Em Linhas Gerais: Com vitória no TSE, Confúcio pode agora lançar pacotão de corte no governo

Gessi Taborda

Publicada em 01 de October de 2015 às 13:35:00

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FILOSOFANDO

“A democracia é um erro estatístico, porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis”. Jorge Luis Borges (1899/1986), escritor argentino.

COMO DANTES

Setembro terminou e tudo continua como dantes, mesmo não sendo a prefeitura de Porto Velho o quartel de Abrantes! (em referência à tomada de Portugal por Napoleão, que mandou o general Jean Andoche Junot para Abrantes), onde nada mudou.

Depois de um longo e tenebroso inferno, ou seja, já no caminho do final do mandato, o prefeito Mauro Nazif anunciou que iria tirar as (péssimas, diga-se de passagem) empresas que atuam há décadas no transporte urbano de Porto Velho, trocando o monopólio do consórcio por outro, com uma nova empresa escolhida nas coxas, sem concorrência pública nacional, com a desculpa do caráter emergencial.

Pois bem, começa outubro o sistema do transporte continua a mesma porcaria de sempre e, pelo andar da carruagem, quando a “mudança chegar” (se chegar) lá estarão abrigados nessa espécie de casa da mãe joana em que se transformou a gestão pública, outros apaniguados, supostamente asseclas para bancar custos do próximo teatro eleitoral.

UM BASTA


A esperança é que no próximo ano a população demonstre nas urnas que sabe muito bem que a capital não pode continuar nem parecida ao “quartel de Abrantes”, se quiser superar as dificuldades que fazem dela uma das capitais mais escrotas do país.

Chega! Quem não tem competência que não se estabeleça! Esse episódio da troca das empresas (por apenas uma) no segmento do transporte urbano é uma demonstração de que a gestão portovelhense está no fundo poço. Foi o que disse na Assembleia Legislativa o deputado José Hermínio que, goste ou não dele, há de se concordar que é o nome mais destacado de oposição no estado. Hermínio é uma espécie de andorinha solitária, sempre colocando o dedo na ferida desses gestores (quaquaquaqua!) de meia tigela.

AUTOCRÍTICA

Os políticos dessa safra tem uma postura em comum: a incapacidade de fazer autocrítica de seus atos. Eles resistem a reconhecer seus erros, inclusive os pontuais e visíveis, preferindo a mania vesga de “enganar o bobo na casca do ovo”.
De Dilma Roussef ao governante de Rondônia é fácil constatar isso.

Enquanto a presidente insiste em que a causa de nossos infortúnios é a crise financeira mundial, que ocasionou o fim do ciclo das commodities. Em Rondônia o senhor Confúcio Moura continua culpando a higidez dos órgãos de controle externo por obras paradas (ou que nem saíram do papel) como o tal Espaço Alternativo, aquele monstrengo nas proximidades do Aeroporto Jorge Teixeira.

Dilma cala-se sobre quanto o seu governo abusou de uma bonança que teria de acabar. E Confúcio cala-se diante de nefandas práticas de superfaturamento, licitações direcionadas e do ralo por onde o dinheiro do estado vai enriquecer apaniguados ou para o custeio de campanhas eleitorais.

PACOTÃO

Se Confúcio Moura conseguir livrar-se da sentença de cassação do mandato da Justiça Eleitoral rondoniense, no processo que estava na pauta de julgamentos do TSE no dia de ontem, um novo pacotão com medidas para reduzir despesas do Estado poderá ser lançado agora no comecinho de outubro, de acordo com informe dado por uma fonte com trânsito nas cercanias palacianas.

O tal “pacotão” deverá, sempre de acordo com a fonte, pode incluir a extinção de pastas e cargos de recrutamento amplos. Terá de passar pelo crivo da Assembleia, onde o governo, claro, detém ampla maioria.

