A “doação” decidida pelo novo prefeito ainda não é pratica da baixa política

Gessi Taborda 

Publicada em 16 de janeiro de 2017 às 08:02:00

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FILOSOFANDO

“A traiçoeira armadilha do sucesso é um alçapão em que costumamos cair quando, embriagados por eventuais êxitos, passamos a nos achar melhores que os outros, quando não invencíveis, e nos afastamos da essência do sucesso: a preparação.”

BERNARDINHO (1959), batizado como Bernardo Rocha de Rezende marcou época na história do vôlei brasileiro, do qual se despediu nesse princípio de mês, encerrando a “Era Bernardinho” que conquistou a medalha de ouro nas Olímpiadas do Rio de Janeiro.

 

PISADA DE BOLA

É difícil acreditar que a decisão (considerada atabalhoada em vários segmentos) de doar um terreno público para o grupo empresarial “Irmãos Gonçalves” tenha nascido apenas da vontade do novo prefeito Hildon Chaves, exatamente pelo fato de na campanha ele ter angariado enorme simpatia popular quando afirmava sua independência de grupos econômicos e políticos, destacando que o investidor de sua campanha era ele mesmo.

Ora, então essa decisão rotulada como primeira pisada de bola da gestão iniciada agora não nasceu de subserviência a grupos econômicos a quem – como se supõe – não deve favores. Então dá para imaginar que tudo isso foi fruto de um bizú soprado por alguém que já está gravitando na órbita da nova gestão com extrema influência e agilidade em defender interesses próprios.

 

BATE PRONTO

Consta que o novo prefeito conseguiu a necessária autorização parlamentar para o feito no sistema vaptvupt. Os vereadores não só não botaram óbice algum à doação, como também nem a discutiram convenientemente, certamente motivados pelo recesso do parlamento.

É claro que um negócio resolvido com tamanha velocidade gera naturalmente gera muito tititi, especialmente no cenário desse país onde o noticiário político vive recheado de denúncias de propinas dadas a políticos ou seus partidos. Dai, a necessidade que tem o novo prefeito de explicar timtim por timtim a rapidez dessa doação.

 

FAZENDO POLÍTICA

Por ter tido sua primeira experiência eleitoral no ano passado, ainda tem muita gente repetindo que Hildon Chaves não sabe fazer política e por isso – dizem principalmente os oposicionistas do momento – anda perdido nesse início de gestão sendo facilmente engabelado pelos oportunistas que gravitam no meio político, inclusive no ninho dos tucanos.

Esse conceito não tem lastro na realidade. A própria vitória de Chaves nos dois turnos da eleição passada demonstra que ele, mesmo sendo debutante nessa seara, tem habilidade política. Pode até não ter brilhantismo nesse jogo mas sabe mexer o doce, como demonstrou as fotos espalhadas nas rede sociais de sábado para cá participando uma pelada futebolística organizado pela secretária Ivonete Gomes, titular da pasta dos esportes.

 

LIBERDADE

Para o colunista o tal “Irmãos Gonçalves” não é um conglomerado empresarial totalmente confiável. Dai ser plenamente justificável que a doação de área pública para o grupo seja escarafunchada no âmbito das instituições de controle externo e até da sociedade, pelos instrumentos jurídicos existentes.

Mas a coluna, particularmente, não acredita na versão de que o novo prefeito caiu uma artimanha da baixa política. Ninguém mais do ele – em relação às últimas gestões – pode fazer política com inteira liberdade e até enfrentando as fúrias dos babalaorixás que sempre se nutriram da corrupção e dos desvios do dinheiro público.

Ainda vigora todas as expectativas de que Hildon Chaves vai mesmo reconstruir a nossa tão abandonada capital de Rondônia.

 

CORAGEM

As bandeiras defendidas por Hildon Chaves durante a campanha alinhavam propostas em prol do desenvolvimento da capital e até da região, para não dizer do estado. Mas nelas não havia qualquer evidência sobre a suposta doação de terreno público para (será que é verdade?) a construção de um novo shopping em Porto Velho, principalmente diante dessa realidade econômica que fez o setor decair enormemente, em todo o Brasil.

