Banco do Povo investe R$ 7 milhões em três mil projetos e cria o microcrédito fluvial para ribeirinhos em Rondônia

Dinheiro para pequenos terá maior sucesso ainda se existir agregação de valor, avalia diretor da Acrecid, Manoel Serra.

Publicada em 14 de December de 2016 às 12:28:00

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O microcrédito fluvial do Banco do Povo de Rondônia destinou neste semana R$ 120 mil para cerca de 40 pequenos produtores e comerciantes da região do Baixo-Madeira.

O dinheiro possibilitou a compra de desintegradores, ferramentas diversas, pequenas fábricas de gelo e roçadeiras. E assim eles puderam melhorar hortas caseiras, produzir polpa de frutas e até vender cosméticos.

“A maioria deles teve prejuízos na cheia de 2014 e ainda reconstrói suas vidas”, comentou nesta quinta-feira (8) o presidente da Associação de Crédito Cidadão de Rondônia (Acrecid), Manoel Serra.

“No somatório geral, pequenas ações giram a economia ribeirinha. Por exemplo, quem compra o gelo? Garimpeiros e pescadores. Ao todo, em 2016 tivemos mais de 400 atendimentos na região”, descreveu Serra.

Três mil projetos aprovados pelo banco totalizaram neste ano R$ 7 milhões de pequenos créditos. Há liberações previstas ainda para este mês. Aproximadamente 60 mil pequenos empreendedores já foram atendidos em todo o estado.

Segundo o presidente, na capital 60 pessoas, em média, visitam diariamente a sede do banco, na rua João Goulart 2.182. De dois anos para cá, até mototaxistas procuram o denominado microcrédito produtivo e orientado, a fim de trocar a moto velha pela nova.

Concedido desde 2010, o microcrédito atende ao chamamento feito pelo governador Confúcio Moura à Acrecid e ao Fundo de Apoio ao Empreendedor Popular de Ariquemes (Faepar). Onde não há escritórios, funcionam micro-ônibus, com o crédito itinerante.

Segundo o diretor, no ritmo atual da economia rondoniense o trabalho tem que ser contínuo: “Rejeitamos o modelo atendeu, parou, porque esta ferramenta de apoio precisa durar”.

No Baixo-Madeira, os pequenos contemplados moram e trabalham em 49 comunidades sob influência direta dos distritos de Calama, Demarcação, Nazaré e São Carlos do Jamari.

A gratidão também move o banco, confidenciou Serra. “O líder comunitário Adroaldo, da Associação dos Produtores de Calama e Maicy, disse ao governador que os microcréditos vão ao encontro de melhores condições de vida para pequenas famílias que movimentam açougues, farmácias, pequenos armazéns e a prestação de serviços”.

Manoel Júnior com as funcionárias da fábrica diz ser grato ao governo pelo incentivo ao negócio através do Banco do Povo

Manoel Júnior investiu com crédito do Banco do Povo

Para Serra, “o futuro está no presente”. Segundo ele, isso ocorre com a agregação de valores. “O freezer conserva a polpa de fruta, o pequeno produtor põe marca, evita intermediários e vende diretamente”.

Ele lamentou que o município de Porto Velho [34 mil Km²] ainda não explore melhor a pecuária leiteira e faça funcionar uma indústria de laticínios. O banco fomenta esse segmento, financiando matrizes, compra e equipamentos de ordenha e melhoria de instalações.

Mas tem uma série de exemplos de situações animadoras. Algumas ele menciona: a feira na porta da sede regional do Incra, onde 50 pequenos vendem hortaliças sem agrotóxicos, polpa de frutas e frango caipira, todas as quintas-feiras.

Algumas das cerca de 100 costureiras de Pimenta Bueno, nas quais o banco investiu R$ 1 milhão, prestavam serviços a indústrias de confecções, aprenderam mais e, mesmo trabalhando em casa, montaram pequenos negócios.

PISCICULTURA, RAÇÃO E SEMENTES

Na Zona da Mata, o banco distribuiu dinheiro para associações com mais de 300 piscicultores que já dispunham de represas e alevinos. Agora, eles já adquirem ração.

Por sugestão do governador, o banco financia até R$ 1 mil a aquisição de um kit com sementes, adubos e fertilizantes. A compra direta beneficiou 1,3 mil produtores de Alto Alegre dos Parecis, Alta Floresta do Oeste, Nova Brasilândia do Oeste, Novo Horizonte, Rolim de Moura, Santa Luzia do Oeste, São Felipe do Oeste, São Francisco do Guaporé e São Miguel do Guaporé. “Tudo com carência de seis meses, para ser quitado em cota única no final da colheita”, frisou Serra.

Aníbal Martins, diretor executivo do banco, lembrou outro caso de sucesso: a criação de avestruzes por 40 associados da Amazon Struthio, em Mirante da Serra, município de 7,8 mil habitantes. “Graças à associação deles, a empresa envasa óleo de avestruz e produz cosméticos”, assinalou.

O banco renovou empréstimo à empresa, concedendo-lhe mais R$ 200 mil.

O Banco do Povo oferece microcrédito produtivo e orientado a partir de R$ 300, até R$ 10 mil.

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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Daiane Mendonça e Assessoria Banco do Povo