Em Linhas Gerais: Abandonado por caciques de seu partido, quem sai em defesa de Confúcio é o vice Daniel Pereira

E mais: Confúcio toma posse, mas pode não durar mais do que seis meses na cadeira, avalia jurista.

Publicada em 08 de December de 2014 às 08:28:00

Gessi Taborda[email protected]

AS NUVENS

Enquanto os próprios peemedebistas rondonienses de alto-coturno se mantém calados diante do desgaste do governador (reeleito) Confúcio Moura pela ligação direta do seu nome à atuação das quadrilhas desmanteladas nas operações mais recentes de combate à corrupção (Plateias e Ludus) no primeiro governo do filosófico peemedebista, quem assumiu de vez o papel de fazer declarações na mídia para tentar transmitir um pouco de esperança aos rondonienses frustrados com a reeleição do peemedebista é, quem diria, o “esquerdista” Daniel Pereira, levado para posição de vice-governador ao ser colocado na carona do titular da chapa, por indicação (meu Deus!) do péssimo prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif.

GOVERNO DE CRISE

Mas não serão as aleivosias ditas pelo Daniel que serão capazes de tornar as nuvens menos negras para o segundo mandato de Confúcio. Será – enquanto durar – um governo de crise.
Talvez a tramitação jurídica das ações contra o governador rondoniense seja um pouco mais demorada do que os rondonienses gostariam que fosse. Todavia, diante das denúncias contra Confúcio, fartamente documentadas com as investigações dos MPs (federal e estadual) e das instituições policiais (especialmente da Federal) são fortes as evidências contra o governador, consolidando a versão de que Confúcio era o grande chefe da quadrilha que rouba e pilhava os recursos públicos.

OPOSIÇÃO SEM RUMO

Políticos experientes costumam dizer que “a próxima campanha” começa logo após a divulgação dos resultados das urnas do último pleito. Em 2016 teremos eleições municipais. Certamente a prefeitura de Porto Velho está entre as mais cobiçadas. Em torno dessa disputa já existe euforia de pretendentes, imaginando que o desgastado Mauro Nazif “deve perder para qualquer adversário” em virtude do tamanho de sua rejeição popular, de seu perceptível desgaste como prefeito portovelhense.
Esse cenário faz-nos relembrar os vaticínios da coluna em relação a Confúcio Moura antes da arrancada do processo sucessório. A avaliação do governador (que acabou reeleito) era tão ruim que ele próprio não demonstrava interesse em disputar um novo mandato “se não houvesse” uma recuperação nos índices de aprovação do eleitorado.
Muitas vezes a coluna falou da fraqueza da Oposição rondoniense. Oposição essa que só existiu pontualmente, corporificada no projeto individualista de dos poucos interessados em substituir Confúcio. A “oposição” não fazia nem mesmo barulho – fora os discursos de José Hermínio – que levasse as ruas a gritar “Fora Confúcio”.

MAMÃO COM MEL

Agora o tema eleitoral tem como foco a sucessão municipal. Mais uma vez estamos diante de um fato inegável: o desgaste profundo do prefeito Mauro Nazif. Os possíveis candidatos ao cargo emitem sucessivos sinais de que o lamentável prefeito não consegue mais se recuperar. Repete-se aquilo que tanto se falou de Confúcio.
Há alguns pretendes à sucessão de Nazif entusiasmados, achando que uma vitória eleitoral na sucessão de Mauro será como verdadeiro mamão com mel.
Se no caso de Confúcio essa euforia da oposição (??) não se concretizou, também contra Nazif a história pode se repetir. Isso porque a tal “Oposição” não existe de fato, como instituição.

HUMILDADE

Enquanto a “oposição” não demonstrar humildade para se organizar num grupo coeso capaz de fazer barulho que desperte a coletividade para um projeto político de mudança, não será tão fácil conquistar a prefeitura como se imagina agora.
Há no momento pelo menos um nome com reconhecida experiência política interessado em participar da disputa de 2016. Trata-se de Odacir Soares, que já foi prefeito (quando Rondônia ainda era território), deputado federal e senador. Ninguém pode desconhecer as qualidades intelectuais de Odacir para desempenhar o papel de gestor de uma instituição da importância da prefeitura da Capital.

TEM DE SE ORGANIZAR

Todavia seu primeiro desafio é trabalhar em prol da organização de uma Oposição consistente, visível, que pare de falar sozinha para sair do processo de encolhimento em que se debate nos dias de hoje. Para liderar um processo desses seria preciso relevar posições pessoais em prol de um objetivo comum.

CANTO DA SEREIA

Como é natural ocorrer após cada eleição, todas as emoções políticas voltam ao seu leito original. Chegar à prefeitura passa a ser o sonho eufórico e extasiado de praticamente todos os personagens com maior ou menor expressão eleitoral no cenário de Porto Velho.

