Duro Como Tronco de Aroeira

Meu tio avô foi cangaceiro... Minha mãe tem sangue de cangaceira... Sou acima de tudo um forte... Criado no meio da bagaceira...

Publicada em 18 de August de 2014 às 17:12:00

Sou filho do Nordeste
Rondônia é minha esteira
Sou neto do norte
Admiro Virgulino Ferreira
Gracias a La vida
Sou filho da nação brasileira.

Meu tio avô foi cangaceiro
Minha mãe tem sangue de cangaceira
Sou acima de tudo um forte
Criado no meio da bagaceira
No sertão de Caicó
Comendo jerimum, carne de sol e macaxeira.

Eu sou a foice e o martelo
A tremer a sua moleira
Eu sou a esquerda
Marxista verdadeira
Faremos a revolução
Na America latina inteira.

Eu to virado no Odorico Paraguaçu
Em idiota to dando rasteira
To virado no Zeca diabo
Procurando lulu na feira
Já tive muitos romances
Com cabritas na capoeira.

To rindo da tua cara
Fruto podre da mangueira
Tu és um grande traidor
De tua mãe e sua parteira
Rouba até pano de ferida
E o rosário de uma pobre freira.

Eu gosto da cachorrada
De uma roda de capoeira
De uma loira gelada
De uma mulher cachaceira
Que fale em mudar o mundo
Revolucionária de trincheira.

Eu gosto é de mulher
Seu preconceituoso tranqueira
Viva a sua vida
Semente traiçoeira
Tu és um alienado
Um cego descendo numa ribanceira.

Eu vou te agoniar
Com minha rima rasteira
Eu vou te bombardear
Com a minha poesia guerrilheira
A derrota pertence a te
Viva! O padre Antonio vieira.

Não critique meus versos
Filho de Maria coiceira
Você da bom dia a cavalo
Fala muita baboseira
Quantos cordéis tu leste
Imbecil, serás a vida inteira.

Você não vale o que a gata enterra
Não sabe o que é belo, seu fuleira
Tu tens a alma sebosa e pequena
Do tamanho de um caroço de pitombeira
Não preciso de seu elogio
Filhote de aranha caranguejeira.

Você é coisa do passado
Vaidosa e fuxiqueira
“a sua piscina está cheia de ratos”
A sua idéia de cultura
Esta na lixeira
Pense! Num estrume
Eita! Mula rampeira.

E tu seu idiota!
Vive da crítica sorrateira
Passa o dia mentindo
Um defunto que mal cheira
Ô cabra sem qualidade!
Há! Se eu te pego com uma ligeira.

Tu és um analfabeto
Políticos vigaristas tu chaleira
Bajulador de corruptos
Das quartas e quintas feiras
Digas com quem tu andas
Comida podre de geladeira.

Tu és uma autarquia
Uma famigerada politiqueira
Uma vaca veia com aftosa
Tu tens o que o boi tem
Casco, chifre, brucelose e coceira.

Tu és um energúmeno
Fruto podre da macieira
Um quadrúpede demente
Sem eira e nem beira
Um carro desgovernado
Descendo uma grande ladeira.

Eu não to preocupado
Com você e suas asneiras
Só vive de blá – blá –blá
Intelectualóide da besteira
Gogó de sola fedorento
Filhote de mula rampeira.

Meus versos são reversos
Rebelde como a praeira
Minha rima é bambina
Como a água cristalina da cachoeira
Afiada como uma navalha
Como a ponta do espinho da laranjeira.

Acalme sua mente
Bibelô de feiticeira
Ó chente! Fi de uma égua
Não gostou da brincadeira?
Home! Pelas caridades! Seu menino!
Se levante e sacode a poeira.

Nem toda bala é bombom
Nem todo fruto é figueira
Nem tudo que reluz é ouro
Nem toda comida é caseira
Nem toda poesia é besteira
Nem toda faca é peixeira.

É melhor escrever errada a coisa certa
Afirmava patativa numa quarta feira
Do que escrever certo a coisa errada
Seu idiota, sua tranqueira
Eu não ligo pra seus argumentos
Óleo queimado de frigideira.

O sangue que corre em minhas veias
É do magnífico da serra do Teixeira
O poeta do absurdo
É a palavra bandoleira
Enfrentando a inquisição
O fogo ardente da fogueira.

O limeira, o Zé da rima
Era paraibano de primeira
Ele é inconfundível
Seu resto de fim de feira
Eu sou um simples Francisco
Duro como um tronco de aroeira

* Francisco Batista Pantera, é poeta, professor e Secretario de Organização do PCdoB/RO.