Em Linhas Gerais:  Ex-prefeito apelidado pela população como “Prefeito Ali-Babᔠimagina uma volta triunfal ao poder, mas projeto esbarra no Judiciário

Gessi Taborda 

Publicada em 31 de May de 2016 às 10:55:00

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FILOSOFANDO

Não pode haver economia onde não há eficiência”. Benjamin Disraeli (1804/1881) foi político conservador britânico, escritor aristocrático e, por duas vezes, Primeiro-Ministro do Reino Unido.

DISTANTE

Na semana que passou a coluna aproveitou o Dia da Indústria para comentar o desinteresse até da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (a Fiero) em exigir um projeto de estado para o desenvolvimento de segmento industrial forte em Rondônia, como uma matriz geradora de empregos formais de que tanto os rondonienses carecem, tirando o protagonismo do próprio governo que é e deverá continuar sendo o grande empregador de Rondônia.

PUXAS-SACOS

Sempre interessados em maquiar a realidade, puxas-sacos do governo gostam de espalhar que o desemprego só existe em Porto Velho. Argumentam que a agropecuária é muito forte no interior e por isso lá não há desemprego. Conversa fiada. Os segmentos verdadeiramente geradores de empregos são a indústria e o comércio (serviços). Se juntarmos todos os empregos gerados em matadouros e frigoríficos existentes em Rondônia não equivalem nem mesmo a uma sessão de uma fábrica de uma indústria de porte médio.  

MASCARANDO

O sonho não é tão amplo como de ver o estado de Rondônia transformada em potência industrial, com um mercado interno expressivo e uma classe trabalhadora livre dos sobressaltos do desemprego, como acontece nesse momento até na indústria da construção civil, provando que o estado está vivendo uma recessão sem precedentes, debalde o esforço de propaganda oficial em mascarar essa situação.

ARES

O pacto bairro Flodoaldo Pontes Pinto (o antigo Calama) testemunhou sexta e ontem (segunda) a terrível situação de desemprego em Rondônia. Pelo menos umas 3 mil pessoas faziam fila indiana no bairro para entregar currículos e renovar a esperança de conseguir um emprego. A mesma situação dramática e humilhante acontece com frequência no Sine da capital. A maioria, é claro, sai dessas filas sem conseguir nada, só mais decepção com a incompetência dos governantes em implantar programas de atração de investimentos que gerem empregos formais.

HOMENAGEM

Nesta semana os deputados fizeram longos preparativos e salamaleques para homenagear (mais uma vez) o governador Confúcio Moura, esse personagem sobre o qual pairam várias denúncias de leniência (e até mesmo envolvimento) com atos de corrupção em sua gestão.

O governador, claro, ficou embevecido com as loas recebidas não só no meio político, mas também no próprio segmento da iniciativa privada, até mesmo da Fiero.

A ELITE NÃO QUER

A homenagem é a demonstração de que a transformação de Rondônia em estado pujante, com uma indústria capaz de atender suas necessidades de geração de empregos e, por isso, orgulhar toda a população não é o desejo de sua elite (???) política e industrial. O governador homenageado está chegando ao fim de sua segunda gestão sem concluir nada daquilo que tanto prometeu em investimentos de infraestrutura.

Os setores-chaves para alavancar o estado no rumo da vanguarda tecnológica da produção não avançou nada, mas a “elite” (local) continua agindo mais como a rapinagem que drena e saqueia os recursos do estado para encher o bolso de meia dúzia.

ESQUECIMENTO

É triste reconhecer que estamos vivendo ainda num estado em que a elite do dinheiro manda pelo simples fato de poder “comprar” as demais elites.

A conjuntura histórica não mudou em Rondônia, ou seja: o Executivo está nas mãos de interesses divorciados dos reais interesses da grande maioria da população.

BLINDADO

Um governo sempre blindado por uma imprensa (salvo as honrosas exceções) que age em conluio, promovendo o esquecimento dos espetáculos de corrupção dentro do governo, manipulando sempre em favor daqueles ocupam os espaços do poder sem nenhuma vocação democrática.

