ENTREVISTA DA SEMANA - Airton Gurgacz, vice-governador: Indecisão de Confúcio atrapalha até os aliados

Vice-governador Airton Gurgacz, do PDT, não sabe se continuará na chapa do PMDB (Concedida a Carlos Araújo).

Publicada em 23 de February de 2014 às 11:04:00

A indecisão do governador Confúcio Moura quanto a disputar ou não a reeleição não está criando dificuldades apenas ao seu partido, o PMDB. Seu vice-governador, o diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Airton Pedro Gurgacz, do PDT, vem sendo pressionado pelos correligionários a definir sobre que cargo concorrerá nas eleições desse ano. “Se depender do PDT, vamos continuar nossa aliança com o PMDB do governador Confúcio Moura, mas ainda não temos uma definição”, afirma seu Airton.

A Entrevista da Semana do www.tudorondonia.com.br conversa com o vice-governador, tentando tirar dele uma definição de seu partido para as eleições desse ano e abordando outros temas como o alegado monopólio da empresa de sua família, a Eucatur, no transportes de passageiros em Rondônia, corrupção no Detran e no Governo do Estado e qual o destino dos mais de 170 milhões que o órgão arrecada anualmente.

Nesta conversa franca com o jornalista Carlos Araújo, o vice-governador garante que apoiou as operações policiais que levaram alguns servidores e fornecedores do Detran à prisão. Assegura que, apesar da perseguição que a Eucatur sofreu na administração do ex-governador Ivo Cassol, nunca restou provada nenhuma denúncia de sonegação contra a empresa. Ele também refuta a acusação de monopolizar o transporte de passageiros no Estado.

Questionado sobre o suposto monopólio e sonegação de imposto por parte da empresa de sua família, Airton Gurgacz é enfático e refuta com fervor o que classifica de boatos. Segundo ele, o ex-governador Ivo Cassol mobilizou mais de mil servidores em busca de irregularidades na Eucatur e nunca conseguiu encontrar nada, “até a multa que nos foi aplicada, por motivos irrelevantes, foi questionada na Justiça e anulada”. Sobre o monopólio, Airton Gurgacz afirma que a Eucatur participa de licitações em todo o País, mas, como é comum a toda empresa, nem sempre ganha. “Não estamos em todos os lugares, têm muitas outras empresas operando, fazendo o mesmo que nós, logo, não há monopólio”.

Airton Gurgacz afirma ainda que não pretende sair do cargo e que pretende concorrer à reeleição como vice de Confúcio, homem que ele diz admirar.  “Sou fã dele e sei que nos próximos anos trabalharemos ainda mais e melhor, com maior ênfase nas áreas do esporte e da cultura”.

Airton Gurgacz também sai em defesa do prefeito Mauro Nazif, afirmando que ele teve a infelicidade de herdar uma cidade com a administração em frangalhos, “mas acredito que ele tem potencial e, certamente, ao final do mandato, terá feito uma boa gestão”.

Embora esteja enfrentando um período de turbulência no Detran, o vice-governador assegura que as coisas estão transcorrendo com tranqüilidade e promete novo concurso público para suprir a carência no atendimento.

Confira a entrevista:

Tudorondonia: Quem é Airton Gurgacz?

