Doação de medula foi discutida em audiência

Sistema Redome necessita ser ampliado para possibilitar o aumento das chances de compatibilidade de doadores.

Publicada em 17 de May de 2016 às 08:49:00

Com a finalidade de discutir sobre o cadastramento de doação de medula óssea no Estado de Rondônia, que possuiu baixo índice de doadores, conforme informações fornecidas pela Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Rondônia (Fhemeron), o deputado Jesuíno Boabaid (PMN), realizou na manhã desta segunda-feira (16), audiência pública.

Segundo Boabaid, há no Estado de Rondônia, sete pontos para cadastramento do Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome), que é um sistema criado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), com a finalidade de reunir informações (nome, endereço, resultado de exames, características genéticas) de pessoas que se voluntariam a doar medula, fora dos aparentados.

O intuito do cadastramento é o de reunir em um banco de dados, informação de possíveis doadores para quando houver necessidade, ao se fazer busca, se encontra com maior facilidade um possível doador. Mas o número de pessoas cadastradas no Redome ainda é baixo, pois são necessários, em média, 100 mil cadastrados para se encontrar uma compatibilidade. 

O deputado José Lebrão (PMDB) ressaltou a realização da audiência para tentar ajudar às pessoas necessitadas de apoio quanto à doação de medula para salvar vidas.

Nos debates, parentes de pessoas com câncer, pedem a conscientização para que mais pessoas doem 5 ml de sangue, realizem e mantenham atualizado seu cadastro junto ao Redome, pois fora do ambiente familiar, a possibilidade de encontrar compatibilidade é de 1/100 mil.

Também foi explicado por especialistas que o procedimento de doação de medula, após a comprovação de compatibilidade é simples e a pessoa doadora volta às suas atividades normais em 72 horas, tendo a satisfação de ter ajudado a salvar uma vida.

Houve também o pedido para revisão de portaria do Ministério da Saúde para que amplie o número de exames de compatibilidade em Rondônia que hoje é estabelecido em pouco mais de 6 mil e que poderia ser aumentado.

Jesuíno disse que irá iniciar uma campanha assinada pela Assembleia Legislativa e expedir uma recomendação para o secretário da Sesau (Williames Pimentel) para que busque aumentar a cota de exames em Rondônia.

Apelos

Lúcia Tenório, tia da menina Beatriz Ribeiro, a qual necessita de doação de medula para salvar sua vida, ressaltou que a pessoa necessitada que quem precisa tem pressa e felizmente hoje recebemos a notícia de um possível doador. Mas continuaremos na luta, pois este foi meu propósito e compromisso com Deus para ajudar na recuperação de minha sobrinha.

Pediu para que a luta pelo cadastramento de mais doadores seja permanente, buscando conscientizar as pessoas e quem já foi, “que chame amigos, parentes para também fazer o cadastramento”, disse Lúcia.

Elizmar Marques da Silva, pai do menino Vinícius Rodrigues Alves, que tem 4 anos de idade e se encontra em Barretos para tratamento de câncer, após passar pelo atendimento do Hospital de Base (HB), mas teve de ir para um centro maior. Agradeceu aos deputados Maurão de Carvalho (PMDB) e Lebrão pelo apoio, pois precisou de uma UTI aérea para conduzir o filho ao tratamento.

Os médicos deram seis meses para seu filho e até agora não conseguiram a doação de medula e todos os dias o filho liga e pede para o pai “conseguir o homem que vai doar e salvar sua vida”. Complementou dizendo que não vai perder seu filho para o câncer. “Posso perder para Deus, mas vou lutar até o fim”.

A avó da Beatriz, Rosicleide Marques Taborda ressaltou a importância da doação e explicou que a cada minuto se perdem vidas e aumenta o sofrimento não só do paciente, mas de toda família. Por isso, conclamou a união de todos em Rondônia para que façam seus exames e cadastrem-se no Redome.

Debatedores

A coordenadora da Central de Transplantes da Sesau, enfermeira Edicleia Gonçalves disse que além das dificuldades de encontrar doadores, a central se depara com dificuldades de se encontrar um leito em uma unidade de transplante.

O presidente da Fhemeron, Orlando Ramires, falou nas necessidades de se aumentar a quantidade de cadastrados com a finalidade de melhorar as chances de salvar vidas. Somente em dois casos de câncer com crianças, se conseguiu, com apoio das famílias, 900 novas amostras. Portanto, se for algo contínuo, “conseguiremos a salvar muitas vidas”.

O bioquímico e coordenador da Associação de Transplante de Medulo Óssea (ATMO), Lindeberg de Oliveira explicou as formas de buscas de doadores. Entre familiares as chances são de 25% e no cadastro Redome é de 1 para 100 mil, por isso a necessidade de um banco de dados amplo e atualizado.

Reforçou que o cadastramento da Fundação é bem feito, com cadastrados conscientes. Em 2014 foram 7.400 cadastros e em 2015, 7.200, sendo o único estado da região Norte que cumpriu a meta de cadastros. Explicou que uma portaria do Ministério da Saúde estabelece cotas que limita o número de exames o que restringe a atuação do Estado de Rondônia, enquanto que outros estados não cumprem sua meta e “nosso poderia ter feito mais”.

Para doar, explicou Lindeberg, inicialmente se retira 5 ml de sangue do doador para exames preliminares e para cadastramento no Redome. Em sendo encontrada compatibilidade é feita uma punção do osso da bacia para doação de células em procedimento feito em hospital, com 24h de internação e a pessoa retorna as atividades normais em 72h.