Em Linhas Gerais: Porto Velho chega ao seu centenário mais vilipendiada, maltratada e desamada do que nunca

Gessi Taborda

Publicada em 01 de September de 2014 às 11:22:00

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E SETEMBRO CHEGOU

Confesso aos leitores que esse repórter (e muito mais colunista) esperava setembro chegar com sinais de renovada esperança de que finalmente estaríamos caminhando para ver nossa cidade em seu primeiro centenário como uma capital de verdade.

E espera setembro com a nostalgia de quem sonha uma cidade que já foi bucólica, festeira e cultural, que tinha na sua política personagens que engendravam um futuro bem mais promissor do que esse que bate na cara de cem anos da tão vilipendiada, maltratada e desamada Porto Velho.

SEM RESPOSTAS
Que grande momento para essa cidade onde criei filhos, família e que amo tanto, chegar ao seu primeiro centenário. Não que esse colunista tenha, em algum momento de sua vida, botado fé nos últimos administradores da capital rondoniense.
Mas a maior decepção é reconhecer hoje que esses derradeiros burgomestres tomaram assento na prefeitura num momento em que existiam condições excepcionais para a busca do desenvolvimento e da humanização de nossa cidade, dando a ela condições de comemorar o seu primeiro centenário de forma alegre, marcante, numa festa que ficaria na eternidade de sua história.

ENGANADORES

Era difícil duvidar dos últimos dois (supostos) “administradores” da nossa capital. Como imaginá-los que eles teriam essa obstinação suicida (falando politicamente) de fazer essa política de terra queimada, logo eles que se notabilizaram no passado como com o domínio da austeridade, aparentemente capazes de fazer ecoar por aqui o progresso e desenvolvimento que tantas vezes defendiam em seus discursos.

Nesse setembro não praticamente nada para ser apresentado como um marco do primeiro centenário. Nada verdadeiramente capaz de apagar essa imagem de que gestores do município trabalham há pelo menos uma década em favor da aniquilação das esperanças do povo.

PROSAICO

Não adiantam nesse momento as cantilenas de “empresários” apoiando iniciativas prosaicas desse prefeito, como soem ser essa conversa de inverter o fluxo do trânsito da Sete de Setembro. Isso – digo com certeza – não estimular o crescimento e nem modificar a aparência da cidade ou melhorar a qualidade de vida de seus moradores. O que acontece com o prefeito atual é nada mais do que congeminar mais iniciativas falidas, sem nenhuma capacidade de mudar realmente a vida de quem mora em Porto Velho.

Na verdade, Nazif e gente como seu antecessor se mantém na política (há um, inclusive, disputando uma eleição de deputado federal) porque o ambiente nessa cidade que chega aos cem anos a população vive uma resignação monástica.

AFRONTA

Ao anunciar a realização de uma “festa” do centenário, a prefeitura comete mais uma afronta a essa população, principalmente àquela parte que teve sua vida desmontada no período da grande cheia do Rio Madeira por culpa da falta de infraestrutura, por culpa da falta de previsibilidade das próprias autoridades locais.

Tá certo que a festa (pelo menos aparentemente) será custeada com o patrocínio e doações de entidades privadas. Mesmo assim seria interessante se fazer atenta a fiscalização de instituições como o Ministério Público e o Tribunal de Contas.

PERSPECTIVAS

Ao contrário das cantilenas dos “empresários da Sete”, esse colunista não bota fé na capacidade desse prefeito em prover as demandas cobradas pelos moradores de Porto Velho. Pelo menos a lentidão desses mais de dois anos à frente da Prefeitura é sinalizadora de que ele continua – em termos de gestão – mais perdido que cego em tiroteio.
Pelo visto ele não enxerga que a cidade completará o centenário com milhares de jovens sem emprego, sem perspectivas de chegar um dia pelo menos próximo de uma qualidade de vida que poderia estar garantida agora que a cidade comemora esse importante aniversário.

NAZIF É MUITO RUIM

Pessoalmente nunca botei fé em Mauro. Sua militância política sempre foi – na opinião pessoal do colunista – um longo exercício de demagogia e sua capacidade de gestão era quimera diante de seu desleixo com seu próprio patrimônio, caso visível na sua clinica da Vila Tupi.

Na prefeitura, cercado por áulicos e membros da família, Mauro está perdendo novamente a possibilidade de ser “O Prefeito do Centenário”, e suas visões políticas geram um imenso sentimento de desesperançados na sua (vá lá!) gestão.
Exatamente por ser muito ruim quando o assunto é gestão – participativa e transparente – a cidade chega ao seu primeiro centenário dentro de um cenário e modelo escatológico a que todos assistimos.

É uma capital desprovida de uma política de urbanismo; uma cidade que mesmo em plena Amazônia chega ao seu primeiro centenário sem arborização, sem jardins, sem nada capaz de embelezá-la. A situação é essa que todos conhecem.

TROCA MAL FEITA

Ainda lembro-me muito bem da reação de Mauro Nazif quando um seu concorrente classificou a cidade como “um enorme favelão”. A indignação de Mauro foi imediata, mas não era e nunca foi sincera. Jogou com sentimento quase fundamentalista de nossa população, incapaz (salvo melhor juízo) de gerar utopias positivas para Porto Velho e Rondônia.
Mauro ainda ficará na prefeitura até o final do próximo ano. Dificilmente conseguirá renovar o mandato. Há um balizamento de sua despedida da vida pública. Enquanto ele estiver ali, mandando nas coisas do município, não há boas previsões para essa cidade centenária.

Na verdade o que há são riscos de mais sangrias, especialmente se as instituições guardiãs da sociedade não acompanhar de lupa sua “gestão”.

PREPARAR-SE
Estamos em pleno período eleitoral. Aparentemente a eleição para a troca do prefeito e dos vereadores ainda está distante.
Os portovelhenses devem ir se preparando para esse momento que, na verdade começa com as eleições atuais. É preciso botar prá correr esses políticos que se alimentam da desesperança para acenar com um futuro que nunca chega.
Nazif chega ao primeiro centenário de Porto Velho como prova de que combater a desesperança com “mais do mesmo”, apenas faz alastrar-se ainda mais essa realidade de abandono a que Porto Velho chegou nesse primeiro centenário.