Em Linhas Gerais: Gestores seguem os passos da relativização da regra e dispensam licitações indispensáveis

Gessi Taborda

Publicada em 15 de March de 2016 às 10:12:00

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FILOSOFANDO

“A história do Brasil dá a ideia de uma casa edificada na areia”. Capistrano de Abreu (1853/1927), historiador e literato brasileiro nascido em Maranguape (CE).

MAURÃO NO PMDB

Não será possível fazer na coluna de hoje um detalhamento sobre a mudança de partido do presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho, acontecida ontem. Isso em função do horário em que aconteceu o ato de sua adesão ao PMDB, após o fechamento dessa Em Linhas Gerais.

Depois de anos gravitando na órbita do (ainda) senador Ivo Cassol o deputado decidiu entrar no partido do governador Confúcio Moura, o PMDB. Agora Maurão vai conviver com o caciquismo chefiado por Valdir Raupp – que também já foi governo – o senador colocado na alça de mira da Lava Jato e que passa a responder processo determinado pelo STF.

JUSTIFICATIVAS

Maurão recebeu propostas de várias siglas antes de decidir-se pelo PMDB. Para alguns analistas da política local a opção pode se revelar, com o tempo, um novo equivoco mas o deputado está convencido do contrário: “não se constrói um projeto político cujo o objetivo é chegar ao governo do estado em 2018 num partido de pequenas proporções”, disse o próprio Maurão recentemente à coluna.

Maurão é um homem de fé. Primeiro acreditou numa candidatura desse nível nas eleições passadas e acabou sendo rifado por Ivo Cassol que preferiu ungir a própria irmã, Jaqueline, ao mesmo tempo que colocou a própria mulher, Ivone, na disputa para o Senado.

MUITO CUIDADO

Certamente pelo cargo que ocupa hoje, Maurão deve ter analistas políticos de ponta assessorando-o. O tempo dirá se tem razão de acreditar não estar correndo novamente riscos para sua maior aspiração ao entrar num partido com tantos caciques.

Quando a política demanda decisões recheadas com a fé, é preciso ter muito cuidado. Afinal, nomes importantes e históricos do próprio PMDB se deram mal ao acreditar no roteiro feito por seus maiores caciques. Não é preciso muito esforço para citar um exemplo: Amir Lando, sempre colocado para escanteio quando almejou ser o candidato do partido ao governo do estado ou mesmo da prefeitura de Porto Velho.

HOMEM DE RELIGIÃO

O presidente da Assembleia é político calejado com os vários mandatos conseguidos na vida. Certamente deve ter aprendido com a história que no meio político a palavra de honra, o cumprimento de acordos cai cada dia mais num cotidiano de costumes corroídos.

Ator importante no mundo da religião, Maurão de Carvalho deve saber que a adoração desse momento em que assina a ficha do PMDB pode muito bem deslocar para outro personagem se os interesses dos caciques da sigla mudarem. Tomara que o agora neo-peemedebista lembre-se de sua experiência recente, não se esquecendo que rebaixar a política nunca é uma boa idéia para o futuro.

PIOR QUE MADURO

Sei não, mas imagino que Dilma Roussef e o PT, começam esta semana pior do que o Maduro (o ainda presidente da Venezuela) e o seu bolivarianismo. Agora a tal “presidenta” não tem o mesmo apoio daquilo que se chamava sua base de sustentação e nem poderá contar com Lula, alquebrado pelo movimento de protesto do domingo.

O colunista saiu da manifestação crente de que a transparência nos órgãos públicos e na política terá de avançar, inclusive em Rondônia, onde o povo não quer apenas o fim do petismo. Querem, também, ver os corruptos, de fato, punidos; exatamente o contrário do que fazem os petistas lançando o retorno de seu símbolo maior da roubalheira do passado recente na prefeitura da capital. O povo não quer ver Roberto no Executivo de novo. Quer vê-lo é condenado e preso.

DEMOCRACIA APARENTE

Um país que não produz suas leis pelo processo regular (projetos de lei apresentados por quem tem competência para apresentá-los, discutidos amplamente no seio do Parlamento e seus órgãos, votados nas Casas respectivas, se aprovados remetidos ao Chefe do Executivo para sanção ou veto, promulgação, publicação e ainda possibilidade de nova manifestação parlamentar em caso de veto), é só aparentemente democrático.

Medidas provisórias, diz o texto constitucional, só cabem em caso de urgência e relevância. Nossa Suprema Corte banalizou esses conceitos. Os administradores diretos e indiretos seguiram seus passos, dispensando licitações indispensáveis e semeando corrupção generalizada. Não foi democrático um país em que a corrupção correu solta.  

ESTERTORES

Essa dificuldade do PT em aceitar o resultado das manifestações do povo não é uma característica local. E assim o partido anuncia a próxima sexta-feira como o dia da resistência. As manifestações de apoio a Dilma e Lula acontecerão no próximo dia 18 e Lula confirma presença junto aos petistas de São Paulo, na avenida paulista.

Em Porto Velho não se informou onde a tal “demonstração” de que o PT não está morto e “nem em seu estertor” irá acontecer. Mesmo sem informar o local onde o ato vai acontecer, fonte petista garantiu “a presença do padre Tom, de Itamar da CUT e de Mariton Benedito de Holanda e Roberto Sobrinho” animando “a militância”.

VIROU SINÔNIMO

A presença de milhares de portovelhenses na manifestação de domingo demonstra como o partido de Lula, Roberto Sobrinho e Dilma, está na lona. Aquela multidão presente no Espaço Alternativo deixou claro que a maioria dos moradores de Porto Velho considera o PT nos dias de hoje como sinônimo de corrupção. Assim, nem com todo o esforço de seu braço sindical (incluindo a CUT) e de movimentos como MST será fácil para o PT realizar uma grande manifestação em Rondônia.

PODE DESISTIR

O PT dessa turma que volta a defender o lançamento de Roberto Sobrinho como candidato a prefeito de Porto Velho provoca repulsa. E assim não será novidade nenhuma se “os organizadores” do evento desistirem diante da dificuldade de conseguir quórum para uma manifestação que não seja ridícula.

ESCONDIDOS

Os principais políticos rondonienses preferiram esconderem-se a participar das manifestações contra o PT, Lula e Dilma, realizadas no último domingo em Porto Velho e outras cidades do estado. Nem os nomes de maior destaque apontados como pré-candidatos ao pleito desse ano compareceram. Apenas o pré-candidato Edgar do Boi, do PSDC, foi visto circulando na concentração do protesto.  

A manifestação foi um sucesso de público, mas não atraiu gente como Mariana Carvalho (PSDB) ou como Odacir Soares. Aliás, o ex-senador apontado como pré-candidato à prefeitura de Porto Velho nem ao menos determinou a cobertura jornalística dos eventos pela sua rede de emissoras de rádio.

DO LADO DA VACA

Em Porto Velho não se viu nenhum deputado federal ou estadual participando da manifestação. E muito menos vereadores que, como se sabe, pretendem disputar a reeleição nesse ano.

Mas o que era de se esperar? Políticos rondonienses não costumam apoiar as manifestações do povo ou se somar a movimentos pedindo transparência no setor público ou de combate à corrupção. Eles estão acostumados a ficar sempre do lado que a vaca deita.