Em Linhas Gerais: Derrocada do petismo, a queda do desgoverno Dilma, as condenações decorrentes da mobilização de Procuradores e Juízes determinados revelam um novo país que começa a florescer

Gessi Taborda 

Publicada em 17 de November de 2016 às 09:18:00

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FILOSOFANDO

Quando eu era jovem, eu tinha muito medo de morrer, mas agora penso que é muito, muito sábio se preparar. É como uma luz que se extingue.” INGMAR BERGMAN (1918/2007), dramaturgo e cineasta sueco, dirigiu os filmes mais influentes e aclamados de todos os tempos, como Persona, Cenas de Um Casamento, O Sétimo Selo e Gritos e Sussurros.

 

REPÚBLICA IMPOSTA

E graças ao feriado comemorativo da proclamação da República, nossa desamada capital rondoniense viveu mais um período de verdadeira pachorra, com quase tudo parado e um comércio que nesses tempos de crise funcionou apenas pela metade.

A maioria das pessoas preocupadas em “curtir da melhor forma” o feriado prolongado nem sabia que no dia 15 comemoramos os 127 anos da implantação da República, um sistema que surgiu na história do Ocidente como uma grande utopia. O desejo era que os indivíduos se tornariam, no sistema republicano, cidadãos marcados pela igualdade.

No Brasil o regime republicano não foi uma conquista popular. Ele foi imposto no grito pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sem a adesão das massas urbanas.

 

DESIGUALDADE

A ideia republicana brasileira se confundia com a do confederalismo; com a entrega aos governadores do poder político e tributário aos governadores dos estados.

Pouco se falou sobre o cidadão, relegado a um segundo plano, sem políticas públicas específicas para alfabetizar os camponeses brancos, indígenas e afrodescendentes, sem bancos oficiais que dessem crédito para a emergência de um empreendedorismo urbano, sem a mínima canalização do orçamento para políticas sociais.

 

MANQUITOLAVA

No Brasil a democracia se mostrava manquitolante. E até hoje a República não chegou plenamente ao Brasil. O modelo republicano de nosso país não acabou com a sociedade profundamente desigual, pelo menos em termos econômicos. Comemoramos a data de aniversário do sistema político de igualdade, mas, é preciso reconhecer, nem de forma embrionária o país se tornou republicano de verdade. Falta muito para que todos sejam iguais perante a Lei.

 

ANDANDO AOS POUCOS

Diante de tantas frustrações e de tantos descréditos, estamos caminhando aos poucos. Há um longo caminho cultural para que o Brasil volte a se homogeneizar. Não em termos econômicos, mas em termos ideológicos, com mecanismos que permitam que todos, ao lado de suas crenças ou filiação, as minorias étnicas, religiosas e sexuais, sintam-se cobertos por um sentimento único de nacionalidade. Seria uma das maneiras de viver a República.

 

INTERESSE 

A existência das operações Mensalão e Lava Jato nascidas em função dos desmandos jamais vistos na história deste país, como na finada e não saudosa era lulopetista, propiciou movimentações sociais e políticas que de algum modo despertaram o interesse de uma parte maior da população sobre o que se passava e passa na vida nacional.

 

UM NOVO PAÍS

A derrocada do petismo, a queda, dentro da Constituição do desgoverno Dilma, os indiciamentos de diferentes cúpulas do PT e de Lula e familiares, as condenações e outros visíveis resultados decorrentes da mobilização popular nos anos anteriores, pela mobilização de Procuradores e Juízes determinados - tudo isso, além de outros fatores revelam um novo país que começa a florescer e que encontra nas gerações atuais um campo para florescer dentro de uma nova mentalidade.

 

VÍCIOS HISTÓRICOS

Apesar dos avanços – e são muitos – o país ainda padece de vícios históricos e institucionalizados: o aparato estatal, as máquinas dos poderes, é tido como pertencente aos seus controladores, dominadores, ocupantes e não ao povo brasileiro que por tudo paga com escorchantes impostos.

Prevalece enraizada na mentalidade dos ocupantes de cargos públicos, sejam eles do Poder Executivo, de Legislativo e do Judiciário, independentemente do escalão, mas de forma mais acentuada nos mais elevados, de que a coisa pública lhes pertence.

 

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

E, pior: são capitanias hereditárias e feudos de influência onde somente eles, os usurpadores legitimados em urnas ignorantes, mandam e desmandam no que pertence a cada brasileiro. Não é isso o que acontece aqui mesmo, na nossa Rondônia, como se viu agora nos acontecimentos vergonhosos de Vilhena? No geral, em se falando daquelas que estão no comando do poder ou simplesmente gravitando em torno dele, agem como aves de rapina que buscam freneticamente transferir de maneira ilegal o patrimônio público para seus patrimônios pessoais. E assim não é surpresa a anunciada decisão do Poder Judiciário em bloquear os bens, isso mesmo, de um Valdir Raupp, esse cacique do PMDB rondoniense que hoje, imagina-se, nem lembra mais seus dias de pobreza extrema.

 

POUCA VERGONHA

É indecente no Brasil, ainda mais na modernidade, a existência de uma mordomia paga com recurso do trabalhador brasileiro, mantendo no luxo a casta política, a partir de vereadores como acontece em Porto Velho. O que eles tentam fazer agora para aumentar seus estipêndios é uma clara comprovação da inexistência do sentimento republicano. 

É mais um tentativa de usurpação do que é coletivo para o individual. Agem como ocupantes de cargos que existem apenas para que seus membros – que deveriam ser probos e competentes – sirvam-se, como funcionários públicos, dos cidadãos que com seus impostos os sustentam.

O Estado existe como regulador social. No Brasil, onde ainda manda a carteirada do “sabe com quem está falando?”, o Estado existe para servir os ocupantes que deveriam ser passageiros nos cargos e se tornam permanentes, como passagem de pai para filho, e outros familiares.

 

SEM OXIGENAÇÃO

Políticos e governantes, integrantes dos demais poderes em cargos de maior destaque, tendo à sua disposição dinheiro público para gastos pessoais, moradias, veículos, funcionários, verbas, tudo, mostra um vício que corrói a capacidade de manutenção dessa absurda situação, corrompe e, ainda, impede que haja uma oxigenação e corte de custeio para melhorar as finanças públicas. Ou seja, a República ainda não se tornou uma realidade em nosso torrão.

PRIVILEGIADOS 

Os renans, os cunhas, as dilmas, os lulas, os raupps, os carlões, os cassols, parlamentares do tipo dos capixabas  além de bambambãs de outras instituições, para citar alguns e milhares de privilegiados que vivem à custa de status falso; alguns praticantes de enriquecimento ilícito, “donos” de mordomias que afrontam a pobreza dos brasileiros, precisam ser combatidos pelo lado sadio da sociedade brasileira, no investimento na educação e na formação política dos jovens brasileiros que serão as autoridades de amanhã.

 

NA CADEIA

Estamos andando, aos poucos, avançando, mas ainda há muita gente para ir para a cadeia e muito mesmo a mudar na mentalidade colonial da corte brasileira e das capitanias hereditárias disfarçadas como Rondônia e, de sua gente que ignora a política.