Entre bobices e cafajestajens

Até porque quem nos possa fazer sentir vergonha não está ali, na nossa cara. Então, tome bobices e descaramentos sem medida.

Publicada em 09 de July de 2014 às 09:41:00

Vou dizer-lhes uma coisa: hoje eu olhei esta página voltando três dias. Foi a maior navegada que já dei. Isto tudo por conta da chegada inesperada de minha irmã Beta, mal eu cheguei em casa. Minha mulher a atendeu chegou pra mim e disse: é tua irmã. Vai lá fazer sala com ela que eu estou ocupada. E aí tô eu fazendo 'sala' com ela ao meu lado olhando e dando risadas de tantas bobices que as pessoas colocam nesta página.

Parece um mundão de gente à toa sem ter o que fazer. Mas freneticamente ocupadas em dizer até que hora vão ao gabinete ouvir o som do intestino e deliciar-se com os cheiros típicos dos tratos intestinais. É realmente um mundo novo. Um mundo pequeno. Fruto de cabeças pequenas. Ou então resultado de democratização dos atos até então, tidos como íntimos. Mas como não se ver a cara de quem possa nos constranger não nos importamos de constrangê-lo. Perdemos a timidez e a
vergonha.

Até porque quem nos possa fazer sentir vergonha não está ali, na nossa cara. Então, tome bobices e descaramentos sem medida. Até porque já se ouviu de alguém que a internet é terra sem lei. Já que é assim, ponho pra fora todo o meu lado mau caráter, toda a minha cafajestice.

E justamente por causa dessa banalização destrambelhada, esses meios chamados de redes sociais que, a cada dia, em todo o mundo, derrubam barreiras e não respeitam fronteiras, nem valores morais ou religiosos, pregados por padres, pastores, rabinos, aiatolás, feiticeiros, macumbeiros e filósofos e muito menos sistemas de governo, não gozam da confiança dos seus seguidores.

E bem poderiam fazer uma grande diferença na educação e formação de comunidades e nações. Influenciam, é verdade. Acabaram com as distâncias entre as pessoas, é verdade também. Mas ainda, pelo menos no Brasil, patinam com índices
de credibilidade tão baixos que perdem até para a confiança que os mesmos curtidores depositam nos velhos jornais impressos e nos démodés programas de rádio. Mesmo assim, diga-se a verdade, é instrumento afagado por políticos e entes públicos, ávidos de aprovação dos seus feitos e de garantias de votos.

Eles são os que mais creem numa revolução de comunicação através das redes sociais. Mas fiquemos atentos, a terra sem lei está começando a ter que respeitar algumas normas. E os xerifes já estão pondo a estrela no peito e a 45 no coldre. É, esse terreno anárquico pode vir a se tornar algo respeitável. Tomara!