Airton Gurgacz: Bom, eu nasci em Cruz Machado (PR), no ano de 1957, depois fui com a família para Cascavel (PR) e, quando tinha 17 anos, vim para Rondônia, em 1976. Meu irmão, Assis, já havia se estabelecido em Rondônia desde 1972, quando chegou pela primeira vez em Vila Rondônia (atual Ji-Paraná), com a linha de ônibus de Cascavel a Vila Rondônia, e lá intensificou as atividades. Estamos aqui há 41 anos, com a empresa Eucatur instalada, e hoje a empresa já é um grupo. A Eucatur tem a Gramazon, tem a Rede TV, tem o jornal Diário da Amazônia, tem fazenda e tem outros investimentos, como uma recapeadora de pneus e estamos pensando em montar uma grande recapeadora de pneus em Porto Velho, já até adquirimos o terreno e vai ser um projeto grande. Quando chegamos aqui, Rondônia tinha apenas dois municípios, Guajará-Mirim e Porto Velho, tínhamos vereadores em Vila Rondônia que trabalhavam aqui na capital, porque aqui era a Câmara de Vereadores, e aí, com o tempo, foram surgindo novos municípios. Na época, o governador era o coronel Humberto Guedes e houve um ano em que ficamos impedidos de trazer gente pra cá porque o governo federal achou que estava vindo muita gente para Rondônia e estavam invadindo muitas terras, mas depois o presidente Geisel autorizou de novo, porque o pessoal do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, e do Rio Grande do Sul, estariam indo para o Paraguai e lá estavam sendo mal tratados. O Brasil dispunha dessa grande região de Rondônia para desbravar, então, por causa disso, nós começamos uma viagem mensal, depois passamos para cada 21 dias, depois para quinze, depois uma vez por semana até que as viagens ficaram diárias. Quando chegaram aqui meu irmão Assis e minha cunhada Nair, encontraram o doutor Assis Canuto, que era diretor e coordenador do INCRA, naquela época. Ele estava abrindo estradas e dando terras e nós com os ônibus atrás. Assim começou nossa história em Rondônia. Compramos a primeira empresa aqui, que tinha três ônibus do seu Almeida, lá de Ouro Preto do Oeste, que tinha uma linha que ia de Ji-Paraná ao quilômetro 16 da Linha 81. Era a Viação Almeida. Depois foi crescendo e chegamos até Mirante da Serra. Essa foi a primeira linha aberta pelo INCRA, e aí começou Ouro Preto, depois Jaru, Ariquemes, era na época dos ‘cacaios’ e do Projeto Burareiro, ainda na antiga Vila de Ariquemes.  



Tudorondonia: O senhor é sócio da Eucatur, então?

Airton Gurgacz: Não, sou sócio na Gramazon, na Vipal Pneus da Amazônia, na Mineradora Rondônia, mas na Eucatur sempre fui diretor operacional da empresa. Agora me afastei para exercer a vice-governadoria.  

Tudorondonia: Sabe-se que a Eucatur, desde os primórdios de sua instalação em Rondônia, ajuda a eleger políticos. O que o levou, não só o senhor, mas o seu sobrinho, o senador Acir, empresários bem-sucedidos, a enveredar pelo campo da política, normalmente um terreno minado?

Airton Gurgacz: (Limpa a garganta antes de responder) Nós sempre ajudamos, participamos da política e achamos que, por exemplo, já temos uma turma formada de funcionários, capazes de tocar as empresas, colaboradores bons, temos aí o Assis Neto, filho do Acir, que está no comando da minha área, que é a área operacional, um menino que tem 28 anos e que ta indo muito bem. Como eu, quando vim pra cá com 17 anos. Ganhei muita experiência. Uma empresa como a Eucatur dá uma experiência muito grande, porque você mexe com o público, mexe com o pessoal da política, com rodoviária, com concessões públicas, compra de peças. Então, em empresa de ônibus você tem que saber vender, mas saber comprar também e o grande segredo está na compra. Agora, que as coisas se organizassem a empresa está toda automatizada, a água de um radiador de um ônibus hoje é medida, é controlada automaticamente, então não tem mais segredo, e os ônibus hoje são todos hidramáticos, com ar condicionado, toalete, água mineral. É tudo eletrônico, piloto automático, então não tem segredo, não demanda mais nossa  presença constante, mas, é claro que a gente participa. O senador Acir está nos finais de semana na empresa, quando posso, estou dentro da empresa, têm mais irmãos que cuidam da empresa, sobrinhos que vêm crescendo junto com a empresa, uma nova geração que está "tomando pé" e está indo sem problema nenhum. A gente fica muito feliz porque os meninos estão acompanhando toda a evolução e ainda com mais competência.


