Em Linhas Gerais: Não existe clima de confronto entre os candidatos a prefeito, que estranham o jeito quase franciscano de fazer campanha imposto pela lei

Gessi Taborda

Publicada em 23 de August de 2016 às 11:04:00

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FILOSOFANDO

Não posso, através de uma lei, fazer com que uma pessoa me ame; mas posso impedir que ela me linche”. Martin Luther King (1929/1968), negro e líder antirracista nos Estados Unidos.

FRAGMENTOU

O cenário político da capital rondoniense, agora em plena disputa pela sucessão municipal, está como nunca se imaginou no passado recente: incomum. São sete os candidatos na disputa pelo comando da prefeitura da capital mais escrota do país e mesmo assim não existe clima de confronto (ainda), embora já seja possível identificar uma candidatura fadada ao aborto, sem votos, sem discurso, sem militância. Só podia ser de um partido sem futuro algum, como só em ser a sigla inventada por Luiza Helena, a alagoana que já está em outra há muito tempo.

Só uma coisa é certa no teatro eleitoral desse ano: a fragmentação como regra, o que impede as disputas entre nítidos blocos de poder.

DESCONHECIDO

A pouca ou quase nenhuma movimentação política do primeiro final de semana em que a propaganda foi liberada para acontecer nas ruas mostrou que os candidatos posto do maior Executivo municipal do estado ainda não descobriram como superar os obstáculos da campanha mais curta, com mais restrições à propaganda eleitoral e às doações financeiras.

Acostumados a pedir votos com a ajuda do marketing e dos grandes veículos da mídia, dos orçamentos vultosos das campanhas, com a profusão da parafernália dos carros de som (trios elétricos), enormes carreatas e muitos outros instrumentos que o dinheiro pode pagar, até esse momento os candidatos à prefeitura de Porto Velho ainda agem diante do desconhecido. Por isso nenhuma campanha decolou de verdade.

REDES SOCIAIS

A aposta nas redes sociais tem se destacado como preferência de alguns candidatos, sobretudo por meio de vídeos de curta duração. É preciso notar, entretanto, a ausência de importantes nomes na utilização desse expediente, o que indica que sua escolha não é consenso. E até os vídeos veiculados são de baixa qualidade, assim como as mensagens enviadas pelas redes sociais aos eleitores. O desafio de se alcançar o eleitor, o mais tradicional da democracia, persiste.

NO COMÉRCIO

Somente uma em cada quatro empresas entende que mídias sociais colaboram para o desempenho da empresa como um todo.  Os dados são da pesquisa CMO Survey, realizada duas vezes por ano desde 2008 pela Universidade Fuqua School of Business, Associação Americana de Marketing (AMA) e Deloitte. Numa das questões, o estudo perguntou aos entrevistados “em que medida o uso de mídias sociais contribui para o desempenho da sua empresa?”. As empresas responderam numa escala de 1 (nem um pouco) até 7 (contribuiu muito). A soma entre os que atribuíram 5, 6 ou 7 pontos é de 25,1%.

OS JOVENS

O horário eleitoral gratuito começa nesta sexta-feira (26). Além de investir na produção de conteúdo para TV e rádio, muitos candidatos irão apostar na internet. Não estão errados.

De acordo com o Estudo Geral de Meios (EGM), da Ipsos, a TV e a internet aparecem quase empatados quando o assunto é influenciar a opinião pública. Entre os entrevistados, 77% reconheceram o poder da TV e 76%, o da internet. Na sequência, aparece o jornal (66%) e o rádio (61%). Revista vem como a última opção, com 48%. Para o público jovem (18 a 24 anos), o meio perde para a internet.

SUPEROU

É certo o evento das Olimpíadas desse ano no Rio, mostrou a capacidade dos brasileiros em realizar eventos de caráter mundial. As cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas Rio 2016 foram quase impecáveis, superando as melhores expectativas dos brasileiros. O evento nada deixou a dever às anteriores em relação aos resultados, com novos recordes mundiais e olímpicos, qualidade da competição, da disciplina e das arbitragens.

OUTRO LADO

Mas é preciso ver o outro lado da moeda, a do impacto esportivo da gestão do COB onde reina o sr, Nuzman por décadas. E desse lado da moeda o resultado, para não se utilizar a palavra fracasso, foi no mínimo pífio. O Brasil ficou no mesmo patamar alcançado em Londres, ou 19 medalhas. O grande objetivo do COB era estar no TOP 10. O Brasil ficou em 13º lugar. Com os recursos do COB, através da Lei Piva (244 milhões em 2015), dos patrocínios de empresas estatais, é inevitável responsabilizá-lo pelo fracasso esportivo.

DISTANTE

A realização das Olimpíadas no Brasil custou bilhões de reais e boa parte disso foi dinheiro público, com a participação de empresas privadas na modalidade de patrocínio. Como registrou Ancelmo Góis, em  O Globo, só em 2015, segundo dados da Secretaria do Tesouro, os governos federal, estaduais e municipais gastaram com “desporto e lazer” R$ 7,2 bilhões em 2015. E mesmo assim o país está longe de ser uma potência olímpica.

FALTOU DESTAQUE

Excetuando-se o quase centenário Alto Madeira, os demais veículos da mídia impressa não deram o destaque merecido à nova denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual, através do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) contra o ex-prefeito Roberto Sobrinho (PT) e sua mulher Lucilene Peixoto dos Reis, pela prática de crimes contra a lei de licitações e também por falsidade ideológica no Escândalo do Papai Noel como foi chamado o “Projeto Natal de Todos” que a gestão do petista inventou com a desculpa de ornamentar a cidade no período de natal.

OUTRAS AÇÕES

Além de Sobrinho, também foram denunciados pelo MP ex-secretários da gestão do petista, bem como empresários e outros funcionários públicos. A denúncia praticamente chegou à Justiça no exato momento em que o MPE decidiu pedir a impugnação da candidatura de Sobrinho, considerando que ele ainda cumpre sentença de inelegibilidade.

No caso do ex-prefeito, ao seu calvário se soma algumas condenações em grau de recurso enquanto outros feitos judiciais estão em plena tramitação. Apostar num final feliz para essa liderança petralha é jogar fichas num palpite infeliz.

INEVITÁVEL

O mês de agosto está chegando ao fim, com o acontecimento de fatos históricos. E um deles, que não será esquecido pela história brasileira é ponto final da carreira política de Dilma Roussef, o “poste” inventado por Lula.

Eleita por 54,5 milhões de brasileiros, a “presidenta” deixará o cargo por vontade de cerca de 60 dos 81 senadores e das multidões que foram às ruas pedir melhores condições para manterem emprego, renda e inflação sob controle.

CHORO

Dilma cairá porque não soube negociar, não ouviu nem mesmo aliados e tomou decisões erradas que provocaram a depressão econômica. Utilizou de artifícios que não se encaixavam nas regras contábeis.

No discurso que fará no próximo dia 29 certamente irá se emocionar. Não porque isso foi discutido com assessores, mas a situação delicada em que se encontra poderá lavá-la às lágrimas. No meio político o afastamento é dado como certo. Até mesmo o ex-presidente Lula aventa a possibilidade.