O governo que aí está e se prepara para mais uma vez receber a homenagem do Legislativo vai terminar o seu tempo com a mesma marca dos anteriores, a do adiamento (para não falar em derrota) do sonho de uma “Rondônia Grande e Importante”.

CONSCIÊNCIA

Esse conluio da “elite” com os governos fracos e incompetentes, traduzido de forma clara na imprensa domesticada, contribui para a falta de consciência de que a rapina selvagem é o fio condutor, o obstáculo que impede o estado de avançar em termos de qualidade de vida, de aprimoramento da política democrática, etc., etc.

E não adianta olhar de soslaio.

ABORTADO

Se não fosse assim, o processo de aprendizado ao longo de todos esses anos em que o rondoniense é chamado às urnas para votar em todos os cargos eletivos não teria sido abortado.

Isso mesmo, abortado. Ou existe outra explicação para o festivo noticiário de que (só para exemplificar) o clã Donadon, após todos os casos de corrupção que terminaram em cadeia, volta à disputa eleitoral apoiado por uma ruma de partidos e com amplas possibilidades de reassumir o poder no importante município do sul rondoniense?

A IMPRENSA

É graças a ação dessa imprensa a serviço do saque, interessada simplesmente no dinheiro público que jorra das fajutas campanhas de publicidade que políticos do naipe do ex-prefeito petista apelidado pela população de Porto Velho como “Prefeito Ali-Babá” imagina uma volta triunfal ao poder.

Com o conluio da mídia o personagem citado imagina que pode fazer novamente todo mundo de tolo, a ponto de comprar (talvez com dinheiro de Caixa 2) as esperanças de quem ainda sonha com uma Rondônia verdadeiramente desenvolvimentista.

DE SENADORES A DEPUTADOS

Os nomes mais lustrosos da política do estado rondoniense estão vivendo um momento de surpresa. A denúncia contra o senador Valdir Raupp, até recentemente o grande cacique político rondoniense, investigado agora de forma mais concreta pela Lava Jato e apontado ontem com um dos beneficiários dos esquemas antirrepublicanos no âmbito do Banco do Brasil deixa os rondonienses que pensam embatucados.

Parece que nossa classe política, com os seus nomes de maior peso, indo de senadores a deputados federais e vários estaduais (16 ex-deputados estaduais respondem à nova enxurrada de processos na Justiça); passando por prefeitos e vereadores, é vocacionada à corrupção desde o nascedouro.

PICARETAGEM

Raupp, Cassol, Donadons, Capixabas, Haroldos, Testoni, Mosquini, Carlos Magno, sempre conseguiram usufruir da “galinha dos ovos de ouro” , dividindo as fatias do bolo de um estado que mesmo com os imensos recursos à sua disposição ao longo dos anos não conseguiu sequer resolver problemas fundamentais como o Saneamento Básico, as rodovias e outros impeditivos ao seu pleno desenvolvimento.

Todos esses políticos (muitos até recebendo homenagens de instituições públicas) continuam fazendo as mesmas traquinagens de sempre sem nenhum temor. Eles acreditam que a mentalidade do rondoniense se moldou à picaretagem da cultura política tupiniquim.

VALE A PENA?

A política de Rondônia serviu de oportunidade para um bando de pés-rapados aqui chegados em busca do enriquecimento rápido sair da longa vida de miséria, tornando-se homens ricos (ou enriquecidos) como os próprios não esperavam conseguir em tão pouco tempo.

Alguns nesse momento estão com a pulga atrás da orelha. Foram com tanta sofreguidão ao pote que se tornaram alvos de investigações profundas, como é o caso da Operação Lava Jato, e hoje são sérios candidatos a encarar sentenças judiciais capaz de coloca-los na cadeia. Quem poderia imaginar que o humilde Valdir Raupp de menos 3 décadas pudesse hoje aparecer como cartaz importante nos vários episódios em que a Lava Jato denuncia políticos envolvidos em dinheiro sujo, propinas e corrupção.

Raupp é certamente um dos homens ricos de Rondônia, bem como grande parte de sua família e de sua mulher. Mas, pergunta-se: valeu a pena?