Em Ariquemes, o Trump ia se danar por homofobia

Gessi Taborda

Publicada em 24 de fevereiro de 2017 às 10:33:00

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FILOSOFANDO

“O arqueólogo é o melhor marido que uma mulher pode ter; quanto mais velha ela fica, mais interesse ele tem por ela.” AGATHA CHRISTIE (1890/1976), romancista, contista, dramaturga e poetisa da Inglaterra. Ganhou a alcunha de Dama do Crime, por ter se destacado como autora de romance policial, publicando mais de 80 livros sobre o tema.

MUITA ÁGUA

Como é bastante natural nessa época do ano, fontes da meteorologia adiantaram para a coluna que os foliões rondonienses, especialmente os da região da capital, devem se preparar para enfrentar muita chuva enquanto curtirem os blocos carnavalescos nestes desfiles que começam hoje e deverão avançar pelo longo feriado. O mau tempo não será exclusividade de Porto Velho.

PALAVRA DA OMS

Situação complicada para grande parte dos brasileiros. A Organização Mundial da Saúde estima que 5,8% da população nacional seja afetada pela depressão. A taxa média supera a de Cuba, com 5,5%, a do Paraguai, com 5,2%, além de Chile e Uruguai, com 5%. É a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina e uma média que supera os índices mundiais.

SE FOSSE AQUI...

O prefeito de Ariquemes, Thiago Flores, e alguns vereadores da cidade foram denunciados à justiça pelo MPF e o MP/RO . Os órgãos ingressarm  com uma ação civil pública que acusa os políticos ariquemenses de terem praticado improbidade administrativa por recolherem livros didáticos da rede municipal de ensino, com o argumento de que tais livros (remetidos ao município pelo MEC) incentivavam estudantes do ensino fundamental a assimilar ideias homofóbicas em seus conteúdos de gêneros.

BANHEIROS E VESTIÁRIOS

As autoridades do importante município rondoniense justificaram sua decisão de retirar o conteúdo polêmico atendendo a maioria das famílias com filhos matriculados nas escolas municipais.

Imagine o que aconteceria em Ariquemes se alguma autoridade de lá impedisse (como fez Donald Trump essa semana nos Estados Unidos) transexuais de usar banheiros e vestiários nas escolas públicas da cidade? Diante desse tipo de processo, será que algum(a) diretor(a) de escola terá coragem de impedir que alunos usem banheiros e vestiários de acordo com o gênero com qual se identificam sem levar em conta o sexo biológico?

SEM DESCULPA

Anderson do Singeporon (PV) é deputado novo na função. Mas deve ser reconhecido, já, pela corajosa denúncia contra o titular da Secretaria de Estado da Justiça, Marcos Rocha, veiculada na mídia pela primeira vez na última quarta-feira.

Anderson revelou o caso de uma “servidora”, contratada em 31 de outubro de 2016 para (pasmem, leitores!) presidir a Comissão Disciplina existente na Sejus, como comissionada praxe comum na gestão pública estadual.

Antes de um mês da contratação a “servidora” (cujo nome ainda é mantido em sigilo) simplesmente desapareceu, deixando assinada sua folha de pontos – como se estivesse trabalhando – e foi passear nos Estados Unidos, de onde não se sabe se retornou (se é que retornou) do país de Donald Trump.

MP COM A PALAVRA

É assunto sobre o qual deveriam se pronunciar os órgãos da fiscalização externa e até mesmo o governador. Numa gestão séria Marcos Rocha seria, no mínimo, afastado do cargo, bem como Elias Resende de Oliveira, outro denunciado pelo parlamentar como praticante dessa improbidade.

Imagina-se que o Ministério Público vai tomar as providências necessárias, com o mesmo rigor com que agiu contra o prefeito de Ariquemes no caso do livro rejeitado pela maioria dos pais. Eles deixaram claro que preferem educar seus filhos sobre temas da sexualidade.

MP EM AÇÃO

O Ministério Público Federal (MPF/RO) ajuizou uma ação civil pública contra o consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), a construtora Camargo Corrêa e os órgãos públicos Ibama e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O motivo da ação se deu porque houve o descumprimento de condicionante que determinava o repasse à prefeitura de Porto Velho de 1.600 casas construídas em Nova Mutum-Paraná por conta do empreendimento hidrelétrico de Jirau.

PLACAS IGUAIS

Andei folheando a edição do dia 22 último do “Diário da Amazônia”. Pouca coisa me chamou a atenção. Aliás, foi exatamente os vários anúncios (espalhados por várias páginas do jornalão) de instituições sustentadas com o dinheiro do cidadão-contribuinte-eleitor, como soem ser a Assembleia e a Prefeitura, o que vi de mais inusitado.

Quem conhece o mínimo da engrenagem por onde as manjadas agências de publicidade moem a pilha de dinheiro público com as peças promocionais de entidades públicas sabe que “a produção” (ou, se preferir, criação) é a parte mais cara. Daí ser fácil imaginar que no caso citado existe um enorme jabuti na árvore.

EDUCATIVAS

A criatividade (quaquaquaqua) da suspeitíssima agência usou a mesma fonte (uma modelo com uma placa) para as duas propagandas, cada uma distinta da outra, embora ambas não anunciassem nenhum conteúdo verdadeiramente justificável para torrar o dinheiro do contribuinte.

Como essa “agência” (???) consegue escapar dos olhos de lince de órgãos como Ministério Público e Tribunal de Contas, responsáveis por zelar pela aplicação correta do dinheiro público sem simplesmente deixar-se levar pelas desculpas esfarrapadas?

ESFARRAPADA

No caso da semelhança da publicidade dos dois entes públicos (atendidos pela mesma agência), justificar o desperdício batizando as campanhas de “educativas” é uma desculpa esfarrapada, recorrente de uma prática tipicamente burocrática usada para afastar MPs e TCE da investigação da questão.

Não, não tem nadinha de “educativa” nessas manobras para sugar dinheiro do erário. Se os órgãos do controle externo atuarem verão que tudo não passa da velha e batida esperteza para enricar uns poucos “tycoons” mídia com o dinheiro do contribuinte.

O ESPERADO

Moraes foi aprovado na CCJ e no plenário com folga. Não havia chance de que o contrário ocorresse. O processo de escolha dos membros do Supremo pode não ser perfeito, mas é preciso que os dois Poderes, Executivo e Legislativo, sejam realmente independentes. Moraes se esmerou em revelar mais seu lado político do que jurídico, enfrentando temas espinhosos como a prisão em segunda instância e o fim do foro privilegiado com habilidade para não desagradar ao auditório. É bom não esquecer, todavia, que o ministro deixou seu ministério em meio à maior crise de segurança pública que o país já viveu.