Em Linhas Gerais: Onda de boatos inaugura guerra suja para se vencer a disputa eleitoral no segundo turno

Gessi Taborda 

Publicada em 05 de October de 2016 às 10:39:00

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FILOSOFANDO

“Não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo.” Manoel de Oliveira (1908/2015), cineasta de Portugal. Foi considerado mestre em direção, e roteiro.

NEGAÇÃO POLÍTICA

Nem sempre a leitura do desfecho eleitoral corresponde à realidade. É possível ouvir entre tucanos vitoriosos no primeiro turno aqui em Porto Velho explicações nada convencionais para o sucesso eleitoral do ex-promotor Hildon Chaves, autor da mais surpreendente virada eleitoral dos últimos tempos em Rondônia.

Dizem que o sucesso eleitoral foi o reflexo de seu discurso de negação política durante a campanha. Certamente houve também o peso da utilização inteligente da Internet para chegar principalmente ao grande número de eleitores desencantados com a classe política de um modo geral. E não se pode esquecer-se do valor agregado que teve com o candidato a vice (Edgar Tonial do Boi) bem popular e sem mácula ética na vida pública.

IMAGEM DE EXECUTIVO

Embora não tenha disputado jamais um pleito eleitoral, Hildon Chaves foi beneficiado por seu perfil de empresário de sucesso, de personalidade forte (ao contrário de Leo Moraes, não foi o homem de sorriso fácil) que soube explorar como trunfo a inexperiência política, enquanto o prefeito derrotado se vangloriava das décadas no exercício de mandatos eleitorais.

Não há dúvidas: durante todos os debates na televisão Hildon soube exibir uma autoconfiança que os demais concorrentes não tinham.

Os principais perdedores mostraram-se arrogantes perante o público, notadamente o próprio Nazif e o inelegível candidato do PT. Claro que houve uma exceção: Ribamar Araújo. Este não chegou a ser caricato, mas não conseguiu ser incisivo em nada, apenas no autoelogio como se fosse o único homem ético do mundo político.

ONDA DE BOATOS

Já era esperada essa reação. Ontem o candidato a vice-prefeito na chapa de Hildon Chaves confirmava “a onda de boatos” espelhados nas redes sociais com o objetivo de desestabilizar o favoritismo de sua chapa na disputa pela prefeitura da capital rondoniense.

E os boatos não ficam apenas em invencionices de caráter político, indo ao nível da sarjeta, com bizús criados para denegrir a vida pessoal de Chaves.

Isso é uma reação idiota daqueles surpreendidos com o favoritismo do candidato tucano no primeiro turno. Essas maledicências fortalecerão ainda mais a tendência de adesismo dos eleitores cujos candidatos ficaram fora da disputa final em favor da dupla Hildon/Edgar.

OUTRA CAMPANHA

Para nós acostumados a cobrir disputas eleitorais não resta dúvida sobre essa disputa final. Trata-se de uma nova eleição. O objetivo principal é atrair votos dos derrotados. E assim, dessa vez teremos uma campanha muito mais densa, como não se viu no primeiro turno.

Com tempo maior na televisão (em blocos de 10 minutos) os desafios dos candidatos agora é melhorar a qualidade da comunicação para convencer o eleitor de que tem, de verdade, o melhor programa de gestão para tirar Porto Velho do longo atraso a que foi submetida pelos prefeitos anteriores, especialmente o da temporada petista e o de Mauro.

Grande bobagem sustentar grupos na Internet para fazer esse trabalho de “sapa” lastreado no turbilhão dos boatos e pegadinhas.

ALTERNATIVAS

Ao despachar do palco das eleições políticos tradicionais como o (ainda) prefeito Mauro Nazif e o verborrágico Roberto Sobrinho, do PT, colocando dois nomes novos no cenário e dando a liderança para alguém que como Hildon Chaves; nunca tinha disputado um pleito, o eleitor demonstrou que está explorando alternativas que possam bem representa-lo fora da órbita dos grandes caciques da ribalta política rondoniense.

ANTIPOLÍTICO

Certamente foi o discurso antipolítico de Hildon que pesou na decisão de primeiro turno para coloca-lo na liderança.

Mas não foi apenas isso. Sempre que teve oportunidade nos confrontos com os outros concorrentes o novato destacou-se como o sujeito disposto a “fazer funcionar” a anacrônica e pesada máquina da administração municipal que Nazif não soube (ou não quis) modernizar.

SEMELHANÇA

Leo Moraes também chegou ao segundo turno por ter se aproximado desse ideal de gestor existente no consciente eleitoral. Muitas vezes ele deixou claro de que “não falta dinheiro” para resolver as prioridades mais fundamentais de Porto Velho que, se não foram feitas até agora foi por falta de vontade política do atual prefeito e por incapacidade de fazer as coisas funcionarem.

ALIANÇAS E APOIOS

Engraçado e até curioso. Agora ambos os candidatos fazem afirmações negativas de aceitação de costuras e alianças inerentes ao próprio processo político dentro das praxes desse segmento.

Não querem assumir uma proximidade explicita com chefes políticos e comandantes de partidos, consciente de que no geral o eleitorado não esconde sua repulsa com as chamadas raposas felpudas da política estadual.

E isso é verdade se levarmos em conta o alto índice de abstenção, votos nulos e brancos, nesse volume que passou a ser identificado como “o não voto”.

Esses dois candidatos devem ir mais a fundo nessa leitura do resultado das urnas para não serem identificados como meros atores de um papel fora da realidade do cenário eleitoral.

ERRO TÁTICO

Se na corrida do primeiro turno esse tática foi extremamente útil para Hildon Chaves (e também, em menor proporção, para o próprio Leo Moraes) agora essa ideia poderá ser encarada como perigoso equívoco.

Tanto um candidato como outro precisam assumir que são políticos sim. Nenhum deles conseguirá comandar a prefeitura se não aceitarem cumprir o papel político do cargo.

São políticos, todos, e não deveriam se esquivar disso. A questão é como procedem, como tratam a coisa e o interesse públicos.

FOCO DA VITÓRIA

Explicado a importância dos candidatos em assumir o lado político de suas decisões de entrar na corrida eleitoral, podemos avançar no raciocínio de quem deverá liquidar a fatura nessa fase final da eleição de prefeito.

Vai ganhar a eleição, aquele candidato que, além do óbvio de conquistar o maior número de votos, conseguir atrair para si os votos dos cinco concorrentes derrotados na primeira votação. Considerando, claro, que os votos obtidos pelos finalistas estariam cristalizados e que os brancos, nulos e a abstenção dificilmente serão revertidos, o foco deve ser puxar os votos dos derrotados. Aliás essa é uma máxima de sabedoria: ganha quem errar menos.

TROCO

Eram um personagem cativante do Senado e talvez o político do Piauí mais popular do Brasil. Mão Santa foi extirpado no Senado pela força de Lula. Deu o troco. Venceu o PT em Parnaíba (PI) e levou a prefeitura. Tinha só dois partidos e 30 segundos de TV, contra 20 partidos do prefeito Florentino e a máquina estadual.

TERRA DE MORIMOTO

As coisas mudam numa rapidez geométrica. O saudoso ex-deputado federal por Rondônia, Antônio Morimoto, começou sua carreira politica em Andradina. E lá também as coisas mudaram como ninguém imaginava. Roberto Freire pode comemorar o núcleo LGBTS que criou no PPS. O partido elegeu em Andradina (SP) o Mario Gay, com jingle paródia de Gloria Gaynor.