Será uma grande besteira para quem pretende disputar a eleição de 2016, ficar preso ao canto da sereia de que “qualquer adversário venceria” um prefeito tão desgastado como esse Mauro Nazif. O prefeito (assim como foi o governador) é, administrativamente falando, um lerdo sem dedicação na gerência dos interesses da cidade. Mas eleitoralmente sempre foi um cara que acredita nele mesmo. Foi assim que conquistou vários mandatos nos três níveis do parlamento (municipal, estadual e federal).

CHORORÔ
Se vencer de novo (repetindo o resultado eleitoral de Confúcio) será por causa dos muitos erros cometidos ao longo do tempo pela Oposição ou, melhor dizendo, pelos opositores. E depois, não adianta o chororô de quem preferiu se imaginar o rei da cocada preta e se descobriu sem os votos necessários para a vitória.

RELIGIÃO

Li, não me lembro onde, que Ângela Mosquini, mulher do deputado federal eleito Lúcio Mosquini, preso numa das ações policiais da Operação Lundus, por ser evangélica e acreditar na solução divina, dispensa opiniões dos “críticos de plantão” sobre a prisão do marido (que também é evangélico) e também sobre seu futuro político.
Não sei por que me lembrei, de imediato, de uma cena em que um político de Brasília, também evangélico, fez uma roda de oração com colegas que também recebiam propinas do governo brasiliense. Ora, é muita cara de pau achar que o Criador apoia quem mete a mão no dinheiro público. Grande coisa dispensar “os críticos de plantão”, imaginando que isso pode reduzir a gravidade dos supostos crimes cometidos pelo outrora poderoso homem do DER.

E NANCI DANÇOU

Em final de governo tem muita gente do primeiro escalão que não cantará o jingle-bell no cargo. E quem dançou no final da última semana foi Nanci de Oliveira, até então comandante da Sedam. Motivo para a exoneração: o filósofo andou assuntando ocorrências de corrupção por parte de integrantes da pasta. Só agora, no final da gestão???

TEMPOS NOVOS
Deputados estaduais ouvidos pela coluna não escondem que governo terá grande ($$$$) influência na escolha do novo presidente da Assembleia Legislativa. Esse tipo de interferência é cada vez mais assimilado como coisa normal.
Mas como não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe, a torre das vaidades, da corrupção, das mentiras deslavadas e do oportunismo nojento um dia vai desabar e toda a corja que lhe dá sustentação será soterrada. Aí, sim, não ficará pedra sobre pedra!

LÚCIA

Reafirmando a disposição de manter seu nome para a disputa da Assembleia, Lúcia Tereza, deputada eleita na região de Espigão, disse não acreditar que os deputados vão escolher os membros da nova mesa ficando de cócoras para imposição do Executivo e nem nas maracutaias do suborno. Ela voltou a afirmar que deputados farão valer a honorabilidade do cargo ungido pelos votos recebidos nas urnas de outubro passado.

Confúcio toma posse, mas pode não durar mais do que seis meses na cadeira, avalia jurista


MUITO PROVÁVEL

Perguntado pela coluna se acreditava que o governo reeleito de Rondônia, Confúcio Moura, corre o risco de perder o segundo mandato conquistado nas urnas neste ano, um septuagenário advogado que atuou em muitos casos rumorosos de políticos encalacrados na Justiça por (vá lá) participar de maus feitos na gestão pública abriu um largo sorriso e vaticinou: “é muito provável que sua permanência no novo mandato não dure nem os próximos seis meses do novo ano”.

Para esse experiente jurista, Confúcio toma posse (há muito pouco espaço para uma decisão da Justiça Eleitoral contra o governador eleito), mas vai continuar sofrendo a probabilidade de ir até parar na cadeia diante dos desfechos dessas operações de combate à corrupção na gestão pública rondoniense.

NO FOCO

Os órgãos de controle deveriam focar sua atenção nos gastos de publicidade dos governos estadual e do município (de Porto Velho) para descobrir como é alimentada (e muito bem) a chamada mídia amestrada em detrimento do estrangulamento econômico da mídia independente. Enquanto vai se revelando – através das investigações policiais com suas sucessivas operações – que parece não existir licitações sem propina em Rondônia; uma devassa nas contas de publicidade de ambos os governos revelaria um imenso gasto desnecessário, além de um ralo para garantir o enriquecimento rápido da máfia midiática existente para dar suporte e proteção às mazelas de gestores nada confiáveis.

SEM NOVIDADES

Militantes do campesinato rondoniense querem por que querem saber em que pé está a investigação (se é que foi iniciada) da segurança pública do estado para descobrir o paradeiro do camponês Luiz Carlos da Silva, que teria sofrido um sequestro no último dia 29 de novembro, no município de Monte Negro, localizado na grande região de Ariquemes. Luiz Carlos é uma das lideranças camponesa no Estado que, segundo se afirma, vinha recebendo ameaças de supostos grileiros.

