A República dos propineiros

Senão vejamos. Um senador é acusado de ter-se beneficiado de um esquema de propina que desviou quase novecentos milhões de reais dos cofres públicos e a única resposta dada por ele aos seus concidadãos, principalmente aos seus eleitores, para convencê-los de sua inocência, é tentar desqualificar a instituição que o acusa.

Valdemir Caldas
Publicada em 10 de setembro de 2017 às 14:24

Um dos dogmas dos direitos e garantias individuais ensina que todos são considerados inocentes até que se torne definitiva uma sentença judicial condenatória, mas, convenhamos, há fatos tão contundentes que deixam patentes a desnecessidade de maiores questionamentos para estabelecer a sua procedência.

Senão vejamos. Um senador é acusado de ter-se beneficiado de um esquema de propina que desviou quase novecentos milhões de reais dos cofres públicos e a única resposta dada por ele aos seus concidadãos, principalmente aos seus eleitores, para convencê-los de sua inocência, é tentar desqualificar a instituição que o acusa.

Outro parlamentar, da turma dos cuequeiros, apareceu em recente programa de televisão local, tentando justificar o repúdio popular à sua reeleição à Assembleia Legislativa de Rondônia. Aos entrevistadores, ele atribuiu o fiasco eleitoral a um “erro de estratégia”, jogando a culpa na sua assessoria, que o teria induzido a buscar votos no interior no Estado, desprezando, assim, o eleitorado da capital.

Quer dizer, o cidadão chegou à Assembleia legislativa pilotando um caminhão com mais 20 mil votos, dezenove mil dos quais só do município de Porto Velho. Na época, pesquisas de opinião o colocaram como forte candidato à prefeitura da capital, mas a Polícia Federal o flagrou escondendo dinheiro ilícito em partes do corpo, sepultando, assim, suas pretensões de continuar na ALE/RO. Agora, ele quer que as pessoas acreditem que sua derrota foi um “erro de estratégia”. E o pior é que ninguém o inquiriu sobre o assunto, preferindo aceitar a justificativa inócua como resposta. É muita cara de pau. Haja óleo de peroba para passar na cara dessa gente!

Eu me pergunto até quando vamos continuar seguindo o caminho errado, insistindo em manter esse pessoal na crista da onda política? No próximo ano, haverá eleições para os diferentes cargos da República. Vamos eleger pessoas honestas, lutadoras, altruístas, dedicadas e, claro, populares, ou manter a República dos propineiros, dos mensaleiros e dos cuequeiros?

Muito se tem condenado os políticos, como se todos eles tivessem mais a identificá-los entre si que a torná-los diferentes. Propositalmente, certos setores pretendem dar a impressão de que todos eles são seres abjetos, merecedores apenas do desprezo (quando não do ódio de seus contemporâneos). Se isso pode ser aplicado a grande maioria dos que se aproveitam da política para fazer fortuna pessoal, certamente à imagem do ex-governador Jorge Teixeira de Oliveira permite lembrar que nem todos se comportam dessa maneira ignominiosa.

O momento delicado que vivemos não admite tergiversações. Temos nas mãos a oportunidade de mudar a face deformada da nossa política, de colocar nos postos de mando deste país pessoas íntegra. É asnice insistir nas velhas e manjadas raposas da política nacional, muitas delas abatidas pela Operação Lava Jato. O Brasil não merece isso! Rondônia não merece isso! Chega de hipocrisia, de maus costumes e de roubalheira. Exigimos verdade, honra e vergonha. Nada mais.

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