Tudorondonia: É verdade que os senhores entraram na política por que os candidatos que os senhores ajudavam a eleger não defendiam os interesses do grupo?

Airton Gurgacz: Não, sempre tivemos problemas com os candidatos, às vezes a gente ajudava um ou outro e às vezes alguns, foram poucos, mas chegavam a virar as costas para nós depois que se elegiam. Chegou a acontecer alguns casos desagradáveis que é bom nem citar nomes: uma vez elegemos um senador e quando fomos falar com ele, depois de quatro meses ele perguntou: o que esse povo ta querendo conosco (risos)? Então, essas coisas na política é muito ruim, tem uma falsidade imensa. Eu acho que a política é muito suja ainda, ta melhorando e vai melhorar mais, pois a gente vê que o quadro, com essas prisões desse pessoal do PMDB, Natan Donadon, Marcos Donadon, o nosso próprio presidente da Assembleia, agora o Genuíno, José Dirceu, o João Paulo Cunha que foi preso semana passada. Acho que a política está mudando e agora boas pessoas vão demandar nesse pólo político. Tem que parar com essa brincadeira com o dinheiro público, o dinheiro não é nosso, é do povo, nos estamos aqui gerindo um trabalho para população. Eu tenho que ter muito mais responsabilidade aqui dentro do governo do que, por exemplo, dentro de uma empresa, onde a gente trabalha e presta um serviço também com muita responsabilidade, mas aqui é pior ainda, pois, não posso está saindo, passeando ou fazendo festa com o carro do governo num final de semana.



Tudorondonia: Seu Airton, quais seriam esses interesses empresariais a serem defendidos pela classe política?

Airton Gurgacz: Olha, até que nós não temos problemas porque, nossas concessões são outorgadas pelos governos. Interesse político nós quase que não temos. As empresas têm as concessões públicas e, quando vence, têm as licitações e nós participamos. Ora ganhamos, ora perdemos. Então, não tem essas questões. Em empresas de ônibus hoje a situação está muito difícil, porque as passagens aéreas, hoje, estão quase mais baratas que as de ônibus. Então a população viaja mais de avião que de ônibus. Nós participamos assim em todas as licitações, no Brasil inteiro. Operamos em 22 estados da Federação e participamos em todos, uma hora você perde uma licitação aqui outra hora você perde uma ali, ninguém nasceu só para ganhar. Eu não conheço um que é só ganhador. E dou um exemplo, que é o Eike Batista. Então, temos que tomar cuidado, pé no chão, com segurança, para não avançar esses momentos difíceis que acontece na vida do cidadão ou das empresas. Os impérios, as fortunas passam pela cidade, uma hora está na Zona Leste outra na Zona Sul, quebra uma aqui, melhora outra ali. A empresa agora, graças a Deus, meu irmão completa agora dia 31 de março, 50 anos de empresa e sabemos que é difícil um grupo familiar, hoje, no país, se dar ao luxo de estar assim, firme, em pé, coesa, direitinho, trabalhando. Todos os netos do meu irmão Assis e da Nair. O Assis continua na ativa, por mais que ele esteja com seus setenta e poucos anos, não pára. Continua trabalhando na frente, nos orientando na vida pública, na política. O que nós precisamos hoje é tentar ajudar a população de Rondônia, porque nós precisamos fazer alguma coisa. Rondônia - é o que meu irmão Assis fala - “já nos deu muita coisa”. Então, acho que nós temos que colaborar para que Rondônia se desenvolva com muito respeito e muito trabalho. É para isso que a gente está na política.

Tudorondonia: Seu Airton, muito se falou em Rondônia sobre a questão do monopólio da Eucatur e que com base nesse monopólio não se prestaria um serviço de qualidade população. O senhor está falando aqui de licitações públicas que os senhores participam com outras empresas, o que há de verdade nessa questão de monopólio da Eucatur?
 
