova política, é possível fazer uma política limpa, sem gastar montanhas de dinheiro para comprar apoio ou votos.” Foi uma campanha com os pés no chão, lembrou o próprio Hildon, ao falar com a coluna: “Simplesmente caminhamos muito e fizemos reuniões, assim conhecemos a necessidade da população portovelhense. E por isso fizemos toda a caminhada tranquila, confiantes de que o povo realmente saberia decidir sem se submeter às pressões ou ao terrorismo praticado por aqueles que não queriam a vitória dessa nova política.”

SUPREENDIDOS

Os políticos acostumados a manobrar a vontade popular certamente ficaram surpresos com a revolução azul (cor referência) de Hildon Chaves, limou da vida pública de Porto Velho a conhecida “panelinha” que sempre se mostrava imbatível nas disputas para manter ou tomar o Poder com os personagens mais sorrateiros do tempo velho.

Mal assessorado em toda a sua (curta) carreira política, Leo parece ter esquecido uma máxima imutável: não se ganha eleição por antecipação. E ele, jovem impetuoso, descendente de um antigo “tycoon” da política no segmento da Segurança Pública, já entrou na campanha convencido de se elegeria com facilidade repetindo suas experiências na disputa por uma cadeira na Câmara Municipal e outra na Assembleia Legislativa.

Certamente a pesquisa que o colocou abaixo de Hildon Chaves no final do primeiro turno foi demasiadamente cruel para quem, como ele, foi “preparado desde pequeninho para ser prefeito”.

CANDIDATO FORTE

Inconformado em não terminar o primeiro turno na liderança, Leo Moraes cometeu o erro primário de adotar a tática da desconstrução do oponente, transformando sua campanha num festival de baixaria como nunca se viu nessas plagas.

Poderia ter evitado esse caminho se, pelo visto, não se deixasse levar simplesmente pelo lado emocional de quem não conseguiu ser o líder na preferência do eleitorado. Terminaria esse pleito como um candidato forte para outras disputas. E não foi isso que aconteceu.

Seus admiradores, especialmente aqueles que gravitam em seu entorno, estão dizendo o contrário, que ele sairá maior do que entrou nessa campanha. Pura bobagem.

IMAGEM NEGATIVA

É claro que o julgamento justo dessa disputa eleitoral não se fará agora no presente. As emoções ainda não permitem uma avaliação puramente emocional. Mas em função da avalanche de pancadas desferidas pela campanha do 14 contra o 45 cabe ao colunista afirmar que Leo Moraes ficou com uma imagem muito negativa.

Ele passou uma imagem de político cínico, com um sorriso irônico de raposa, quando na verdade não foi nada mais do que um jovem arrogante, que sabia de tudo, que resolvia tudo e que era mais rondoniense até do que aqueles que aqui nasceram de verdade.

REPAGINAÇÃO

Se, por exemplo, não fizer uma repaginação tirando um aprendizado dessa derrota, verá que a população terá restrições em reconhecer os méritos que ele mesmo tempo anunciou nos programas eleitorais e nos debates da TV.

ENFRAQUECIDOS

A vitória de Hildon Chaves sobre Leo Moraes em Porto Velho representou derrota política para os senadores Ivo Cassol e Valdir Raupp, que não escondem o desejo de serem novamente os coringas da eleição de 2018.

Também perde, e muito, o governador Confúcio Moura, que chegou a gravar programa de apoio ao candidato derrotado no programa eleitoral. Quem reforçou seus nomes para a campanha de 2018 foi exatamente Expedito Júnior e o clã de Aparício, o pai da deputada federal Mariana Carvalho, que agora tem também um filho eleito vereador.

SEM MÁGOAS

A vitória de Hildon Chaves será fundamental para varrer o lixo político de Rondônia na próxima campanha eleitoral, a de 2018, pois certamente enfraquecerá os lugares-tenentes da política suja comandada pelos principais caciques que ficaram ao lado de Leo Moraes nessa disputa, nomes tidos como chefes de quadrilhas do tipo Carlão de Oliveira (foragido), que ainda conseguiram mostrar suas garras políticas elegendo sucessores nesse para o lodaçal da corrupção.

É claro que nunca ninguém foi tão ofendido numa campanha como Hildon Chaves, mesmo na sua condição de debutante na política e de ex-promotor de Justiça. Mas, como se viu logo nas suas primeiras declarações não vai guardar mágoas.

RELAX

Os desdobramentos de sua vitória vão merecer novas e profundas análises. E isso ficará para a próxima semana. O colunista decidiu tirar essa semana para descansar com a família numa curta viagem. Até lá cumpre apenas registrar o cumprimento aos leitores e aos coleguinhas que souberam entender o nosso posicionamento de constatação antecipada daquilo que as urnas confirmaram.