RODANDO O CHAPÉU

Prováveis candidatos à sucessão municipal, em todo o estado, não escondem a preocupação com os recursos para a campanha. Todos esperam que nessa onde de votação dos vetos do Dilma, seja possível recuperar a legalidade das doações de empresas, caso o Congresso derrube o veto presidencial.

Sem as empresas, os candidatos precisarão rodar o chapéu entre os eleitores e, sobretudo, reduzir drasticamente o custo do voto. Se mantida a decisão do STF os políticos terão pela frente o desafio assustador de com uma campanha até 60% mais barata, afinal, as doações individuais, fundo partidário e o próprio bolso, as únicas fontes legais de financiamento eleitoral segundo o STF, bancaram no máximo 30% das campanhas passadas.

PODEM FECHAR

O alerta foi feito pelo deputado Adelino Follador: frigoríficos rondonienses estão à beira de paralisar suas atividades. Isso é o reflexo da decisão do governo do estado em suspender as inspeções que vinha fazendo com seus técnicos. A situação se complicou, disse o deputado, com a demissão de médicos veterinários que atendiam pelo Idaron.
Se a redução das atividades dos frigoríficos do estado aumentar, Rondônia sofrerá um enorme baque no volume da exportação de carne e, consequentemente terá uma arrecadação perigosamente reduzida. Até agora, pelo que se sabe, o Estado não fez nada para realização de concurso público, como exige o Ministério Público Federal, para a contratação dos profissionais necessários a inspeção dos frigoríficos.

BARRA PESADA

Não sei como animar certos amigos e companheiros que já estão vivendo aqui mesmo em Porto Velho os reflexos do desemprego crescente. É difícil acreditar em medidas dos governantes locais para tentar virar esse jogo e, em nível de Brasil, essa patacoada de que a reforma ministerial e o ajuste (com CPMF e tudo mais) é a saída parece mais conversa para boi dormir.

Perdemos, até esse mês do ano, quase 1 milhão de empregos com carteira assinada; pagamos uma taxa básica de juros de quase 15% ao ano; o dólar é como uma sanfona entre R$ 3,80 e R$ 4,50. A inflação não dorme e cresce desordenadamente; não há investimentos públicovs destinados a pavimentar caminhos para que o Brasil encontre saídas de uma crise que se agrava a cada dia. Disso, claro, governistas de alto coturno, como Valdir Raupp não fala nada. É mais fácil ficar se escorando nas velhas e tradicionais promessas do tipo ferrovia transoceânica, pontes internacionais, etc, etc.

ILHA DA FANTASIA

E nesse sufoco todo o que se constata são os integrantes da classe política (especialmente aqueles com mandatos) usando uma tônica irreal. Deputados, senadores, prefeitos e até vereadores rondonienses parece enxergar-se na ilha da fantasia, onde não está o desemprego, a alta de preços, o enxugamento da atividade econômica, a burocracia burra e onerosa que dificulta e inibe o desenvolvimento.

Ontem na principal casa legislativa do estado, o que se ouvia era deputado torcendo por um resultado favorável a Confúcio Moura, anulando a decisão de cassação de seu mandato pelo Tribunal de Justiça Eleitoral, como se isso fosse a solução para Rondônia retomar o desenvolvimento em relação ao bem estar dos seus habitantes.

ADMINISTRAÇÃO COMPETENTE

Seja qual for o resultado da decisão do TSE em relação à cassação do mandato de Confúcio, não há salvação nem futuro em curto ou médio prazo para os rondonienses. Se os gastos públicos não forem administrados, se não promovermos a redução do tamanho do Estado, para que a desordenada majoração das tarifas públicas não siga sendo instrumento para engordar caixas e estimular a inflação, vamos inviabilizando por mais e mais tempo as potencialidades rondonienses.

Não há futuro se não tivermos produção com produtividade, com eficiência e competitividade. Não há futuro sem grandeza e responsabilidade. E foi exatamente isso o que revelou a denúncia do deputado Follador ao afirmar que por falta de competência de gestão estamos vendo os frigoríficos no limiar o fechamento de suas atividades no estado.