Em Linhas Gerais: Em debate pouco esclarecedor, temas espinhosos como o combate à corrupção foram deixados de lado

Gessi Taborda

Publicada em 09 de September de 2016 às 14:58:00

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FILOSOFANDO

As pessoas comuns preocupam-se apenas em passar o tempo; enquanto a pessoas que têm talento, em utilizá-lo.Arthur Schopenhauer (1788/1960) filósofo autor de “O mundo como vontade e representação”, filósofo alemão que introduziu conceitos do budismo na metafísica germânica. Schopenhauer acreditava no amor como meta de vida.

POUCO ESCLARECEDOR

O primeiro debate entre os sete candidatos a prefeitos de Porto Velho aconteceu no feriado da Independência, realizado pelo repetidor da Rede TV na capital rondoniense, conhecido como SGC, uma rede de emissoras controladas pelo cacique do PDT no estado, o senador Acir Gurgacz.

Pode ser que os candidatos participantes desse primeiro debate na TV evitaram o confronto direto por estarem apenas se aquecendo para os embates já programados nos outros canais de TV onde a audiência é historicamente maior.

O formato adotado pela TV com candidatos perguntando a candidatos foi, nos termos dos debates realizados pela mídia local ao longo do tempo, foi uma boa inovação. E mesmo assim a avaliação final é a de que o debate foi morno, como um jogo amistoso em que os concorrentes esperam mais conseguir um empate e conhecer melhor o adversário para definir as táticas dos encontros futuros.

O DE SEMPRE

E como se esperava, até os assuntos abordados foram os de sempre, como uma demonstração de permanência das mesmas deficiências da cidade ao longo das últimas gestões: segurança, saúde, educação, desenvolvimento econômico, meio-ambiente, mobilidade urbana...

Assuntos mais espinhosos, como combate à corrupção foram estrategicamente deixados para um plano inferior, como uma estratégia de “não agressão” a dois candidatos envolvidos no passado com investigações que resultou em um curto período de cadeia para ambos, além de várias condenações ao candidato do PT que, mesmo considerado ficha suja e (portanto) inelegível segue em campanha sustentando por liminar conseguida no judiciário.

TRANSPARÊNCIA

De maneira geral as respostas dos candidatos (dadas em 3 minutos) não apresentaram grandes novidades. Praticamente todos preferiram ficar na superficialidade dos temas, sem fazer grandes revelações, mas procurando encaixar sempre “transparência” como palavra de ordem, especialmente o prefeito Mauro Nazif que espera conseguir um novo mandato para continuar chefiando a prefeitura.

Não faltaram alfinetadas distribuídas entre si pelos concorrentes, como a dada por Pimenta de Rondônia, do PSOL, relembrando a fortuna queimada pelo atual prefeito “na contratação de artistas” do cast nacional, como Alceu Valença, apresentado numa “festa” realizada no Parque (???) das Cidades.

INCLUSÃO

Nem com essa “provocação” do Pimenta de Rondônia o debate esquentou. Ele se defendeu afirmando que sua decisão de contratar artistas de fama nacional pagos com o dinheiro público aconteceu dentro foi uma ação inclusiva para aqueles que não podem pagar ingressos para assistir “os grandes espetáculos” promovidos em clubes com artistas de renome nacional. A reação parece ter surtido efeito, pois o candidato do PSOL acabou confessando respeitar a “obra” de Mauro, enquanto se lamentava do demagógico profeto defendido pelo petista de transformar lagos das hidrelétricas em área de produção de pescado: “Ora, pescador não pode nem se aproximar das barragens sem correr o risco de levar pedradas” ou outras agressões para ser afugentado, bradou Pimenta.

SEM BRILHO

Quem assistiu as trocas de farpas entre os candidatos há de convir que faltou o brilho da singularidade política. A farpa mais dura foi a lançada pelo candidato do PSDB, Hildon Chaves. Ele aproveitou-se da provocação do petista sobre “a iluminação” da cidade relembrando que foi exatamente por agir sem transparência nesse negócio que Roberto Sobrinho foi parar na cadeia.