Certamente esse tipo de decisão não é exemplo de coragem para nenhum gestor. Hildon precisa ter coragem é para resgatar compromissos de campanha, como o da construção do Ceasa de Porto Velho, isso sim, iniciativa que fará dele um grande administrador, um gestor voltado para os interesses maiores da população em todos os seus níveis.

 

OPORTUNIDADES

Se o novo prefeito exercer a coragem com inteligência terminará seu primeiro mandato eletivo como o grande ícone da política da capital e – certamente – do estado. À sua frente, diante de anos de embromação, de incompetência e de falta de responsabilidade dos antecessores, estão desafios de todos os tipos, possibilitando ao novo administrador municipal fortalecer sua liderança pessoal, inserindo seu nome na história, como aquele que pela primeira vez resgatou as dívidas da prefeitura para com a sociedade de Porto Velho.

 

NADA COMPROMETEDOR

A coluna repete mais uma vez: é bom esperar um pouco para se tirar conclusões sobre os rumos a serem escolhidos e trilhados pelo novo prefeito. Hildon Chaves, como se sabe, é debutante na política, não conhece bem suas mumunhas. Por isso é normal que erre logo de cara no início da gestão do município. Não pode, é claro, comprometer seu capital eleitoral, perdendo a representatividade conseguida inusitadamente nas ruas. Precisa ter humildade para perceber quando suas decisões não agradam (como essa da doação do terreno) e tratar de consertá-las, de voltar atrás.

 

NÃO HÁ SANTOS

Há certas coisas – e Hildon já deve estar descobrindo isso como prefeito – que são indefensáveis. Decisões enquadradas nessa categoria precisam ser revistas imediatamente. Insistir nelas – como querendo empurrá-las goela abaixo do povão – poder ser erro fatal na política. Quem orienta o novo prefeito a cair nessas arapucas deveria não se esquecer de que o povo levou-o ao comando do município por ver nele o símbolo da nova política.

Alguém deve lembrar sempre ao novo prefeito que entre os áulicos reunidos ao seu lado – incluindo nomes de seu próprio partido – não há santos. Alguns até parecem ter auréolas, mas é mero truque de madame. Falam bobagem e jogam conversa fora para incensar decisões que alimentem interesses escusos e propiciem meios de se fazer negociatas lá na frente.

 

É O QUE GOSTAM

Na campanha Hildon foi a nossa esperança para consertar a política de Porto Velho e colocar a capital rondoniense no mapa das cidades desenvolvidas, capazes de orgulharem-se de si próprias.

Ainda estamos botando fé no prefeito. E é por isso que a coluna volta a alertá-lo, especialmente agora quando é rodeado de políticos com os visíveis rótulos dos patrimonialistas (para usar um eufemismo) e das maracutaias comuns nessa capital.

Caciques políticos e detentores de mandatos com fichas tisnadas fazem o que gostam: usar a política em benefício próprio para o enriquecimento ilícito e rápido.

 

SUTILEZA

A vitória de Hildon Chaves não teve influência de caciques, nem mesmo de Expedito Júnior, o mais emplumado so tucanos de Rondônia.

Mas, como sempre, se apropriam do vitorioso como se eles próprios tivessem ganhado as eleições. O novo prefeito precisa usar de sutileza para não cair no canto da sereia. Especialmente com aquelas figuras que vê na nova gestão uma oportunidade para a recuperação e o equacionamento de suas contas, das perdas decretadas com o congelamento das boquinhas que detiveram em outros níveis de governo.

 

O DECANO

Amanhã, dia 17, o jornalismo rondoniense une-se para cumprimentar com alegria mais um aniversário do decano de nossa imprensa, Euro Tourinho, o editor desse jornal. O diretor geral do jornal Alto Madeira vai completar 97 anos com uma fibra de fazer inveja a muita gente jovem. Quem com ele convive vendo toda a sua energia, tem certeza de Euro Tourinho ainda ficará entre nós por muito tempo espargindo ensinamentos de vida valiosos para todos. Enquanto comemoraremos, num almoço, mais esse aniversário do “comandante” da imprensa rondoniense, nos preparamos também para as comemorações do 1° Centenário do Alto Madeira nesse ano de 2017.