Airton Gurgacz: Bom, eu quero dizer a você que eu fui presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Estado de Rondônia, transporte intermunicipal. Tem as empresas interestaduais, mas vou falar primeiro das intermunicipais. Nós temos, hoje, registrado no nosso DER, 120 empresas de ônibus no Estado de Rondônia. Eu te pergunto: Há monopólio? Monopólio seria se em Vilhena fechassem as portas e se de lá pra cá só tivesse Eucatur. Você pode ir a Vilhena, têm várias empresas, você pode ir a Pimenta Bueno e vai ver que têm várias empresas de ônibus. Em Rolim de Moura têm várias empresas de ônibus, em Alta Floresta, em Ouro Preto, Ji Paraná não tem nenhuma linha municipal, como na grande Ariquemes que, tem 10 municípios no seu entorno e nós não temos uma linha de ônibus. Isso não é monopólio? Monopólio seria se os dez municípios fossem operados pela nossa empresa. Aliás, se 100% fosse operado por nós, aí seria monopólio. Se as empresas urbanas de Vilhena, Ji-Paraná, Porto Velho, Ariquemes fossem do grupo, aí sim, teríamos um monopólio. Mas não é o caso. Veja bem, se em Ariquemes tem 10 municípios e nós não operamos com linhas para nenhum deles. Naquela região, nós só operamos uma linha de Machadinho a Jaru, mas tem outras empresas que concorrem conosco por Ariquemes. Tem a Marlim, que faz Machadinho por Ariquemes, têm outras empresas, que não me lembro o nome, que também trabalham ali, que faz de Theobroma para Jaru. Em Jorge Teixeira, têm empresas que faz Nova Colina, Colina Verde, têm outras empresas que não são nossas. Tarilândia não é linha nossa. Todas aquelas linhas são operadas por outras empresas. Em Ouro Preto, nós só temos a linha 81, Mirante da Serra, Ouro Preto e Nova União, nas linhas 2, 4, 8, 12, 16, 24, todas têm ônibus que fazem outras linhas. Nós não fazemos Alvorada-Urupá, mas fazemos a linha Urupá-Teixeirópolis. Ali, nós fazemos algumas linhas, eu até poderia dizer que são nossas, mas não que tem monopólio. Eu entendo que monopólio seria se 100% das empresas fossem nossas. Nós não temos nada na capital. Quem faz Guajará-Mirim? Viação Rondônia! Então, não é. Agora, voltando à questão da linha federal, para você ter uma ideia, Porto Velho-São Paulo, temos Eucatur, Andorinha, Rotas, Nacional Expresso e Gontijo. São 5 empresas, isso é monopólio? Porto Velho aéreo, temos para Brasília, TAM e GOL, isso não é monopólio, agora em Goiânia nos temos Eucatur, Andorinha, Maia, Trans Brasiliana e Araguaína, então são 4 empresas. Aí eu pergunto a você, como jornalista: isso é monopólio? Isso é uma falta de informação que às vezes as pessoas não entendem. Alguns mal-intencionados manipulam a informação. Daqui para o Nordeste nós não temos linhas em operação. Todas essas empresas levam para Brasília e Goiânia ou São Paulo e lá outras empresas prosseguem com outras linhas. Nós não temos exclusividade. Em Porto Velho nós não temos empresa urbana. Temos em Manaus, temos em Roraima, na Venezuela, mas, têm várias empresas que concorrem conosco. Temos também linhas em Curitiba, em Florianópolis e, às vezes, têm 10 empresas que concorrem conosco. Não tem jeito de ter monopólio, essa é uma pergunta fácil de responder e é bom que as pessoas procurem saber disso. Não tem monopólio, nós temos todas essas as empresas que fazem o eixo da BR-364, mas existem outras.



Tudorondonia: Vamos falar um pouco do Detran. Qual a sua contribuição para a melhoria dos serviços prestados pelo Detran nesses 3 anos que o senhor está como diretor-geral?

