Em Linhas Gerais: O espetáculo deprimente da coletiva de Confúcio: uma fala amorfa combinada com a docilidade de parte da mídia

Gessi Taborda

Publicada em 22 de November de 2014 às 07:10:00

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DÚVIDA CRUEL

É legítimo um governo eleito com base em mentiras? E reeleito que esconde dados oficiais e a sujeira da corrupção para proveito próprio? É estarrecedor que esse homem tenha conseguido ganhar um novo mandato.

ESSA É A REALIDADE

Parece que Rondônia ainda não se deu conta do tamanho do problema que o escândalo da Operação Platéias vai causar. A permanência do governador Confúcio Moura no comando do estado na vai abrir caminhos para futuras gatunagens? Lamentavelmente é mais fácil acreditar que tudo “como dantes no quartel de Abrantes”. Tomara que não!

COMPROMETIMENTO INEGÁVEL

Depois desse primeiro lance da Operação Plateias em Porto Velho, determinando a prisão de homens públicos importantes do governo rondoniense e – verdade seja dita – conduzindo o próprio governador Confúcio Moura debaixo de vara para a Superintendência da Polícia Federal em Rondônia, não há como negar que a lisura e a respeitabilidade da gestão de Confúcio está irremediavelmente comprometidas.

As investigações para o lançamento dessa grande operação policial concluíram que verdadeiramente houve corrupção no governo do peemedebista Confúcio, contaminando quase todas as Secretarias de Estado. Certamente, como explicou o próprio superintende da PF em Rondônia, resta agora só chegar aos detalhes da prática criminosa da quadrilha para individualizar criminalmente a responsabilidade de cada um.

REI DA DISSIMULAÇÃO

Foi um espetáculo deprimente aquele mostrado pelas TVs rondonienses. Não foi, como se esperava, uma entrevista coletiva. Simplesmente o governador Confúcio, depois de ficar seis horas prestando depoimento na PF, aproveitou a TV e outros veículos da mídia amestrada para dar seu show de simulação, como se estivesse deixando o prédio da PF não como um suspeito, mas como uma espécie de colaborador das investigações da Operação Plateias.

Não é nada disso: Confúcio foi levado à PF como um suspeito. Na TV se comportou como se fosse um tiranete fanatizado que crê de verdade na blindagem política, se esquecendo de que a lei é feita para todos. Ele exibiu o sorriso de quem não acredita no que está por vir.

É como disse ontem o deputado José Hermínio, quando alertou a Assembleia a tomar uma decisão para livrar o Estado de tanto opróbrio: “Rondônia não merece ter novamente um governador mentiroso, dissimulado, fraco e corrupto”.

MILHO AOS POMBOS
Certamente a maior parte da imprensa rondoniense (jornalões e tvs) não vai informar bem a população. Como eu sei? Ora, isso tudo acontecendo e as edições da mídia ontem nem sequer trataram do assunto em seus editoriais. Essa tal de “grande imprensa” sabe a muito tempo que a gestão (???) de Confúcio é uma farsa. Acontece que todo mundo leva o seu alto cachê para o complô do silêncio. Agora, quando a casa está na iminência de cair pode ser que alguma coisa mudará no comportamento da mídia tupiniquim. Pelo menos passam a reproduzir ou refletir o noticiário dos grandes jornais da mídia nacional.

E ELE É MÉDICO

Como um sujeito que é medico vira governador e não demonstra qualquer afinidade com a área de Saúde. Essa conversa de que a Saúde rondoniense melhorou foi apenas cascata eleitoral. A saúde pública continua ruim no que se refere ao atendimento. Confúcio deu tanta importância à Saúde até agora que sempre nomeou para a pasta gente sem nenhuma afinidade com ela. Daí ser fácil entender porque a Saúde aparece como um dos maiores focos de corrupção em seu governo. As investigações em curso vão mostrar isso.

É claro que muitas outras secretarias desse lamentável governo, como a de Obras e seu envolvimento com empreiteiras e até a Educação que supostamente é outra praça para garantir bons “negócios” estão debaixo dos holofotes da PF. Não é a toa que no comando dessa pasta também está um moço sem qualquer afinidade com a Educação.

PÂNICO
Até poucos dias antes da decisão de Batista a maior parte dos “falcões” palacianos não botavam vem na delação premiada. Atingido em pleno voo, o ex-secretário adjunto da Saúde passou a sofrer a angústia da solidão, abandonado por todos os coletores das propinas. E o resultado da sua “delação premiada” deu na Operação Plateias que certamente está pondo em polvorosa a plateia do teatro do absurdo em que se converteu a primeira gestão de Confúcio.

Era possível ouvir afirmações de governistas sobre “o verdadeiro pânico” de políticos do PMDB e da base do governo com a possibilidade de “novas delações premiadas” de gente do andar de cima que estão no xilindró da Polícia Federal.
A delação premiada, instituída no Brasil em 1999, negociada em favor das investigações, serve para reduzir em muitos anos a cadeia de quem participou das ações da quadrilha. Quem foi do alto escalão do governo sabe disso e pode negociar a delação premiada, contando tudo que sabe.

FICOU CLARO
A coluna não se surpreendeu com essa nova operação policial. Esse fato já tinha sido previsto aqui há algum tempo. A ação de levar o governador coercitivamente para depor (e foram cerca de 6 horas a duração do depoimento) praticamente aclara essa triste realidade: Rondônia nunca teve um governador tão responsável e ímprobo como esse que (lamentavelmente) foi reeleito. Aparentemente ele não vai se importar, no próximo mandato, com a corrupção. É vergonhoso para Rondônia e revoltante para a sua população séria.

VACA NO BREJO

José Hermínio, o presidente da Assembleia e deputado reeleito reuniu a imprensa ontem para falar sobre uma representação popular entregue em seu gabinete pedindo providências do Legislativo para afastar o governador em consequência de seu envolvimento na corrupção investigada pela Operação Plateias.

Hermínio – o maior crítico de Confúcio em toda essa legislatura – recebeu o documento e prometeu dar o encaminhamento regimental. Mas o próprio José Hermínio acabou demonstrando acreditar que “a vaca foi prô brejo, já que Confúcio tem maioria folgada na Casa” onde ninguém conseguiu investigar suas transgressões as leis, ou responsabilizá-lo. Essa maioria impediu, como lembrou, que fosse instalada uma CPI proposta por Hermínio, contra o governador.