O dia 28 de outubro é consagrado ao servidor público, nos três níveis da administração. No que concerne aos servidores do município de Porto Velho, a data está assinalada no Estatuto da categoria, Lei Complementar nº. 385/2010.

Para tentar se redimir do açoite que tem corrido, com regularidade, no dorso do funcionalismo, principalmente dos segmentos menos aquinhoados, a administração em final de mandato promete uma programação especial, regada a futebol, bebida e forró.

Essa gente teve quatro anos para valorizar o funcionalismo municipal, mas pouco ou quase nada fez. Agora, acha que não há nada melhor para o servidor se esquecer das decepções e angustias do cotidiano do que pão e circo, como faziam as autoridades romanas com a plebe ignara.

Na naquela época, o povo, em estado de êxtase, vibrava com o sangue derramado nas arenas romanas. Hoje, o cardápio é outro, mais sofisticado. Enquanto estiver entretido, por algumas horas, o servidor não terá tempo para pensar em bobagens, como, por exemplo, os péssimos salários pagos pela municipalidade, as péssimas condições de trabalho, dificuldades financeiras e promessas eleitoreiras não cumpridas.

À semelhança de muitos que prestam serviços à máquina oficial, a maioria dos servidores municipais vive na corda bamba sem ser malabarista. Normalmente, um empréstimo hoje, outro amanhã; e, assim, ele vai empurrando os problemas com a barriga. Pobre servidor! Cotaram-lhe gratificações, adicionais e outras vantagens conquistadas com muito sacrifício. Hoje, querem que ele se esqueça de tudo isso em apenas um dia, como se vivêssemos no reino encantado da fantasia, onde tudo é deslumbrante. É mágico! Não é exigir demais?

Aos colegas (pois também sou servidor), principalmente os da Câmara Municipal de Porto Velho, em vez de cumprimentá-los, choro eles, porque, sinceramente, não vejo motivos para comemorações.