Airton Gurgacz: (Limpa a garganta) No Detran, nossa primeira atitude foi garantir junto ao governador Confúcio Moura, o compromisso de melhorar o salário dos funcionários, o que foi feito. Logo de início concedemos aumento de 15%, depois, no mesmo período, o Governo deu mais 8%, que as outras categorias não receberam e, nesse ínterim, junto com o Sindicato dos nossos servidores, foi feito o PCCS dos trabalhadores do Detran, que totalizou 29,5% no vencimento mais a implantação do PCCS. Também garantimos a gratificação de transito e auxílio alimentação. No Detran, o funcionário que menos ganhava, ganhava na faixa de 800 reais, hoje o que menos ganha, está na media de R$ 2,300 ou R$ 2,400. Ano passado, como nenhuma secretaria teve aumento, nós demos 400 reais de auxílio alimentação. Os servidores entraram em greve, mas asseguramos a implantação do PCCS, houve várias gratificações, de 1.597 reais, 1.491 reais, 745 reais, 639 reais. Nada disso existia antes. Isso o governador Confúcio Moura autorizou, em acordo com o Sindicato e junto com os funcionários. Nós entendemos que foi um grande avanço, porque nenhum Governo teve essa atenção com os trabalhadores do Detran.

Tudorondonia: Quantos funcionários têm o Detran?

Airton Gurgacz: Hoje, no DETRAN, têm entre 900 a mil funcionários de carreira no Estado inteiro e nós atendemos aos 52 municípios. Têm mais 20 postos avançados e temos 300 estagiários aproximadamente. É uma equipe boa, estamos trabalhando e atendendo mesmo com a greve. Estávamos com problemas nos setores de habilitação, mas, essa semana (semana passada) colocamos em ordem, colocamos umas pessoas da administração para ajudar a fazer essas habilitações e o resto está funcionando normalmente. Nós temos um problema maior na GTI (gerência de tecnologia da informação) que é onde o pessoal está mais reticente ao fim da greve. Mas veja bem, o Detran adquiriu uma máquina chamada Blaid, pagamos 2,3 milhões de reais para importar essa máquina, porque o maquinário do Detran é como se fosse três geladeiras enormes mas que não resolvia o problema e vivia dando pane direito. Logo no primeiro e segundo ano foi difícil. Aí decidimos importar essa nova máquina (Blaid), para evitar que a população, que paga e paga caro, não sofra prejuízos. E disso eu entendo, porque nós também somos clientes, e sempre falo quando reúno os funcionários: gente, vamos cuidar dessa frota porque essa frota é da população de Rondônia, não é do Confúcio Moura, não é o Airton Gurgacz. Isso aqui fica, nossa passagem por aqui será rápida. Eu sempre peço cuidado. Também compramos 875 novos computadores para instalar nas Ciretrans do Estado para melhorar o atendimento, pois o que tinha lá era coisa muito antiga.


Tudorondonia: Apesar dos números que o senhor apresenta, em relação às gratificações que foram implantadas, na valorização do servidor, os servidores do Detran entraram em greve há cerca de dois meses, e parece que ainda continuam em greve, se bem que eles não reivindicam melhoria salarial, eles estão reivindicando melhores condições de trabalho mas a greve está sendo esvaziada. O Detran cedeu em algumas das reivindicações dos trabalhadores. Como é que o Detran está se relacionando com a questão da greve dos servidores?

