Em Linhas Gerais

Gessi Taborda

Publicada em 24 de April de 2015 às 09:40:00

 Só quem não conhece o PMDB pode acreditar nas boas intenções

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ÚLTIMA HORA

Não há explicação plausível, mas o fato é incontestável: em todos os anos a maioria dos brasileiros deixa a entrega da declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física para os últimos dias, quiçá para a derradeira semana. Não se trata certamente da dificuldade do processo. Apesar do constante aperfeiçoamento do programa de computador desenvolvido para a declaração, não há novidades que justifiquem a demora. Trata-se, certamente, da baixa apetência dos contribuintes para o planejamento. Até hoje, faltando uma semana para o fim do prazo, apenas 48% dos brasileiros entregaram os relatórios fiscais referentes a 2014.

CONTA OUTRA

Será que o leitor acredita que o PMDB vá devolver parte do que lhe cabe da verba do Fundo Partidário para ajudar no ajuste fiscal pretendido pelo governo Dilma, como andaram falando alguns caciques do partido? A coluna prefere ver para crer. Peemedebista de alto coturno chegou a falar que o partido poderia abrir mão de 25% da verba. Por enquanto, isso me cheira à tradicional conversa para boi dormir.

PARA A TORCIDA

O PMDB joga para a galera e se finge de bonzinho. O PMDB quer convencer a população que seu interesse maior é pelo bem do Brasil. Só quem não conhece o PMDB pode acreditar nas boas intenções.
Em 2014 o Fundo Partidário distribuiu R$ 308 milhões. A parte do PMDB foi de R$ 36 milhões, o que dá 11,6% do total. Como a verba é distribuída de acordo com a votação dos partidos para a Câmara dos Deputados, este ano haverá variação do percentual por conta do resultado da eleição do ano passado. Mas o PMDB receberá mais que 10%. A Presidente Dilma sancionou a lei que passou a verba do Fundo Partidário deste ano para R$ 867 milhões. Se o PMDB abrir mão mesmo de 25% receberá em torno de R$ 75 milhões, mais que o dobro do ano passado.

RESOLVIDO

Triplicar o Fundo Partidário num momento de crise e cortes nos ministérios evidencia como o governo Dilma está acuado. O PT aprovou a resolução que impede os diretórios de aceitarem doações de empresas, mas com o fundo triplicado o problema está resolvido.

NO BRASIL É OUTRA COISA

Eu realmente não sei se a Petrobrás irá se recuperar. A companhia conseguiu desmentir uma das mais célebres frases de David Rockfeller; “O melhor negócio do mundo é um campo de petróleo e o segundo melhor negócio do mundo é um campo de petróleo mal administrado.” Infelizmente a frase não se aplicava a uma companhia de petrolífera estatal, ainda mais num país chamado Brasil.

Mas voltando à possível recuperação da Petrobrás, acho muito cedo prever o futuro. Mesmo que seja muito bem administrada daqui em diante, sem politicagem e valorizando a área técnica, isso não garante prosperidade vindoura… simplesmente porque os árabes podem simplesmente baixar o preço do barril a níveis insustentáveis para o pré-sal. Eu acho que inevitavelmente, ao menos uma parte da Petrobrás vai ser privatizada, como única saída.


SUBSTITUINDO RAUPP

O barbudo senador rondoniense Valdir Raupp não deverá ser mantido na cúpula nacional do PMDB. As articulações dos caciques do PMDB com vistas à convenção que escolherá o novo presidente nacional do partido, em março do próximo estão mirando o governador capixaba, Paulo Hartung, nome da preferência do fortíssimo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

SERÁ?

Uma operação polícia civil, batizada de “Libertas”, prendeu ontem pelo menos um auditor da Secretaria de Estado das Finanças (Sefin), acusado do crime de extorsão a empresas do Cone Sul. O assunto acabou motivando o comentário de uma fonte ligada ao setor fazendário, numa conversa informal: “Se fizerem uma auditoria no Conselho Estadual dos Contribuintes e remexerem também nos processos de revisão fiscal, “neguin” vai cair de costas com as revisões e reduções de dívidas e multas”. E finalizou da seguinte maneira o comentário: “É fácil entender porque tem fiscais muito ricos e com um patrimônio incompatível com seus vencimentos de funcionário público”.

TERCEIRO LUGAR

Dados de 2014, divulgados pelo Ministério do Turismo, mostram que o Brasil é o terceiro maior mercado de aviação doméstica do mundo. O número é três vezes maior do que há dez anos. Os números relativos à economia do turismo reforçam a importância dessa indústria na geração de negócios, empregos e renda e os impactos positivos no desenvolvimento regional.

FELIZ COMO PINTO

Feliz como pinto ciscando lixo, o prefeito Mauro Nazif comemorou a assinatura de parceria com o governo estadual para um programa de 27 quilômetros de asfaltamento em vias urbanas da capital. Isso poderá ser uma oportunidade para Mauro Nazif reduzir o desgaste em que se debate junto a população portovelhense onde ficou a maior parte do tempo como um prefeito inoperante, sem planejamento e incapaz de transformar em realidade tudo aquilo que prometeu durante a campanha.

PARCERIA CARACU

Para esse programa de asfaltamento, a prefeitura vai participar apenas garantindo os insumos a ser utilizados pela usina de asfalto do governo, máquinas e pessoal do DER. Ou seja, será gasto mínimo.
Se tudo ocorrer como imagina o alcaide, ele pode reviver o milagre da Fênix na política, principalmente pela estéril condição dos oposicionistas em viabilizar um nome para concorrer no próximo ano.

SEM PROJETOS

Enquanto a oposição estiver presa ao perigoso jogo de não ter projeto para o município ou para o estado, quem está no poder, mesmo em forte baixa de credibilidade junto ao eleitorado, pode sonhar em continuar no poder por mais uma temporada.
Deve ser isso o fator que anima Mauro Nazif e seus aliados a pensar concretamente em disputar a reeleição no próximo ano.
Fazer oposição por oposição não qualifica ninguém para se transformar num líder político capaz de vencer o duelo político com o gestor que – mesmo tendo passado a maior parte do tempo só fazendo cera – de repente consegue fazer algo pontual que possa alimentar uma boa ideia de marketing.

MUDANÇAS NECESSÁRIAS

Oposição, claro, tem de fazer oposição. Mas precisa mostrar-se capaz de fiscalizar e pressionar a administração a adotar mudanças em favor da ampla parcela do povo.
A sorte dos titulares do executivo municipal de Porto Velho e do próprio governador do estado é a inexistência de adversários com uma visão de maior profundidade sobre embates políticos produtivos. Pelo visto, mesmo os adversários mais qualificados (sobretudo em relação ao prefeito) agem como se o grande interesse é o de fazer sangrar e derrubar os titulares do Executivo pelo simples fato de sua qualidade mequetrefe.
Apostar no quanto pior, melhor, é como brincar com fogo, principalmente se a motivação for vingança de um projeto político que não deu certo ou de uma derrota mal resolvida.