Em Linhas Gerais-Gessi Taborda

Nazif vai terminar o mandato devendo explicações sobre por que não conseguiu melhorar o IDH da Porto Velho, que continua entre os piores do país.

Publicada em 11 de August de 2016 às 10:20:00

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FILOSOFANDO

Os tolos dizem que aprendem com seus próprios erros; eu prefiro aprender com os erros dos outros”. Otto Von Bismarck (1815/1898), diplomata prussiano.

DEVENDO

Mauro Nazif, prefeito de Porto Velho, é médico. Vai terminar seu mandato neste ano devendo explicações sobre vários entraves que não conseguiu melhorar o Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH) da cidade que, após 4 anos continua entre os piores do país. Está devendo explicações sobre obras prometidas (muitas nem saíram do papel) e não concluídas, pouca transparência da gestão pública, péssimos indicadores de saúde, educação, segurança pública, mobilidade urbana, transporte coletivo, indícios de desvios (até nos gastos com efemérides e festas populares) e nos demais itens que compõem o IDH municipal.

OUSADO

Por se tratar de uma cidade da Amazônia, capital de um estado jovem como é Rondônia, desamada (até agora) por praticamente todos os prefeitos das últimas décadas, Porto Velho está à espera de um político capaz de entendê-la como maior clareza e, a partir disso, capaz de avançar no projeto de modernizá-la. A impressão é que a maioria de seus políticos, especialmente aqueles que já ocuparam a chefia do Executivo portovelhense estiveram (e estão) muito aquém da cidade e do que ela precisa para se tornar melhor para todos.

FALTOU

Até hoje a faltou a Porto Velho um gestor ousado, com competência técnica e coragem para administrá-la. O gabinete da prefeitura foi ocupado nos últimos anos por políticos com falta de equilíbrio e bom senso. A gestão atual – não tem como negar – é a mais desastrosa, responsável por mais quatro anos perdidos, difíceis de ser recuperados em apenas mais uma gestão.

TRESLOUCADO

Diante dessa gestão que será lembrada principalmente pela implantação da aberração visual na sinalização semafórica de Porto Velho os eleitores poderão optar nesse ano, quem sabe, por um político tresloucado, cujo o maior mérito até agora foi o de desempenhar o papel de alpinista típico e conseguir assim os cargos mais rentáveis através da mera indicação dos caciques partidários.

Se mais uma vez essa escolha eleitoral acontecer, mais uma vez a cidade estará convivendo com a ameaça real de conluio entre políticos e empresários e (Deus nos livre disso!) a corrupção será novamente um fato impedindo a melhoria da qualidade de vida dos habitantes portovelhenses.

FALTA DE VISÃO

Os exemplos de que a gestão da capital rondoniense é determinada por um político com falta de visão estão por todos os lados. Como acreditar em desenvolvimento quando o crescimento urbano de Porto Velho continua desordenado e à mercê da especulação imobiliária, ocorrendo sem a preocupação com os problemas variados, como a água, o transporte, o trânsito.

MÃOS INSANAS

Precisamos de um prefeito que enxergue o futuro; de uma cidade com trânsito menos concentrado, com ruas mais largas, com calçadas decentes para pedestres, com pontos de ônibus respeitosos, com transporte coletivo adequado (menos lotado e mais frequente, com segurança para seus usuários), com praças de convivência limpas e atraentes, com cursos de água despoluídos e fartos.

Essa Porto Velho só surgirá se a administração da cidade escapar das mãos insanas dos políticos de hoje, mais preocupados em garantir o enriquecimento rápido de seus familiares e do pequeno grupo de áulicos colocados nos cargos mais importantes para promover a roubalheira generalizada.

O PERFIL

Porto Velho precisa de um prefeito que a reponha nos eixos, que tenha coragem de enfrentar certos poderes, que se julgam acima das leis — diga-se que, eventualmente, até fabricam-nas. No momento, em termos eleitorais, há pelo menos dois postulantes aparentemente com essa ousadia.

Hildon Chaves e Leo Moraes ainda estão ilesos do circo insano da política. Mas ainda não caíram nas graças do eleitorado. Precisam para isso detalhar mais seus projetos, suas propostas.

O que Porto Velho não precisa mais é do que ai está: gestores incapazes de fazer uma administração criativa, com ousadia e exemplar.

Não precisamos mais de prefeito que a despeito do aumento exagerado em sinalização semafórica não organizou o trânsito e nem promoveu a reordenação do espaço urbano.

FINALMENTE

A decisão do Senado com o resultado da votação colhida na sessão que só terminou na madrugada de ontem transformou a petista Dilma Roussef (ainda presidente afastada) em ré no processo de impeachment. A cassação da petista se aproxima da hora final, quando o plenário do Senado decidirá pelo seu afastamento definitivo ou não da Presidência da República.

A votação só acontecerá no plenário após o dia 25. Enquanto isso, o país permanece em suspenso, sob um governo interino, que é tolhido em suas decisões, embora seja obrigado a atender às mais diferentes pressões, para não criar grandes impasses.

AJUSTE FISCAL

Essa situação tem reflexos especialmente na política econômica, cujos executores não conseguem fechar a torneira dos gastos, colocando em risco o ajuste fiscal que o governo pretende implantar. A votação do impeachment é decisiva para encerrar essa provisoriedade do poder, dando efetividade a projetos como a renegociação da dívida dos Estados, o teto dos gastos e a reforma da Previdência. O Brasil aspira por superar essa fase para que possa se preparar para as eleições de 2018, quando projetos deverão surgir, depurados dos vícios de modelos anacrônicos.

FUMACÊ

Os dados do Programa de Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais registram aumento de 65% no número de incêndios no país em 2016 em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com o Inpe, a temporada de queimadas no Brasil ainda está no início, com pico previsto para setembro.

MAURÃO

Registro e agradeço à manifestação do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Maurão de Carvalho, com as felicitações pelo meu aniversário, ocorrido ontem.

PESAR

Ainda estou consternado com a morte prematura do jornalista Carlos Neves, ocorrida no dia ontem. Foi o acontecimento destoante do dia do meu natalício, quando também participei da justa homenagem ao nosso decano Euro Tourinho, personagem vivo do livro de Silvio Persivo, com a presença de importantes artistas rondonienses.

Tudo estaria perfeito se não fosse a partida precoce do meu amigo Carlinhos, um dos mais experientes profissionais da imprensa rondoniense.

Vou lembrar sempre de seu jeito manso de falar, de sua inteligência ímpar ao elaborar seus textos com olhar crítico das questões da política estadual, ao longo de sua atividade no Departamento de Comunicação da Assembleia Legislativa.

Esse colunista sente-se orgulho de ter convivido com Carlinhos Neves por tantos anos. Aos amigos, à sua esposa e demais familiares do jornalista que nos deixou ontem, o meu mais profundo pesar e a minha total solidariedade.