Em Linhas Gerais: Denúncias investigadas pelo MPF podem render dor de cabeça, mas a aposta é que tudo acabe em pizza

Gessi Taborda

Publicada em 20 de November de 2014 às 14:45:00

SÓ QUERIA ENTENDER

Um advogado de enorme relevância conversou com o colunista sobre os escândalos da Petrobrás e acabou chamando minha atenção para alguns aspectos desse lamaçal que, pelo visto, não está sendo devidamente explicado ou explorado pela mídia: “Como é que as auditorias, sempre atuantes e zelosas, não identificaram os inúmeros contratos de fachada que foram elaborados para justificar os pagamentos das propinas por parte das grandes empreiteiras?”.


ENGOLINDO ELEFANTES

“As auditorias das empresas implicam até em questões irrelevantes. No caso das fornecedoras da Petrobras, engoliram verdadeiros elefantes”. O advogado, que já foi até presidente da OAB local, pergunta como o fisco vai agir em relação a essas despesas fictícias contabilizadas pelas empreiteiras, pois acabaram reduzindo os lucros das mesmas e consequentemente foram recolhidos menos tributos.

Eu espero que a receita aja com o mesmo rigor que usa contra pequenos contribuintes que por de cá uma palha acabam sendo jogados na malha fina. Duro é acreditar que isso vá acontecer.


CAIXA DE PANDORA

Um assunto puxa outro: o que está sendo (ou será) feito para descobrir o tamanho do afano amplo – denunciado desde os tempos da eleição municipal – praticado por nomes importantes do comércio e da política com a sonegação fiscal. Será que a prática do crime contra as finanças do estado continuarão existindo de forma ampla e irrestrita para aqueles que se julgam blindados pela convivência amistosa com quem ocupa a posição de “tuxaua” no estado?

Se alguém tiver coragem de abrir essa Caixa de Pandora montada para sonegar, usando bases instaladas na quase isolada cidade de Guajará Mirim vai ficar assustado com o tamanho da sonegação de tributos no estado.


JUIZES HONESTOS

Bombardeado todos os dias por informações de casos de corrupção de todos os tamanhos, a gente acaba acreditando que parece impossível impedir que nosso tão amado Brasil consiga escapar da corrupção generalizada. Mas ao mesmo tempo resta-nos a esperança de que ainda há nesse país juízes e legisladores honestos mesmo que sua quantidade “dá para contar nos dedos”.


DENÚNCIAS DOCUMENTADAS

Em se tratando de Rondônia fiquei esperançoso, mais uma vez, de ver homens íntegros da Procuradora Regional Eleitoral, mostrar que por aqui a virtude, a honra e a lei não desapareceram ainda das nossas vidas.

É o que espero com a acertada decisão da investigação judicial eleitoral contra o governador Confúcio Moura e seu vice, Daniel Pereira por abuso de poder econômico e político nas eleições de outubro. As denúncias são várias e documentadas.

Pelos lados do Palácio, dizem os potins, Confúcio ficou atarantado com a iniciativa da PRE. Certamente, para salvar a pele (e o próprio mandato) deve empurrar as responsabilidades pela prática dos abusos para o colo de outras pessoas. Ele aposta, como disse um “aspone” palaciano, na história de que essas coisas “sempre acabam em pizza”. Até quando?


ESTILO DE DILMA

O governo Confúcio Moura sofreu daquela falha de origem comum aos políticos que querem ganhar “sempre”, mesmo quando cruzam as corredeiras dos tempos de derrota. Topam agir de qualquer maneira, não importando os limites da lei.

Confúcio relutou muito para aceitar a candidatura. Tinha uma enorme rejeição, estava numa baixa visível. Entrou no último momento da disputa e mostrou logo disposto a tudo para superar (com muito marketing e promessas) a fase de declínio. Se Dilma confessou numa de suas declarações que estava pronta para “fazer o diabo para vencer”, Confúcio também seguiu receita idêntica por aqui.


MATURIDADE POLÍTICA

Bom o resultado final foi esse: a vitória do continuísmo, essa doença das democracias infantis. Mas agora o governador sofre um sério risco se a Procuradoria Regional Eleitoral demonstrar de forma clara para o Judiciário o abuso do poder político e econômico. Ai o resultado final dessa longa história servirá para provar que mesmo em Rondônia a maturidade política está chegando como um fato irreversível.

Infelizmente é difícil acreditar em investigações que podem levar Confúcio a perder aquilo que já contava como uma vitória irreversível. Se a investigação anunciada pela PRE tiver o objetivo de por um ponto final na impunidade, Confúcio vai entrar num longo período de insônia e nem o Lexotan vai dar jeito.


ESCAPISMO


É mesmo lamentável essa prefeitura. Com que autoridade ela pretende motivar os jovens de Porto Velho “sobre os desafios da comunicação para o mercado de trabalho”? Uma prefeitura ausente de praticamente tudo em termos de estímulos à juventude (esporte, lazer, arte, cultura e outras coisas desse receituário) tem mesmo como atrair jovens para “despertar a busca constante de conhecimento sobre o que o mercado de trabalho exige” para fazer contratações. Prá mim, completamente descrente desse prefeito Mauro, isso tudo não passa de blábláblá para pagar (sabe lá quanto) ao “palestrante motivacional” Alexandre Porto (???) que falará hoje após as 18h30 no auditório do Sindicato do Comércio Atacadista de Rondônia.


ASFALTAMENTO
A prefeitura anunciou o término, ontem, das obras de asfaltamento do Bairro Mato Grosso. Com isso cerca de meio quilômetro de ruas esquecidas pelas administrações anteriores estão pavimentadas. Deveria ser motivo de regozijo. Mas se o asfalto for característico das gestões anteriores é melhor esperar para ver se o pavimento vai resistir a temporada de chuvas que está começando.


VAI DISPUTAR

E por falar em prefeitura de Porto Velho um novo nome pode ser acrescentado à relação daqueles políticos que pretendem disputar a sucessão de Mauro Nazif em 2016. Ontem o presidente do PSDC rondoniense, Edgar do Boi, afirmou que já está se organizando para entrar nessa disputa. Edgar não conseguiu se eleger para deputado federal. Considera ter sido vítima de traições de correligionários cooptados por concorrentes que derramaram dinheiro a rodo nessa disputa.


PRESENTÃO

Nem todos consegue compreender a derrota eleitoral como o (ainda) Senador Pedro Simon, do Rio Grande do Sul. De acordo com ele, a não reeleição foi um presente de Deus, pois não seria possível continuar na vida pública numa situação de “fundo do poço em termos de realidade ética, política e moral”. Simon também afirmou que, se as eleições fossem hoje, a presidente Dilma Rousseff não teria sido reeleita.


IGUAL O DIABO GOSTA

“Lixão da Vila Princesa vira local de desova de corpos”. “Nem casa de delegada escapa da ação dos ladrões”. “Corpo é trocado em funerária e família fica desolada”. Estes são alguns títulos de ontem mostrando o mundo cão em que a capital rondoniense está se convertendo. E bate o bumbo!