NO MURO

Não é má vontade, posso garantir. Na verdade gostei de ver a avalanche de votos conseguidos por Mariana Carvalho nas eleições passadas, principalmente por destronar de seu posto a (lamentavelmente) mais uma vez reeleita Marinha Raupp.
Isso pelo fato de, até hoje, a mulher do senador Raupp não ter me convencido de que foi ou será essa brastemp toda da política do estado. Não conheço nada palpável feito no estado em virtude da ação política dessa deputada de Rolim, mesmo estando careca de ouvir essa ladainha da “destinação” de emendas para isso ou para aquilo.
Bem, pondo os pontos nos “is”, quero deixar claro que não votei em Mariana. Mas gostei de vê-la eleita. Sua equidistância dos acontecimentos do estado nesse momento me deixa, confesso – desiludido com sua atuação.

MANIA TUCANA

Nunca acreditei que essa linda e privilegiada moça tivesse um conteúdo político de verdade. Ora, mas não precisava revelar já, depois de receber dezenas de milhares de votos, a tendência de ficar em cima do muro.
Até parece que esse combate à roubalheira no governo rondoniense não chama sua atenção.
Pelo que li na mídia, está mais preocupada em defender um “programa para a Juventude”, coisa que certamente não vai distingui-la em Brasília.
Enquanto as próprias lideranças nacionais do partido tucano buscam firma a imagem de que agora o PSDB se engaja numa Oposição verdadeira, a linda (nova) parlamentar rondoniense sinaliza que prefere ficar no ninho. É uma pena essa decisão de ficar em cima do muro, lugar preferido dos tucanos ao longo dos anos.

ARROCHADO

Se antes das eleições o deputado estadual Zequinha Araujo costumava comentar que as denúncias contra o uso de servidores públicos na sua Associação Beneficente Zequinha Araujo (algo como sofisticado curral eleitoral) não chegavam a fazer nem “cosquinha” na sua carreira política, agora poderá chorar com a prática do assistencialismo.
Sem mandato e respondendo denúncias pela prática de corrupção, Zequinha (que ficou conhecido por sua predileção em esconder dinheiro na cueca) também pode ter de ressarcir os cofres públicos pelo uso ilegal de servidores públicos para o funcionamento de sua Associação. Isso sem falar da possível responsabilização criminal.
Sem o apoio recebido “de Executivos” amigos, Zequinha deve extinguir a Associação que tanto lhe ajudou nas eleições.

AINDA NÃO

O deputado Maurão de Carvalho ainda não desistiu de concorrer à presidência da Assembleia. A disputa de 2015 vai ser uma “luta de leão”. Maurão foi reeleito deputado estadual num grupo de oposição a Confúcio. Mesmo assim é apontado como o candidato da preferência do governador reeleito. Ele desconversa, mas não nega. Com o governador no centro do furacão ativado pelas operações policiais de combate à corrupção, certamente esse tipo de apoio vai virar anátema para quem, como Maurão, é pastor evangélico.

ESCLARECIMENTO? ONDE?
A nota de esclarecimento publicada pela assessoria do (ainda) senador Ivo Cassol é uma tentativa de escapismo inócuo. Quem manja do riscado jurídico não aposta nem uma pataca no mandato de Ivo. Ele não só está destinado à perda do mandato como, também, à perda (ou restrição) da liberdade e direitos políticos. Não adianta querer se enganar: Cassol está condenado. E não há como mudar isso.
Foi abatido em pleno voo por uma assessoria incapaz e por não gostar de ouvir conselhos.

PERSEGUIDOR

Li a nota do deputado Jaques Testoni, tentando livrar a cara do irmão (prefeito de Ouro Preto) preso na Operação Ludus. Ora, até parece que o MP anda pedindo a prisão de inocentes. Isso é simples truque de madame.
Na Assembleia, onde Jaques termina seu mandato, o que ouvi foi uma explosão de alegria. É que Alex patrocinou uma dura perseguição aos servidores estatutários da Casa, quando comandou a 1ª Secretaria. Ele criou uma espécie de “gestapo do ponto”, contra servidores estatutários. Aliás, Alex Testoni humilhou até os demais deputados, que foram obrigados a tolerar o seu bonezinho.

COISA NENHUMA

Valter Araujo não foi solto, como informou parte da imprensa de Porto Velho no dia de ontem. Na verdade a Justiça apenas mudou seu regime de prisão, diante de sua saúde precária. Agora o ex-presidente da Assembleia está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, mesmo durante o período de internação hospitalar. E dessa vez com monitoração especial. Assim, não poderá repetir a façanha de Mário Calixto, que fugiu do hospital e está hoje como refugiado na Bolívia.

DECISÃO ACERTADA

Deve merecer aplausos a decisão do Ministério Público de recorrer da sentença que condenou Gilvan Cordeiro Ferro, ex-secretário da Justiça rondoniense, pela prática do crime de lavagem de dinheiro, com uma sentença de apenas 3 anos. Precisamos torcer para que Rondônia adote a “tolerância zero” contra os corruptos existentes na administração pública. Um homem que fica milionário recebendo propinas e negociando favores com apenados do sistema carcerário não deve ser um exemplo de que o crime compensa.