SOFRÍVEL

Outra farpa foi lançada pelo sorridente Leo Moraes (PTB) em direção a Nazif, lembrando que a rede básica de Saúde municipal não “tem nem Dipirona” enquanto lotes e lotes de remédios vencidos são jogados fora em Rondônia. Essa observação pretendeu também atingir o candidato do PMDB que, como se sabe, foi o Secretário de Saúde mais badalado tanto na gestão estadual do PMDB quanto na gestão municipal do PT.

De longe quem demonstrou mais conhecer das mumunhas da burocracia da máquina pública foi Williames Pimentel, comprovando a habilidade conseguida ao longo dos anos no exercício de cargos de relevo no setor púbico. Falou com a segurança de quem conhece as três dimensões do poder, especialmente quando abordou a questão do saneamento básico (praticamente inexistente na capital) deficiente de Porto Velho, onde quase metade da população não tem água tratada e a quase totalidade não tem coleta e tratamento de esgotos.

CATIMBAS & DESPREPAROS

É possível concluir algumas obviedades reveladas nesse primeiro debate: o despreparo do deputado Ribamar Araújo ao cometer o crasso erro de esquecer seu número de candidato a ponto de pedir voto “para o número 15”, que é o de Pimentel.

Já o candidato do sorriso permanente foi, sem nenhuma dúvida, o representante do PTB, Leo Moraes. Isso pode até não significar “carisma”, no sentido amplo da palavra, mas certamente dá a ele uma vantagem enorme no quesito “simpatia” se comparado ao carrancudo Williames.

Ficou clara a catimba do candidato do PT que, pelo visto, continua se postando de vítima e apelando para sentimentalismo barato quando algum concorrente mais infenso à sua verborreia lembra de suas muitas denúncias, investigações, processos e condenações na Justiça por (vá lá!) malfeitos ocorridos em sua longa gestão.

Roberto não aguenta críticas mais pesadas dos oponentes. Diante da crítica do tucano Hildon (que já foi membro do Ministério Público rondoniense), partiu para a argumentação sentimental, fazendo-se de vitimado e lamentando que o tucano “tripudiava” sobre o seu sofrimento e da família, apenas vítimas inocentes da visão do candidato 13.

LAXATIVO

Como sempre há gente da mídia imaginando que o primeiro debate da TV possa ter definido posições ou consolidado o estilo dos candidatos que sonham em chegar à prefeitura de Porto Velho no pleito de 2 de outubro.

A coluna não endossa essa linha de pensamento. Para este escriba o debate foi, no geral, uma modorra sem fim. Apenas mais um programa laxativo, sem a apresentação de argumentos convincentes e capazes de balizar uma diferença fundamental entre os postulantes.

Não houve frases a destacar, não houve um ataque de mestre. Todos falaram sobre a importância do eleitor levar em conta “o passado” dos candidatos. E mesmo assim, ninguém fez intervenções sobre o passado daqueles que estão na caça dos votos para se tornar prefeito da desamada cidade de Porto Velho.

Pode ser que o próximo debate mereça mais atenção, atraia mais audiência e prenda mais o interesse daqueles que ligarem a televisão para assistir o programa até o fim. Não foi o que aconteceu na noite de 7 de Setembro. Foi um debate sofrível, sem merecer muito esforço da crítica.

CAIXINHA

Pelos informes colhidos no âmbito da Assembleia Legislativa, nenhum parlamentar pediu licença, sem remuneração, do mandato para se dedicar integralmente à campanha de prefeito no estado. Nem aqueles que estão concorrendo pessoalmente como cabeça de chapa majoritária.

VOCÊ ESTÁ PAGANDO

Na largada da primeira campanha municipal com proibição de doações de empresas, os partidos abriram os cofres para socorrer os candidatos. As primeiras prestações de contas publicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que as direções nacionais e estaduais das legendas distribuíram R$ 16,6 milhões em recursos públicos, oriundos do Fundo Partidário.