Airton Gurgacz: O problema da greve dos servidores é que eles querem uma revisão no PCCR e que se faça um concurso público. Acredito que mais 30 dias e já estaremos com o concurso aberto. Essa é a primeira reivindicação deles. Quando assumimos, a Cometran (Coordenadoria Metropolitana de Trânsito) aqui em Porto Velho, não contava nem com portas. Construímos um " baita" galpão/barracão para colocar os arquivos e liberar espaço para os servidores e para o público (se você for lá vai ver). Asfaltamos o pátio interno, onde antes era de chão, batido, uma eterna poeira ou lama. Trocamos quase todos os ares condicionados, implantamos quase todas as máquinas. Só não implantamos todas porque o pessoal da GTI está em greve, mas faltam poucas para implantar os computadores novos que compramos. Apesar da greve, o Detran não parou em lugar nenhum. Temos aqui, na capital, postos de atendimento na zona Sul e na zona Leste e eles não pararam. O Departamento de Documentação, a Cometran não parou. Na habilitação lotamos 14 novos servidores da parte administrativa, para que quem utiliza nossos  serviços não sejam prejudicados. Hoje já estamos zerando a entrega de documentos, principalmente, do interior. Aonde já temos o sistema de biometria não precisa ter conferência, o documento vai direto para a impressora. Estamos aguardando o Tribunal de Contas nos autorizar uma licitação, para implantarmos a biometria nos 52 municípios. Temos um simulador, que agora é uma obrigação do Sinatran, e que ainda não retrocede mais. Temos que acompanhar a instalação desses equipa,mentos nas auto escolas e esse simulador terá que estar ligado ao Denatran, em Brasília, para cadastrar on-line as horas-aulas, e, com certeza, irá melhorar muito na formação do nosso motorista. Hoje nosso trânsito é um dos que mais mata. O transito mata mais que qualquer doença no país e no mundo. Estamos com uma campanha da ONU de dez anos para ver se conseguimos reduzir em 50% o número de acidentes de transito e mortalidade de pessoas. Perdemos em 2013, 62 mil brasileiros no transito, mutilamos 377 mil que não vão mais produzir, que vão ser encostados pelo INSS e sempre falo: gente o INSS já não tem caixa, não tem dinheiro, está numa situação difícil, está quebrado e aí mais essas pessoas aumentando. Os hospitais do nosso Estado, das nossas cidades e do nosso país, todos estão cheios de acidentados e não de doentes. Quando chega um doente, não tem vaga. Vá lá no hospital João Paulo II, no Hospital de Base e verá que de 5 pessoas, 4 é acidente de motocicleta, pode conferir, não sou político, não sou demagogo, confira. Conversei com Eduardo Campos, Governador de Pernambuco e futuro candidato à presidência da República. Lá em Pernambuco ele tem 90% nas pesquisas e me disse: “Airton, mas eu não consegui uma vacina contra acidentes de motocicleta, já fiz de tudo. Fizemos campanhas, punimos, corremos, fomos atrás, mas não conseguimos reduzir essa situação. O trânsito está uma loucura lá também. É no Brasil inteiro e no mundo também. O problema é tão preocupante que a ONU está envolvida com mais ou menos 160 países pra ver se nos próximos 10 anos conseguimos reduzir em 50% essa mortalidade”.

Tudorondonia: O senhor falou em números, mas o senhor citou números em nível nacional. O senhor não tem uma estatística dos acidentes em Rondônia?

Airton Gurgacz: Vou só falar um dado de Rondônia: quando nós assumimos o Detran, em janeiro de 2011, tínhamos uma média de 170/180 acidentes na nossa capital por dia, aliás, por final de semana (sexta, sábado e domingo). Hoje, depois que aumentamos a presença das blitzes,e intensificamos a Operação Lei Seca, tem final de semana que temos 40/45 acidentados no João Paulo II, e passou a morrer menos gente aqui na capital. No interior ainda continua porque temos uma cultura em que ninguém quer que faça blitz. Hoje, o menor IPVA do país, para você ter um ideia, é em Rondônia. A Folha de São Paulo publicou e eu tenho dados e posso passar isso em números bem "bacaninha" num gráfico, o menor IPVA pago no país é aqui em Rondônia. Mas temos o problema da inadimplência. Acontece que você paga mil reais do IPVA do seu automóvel, mas outras 4 pessoas não pagam. Então, você vai pagar 250. A estatística é de 800 mil carros dividido pela receita paga no ano, aí dá esse número tão baixo, então 40/45% da população de Rondônia não paga IPVA. Aí não pode ter blitz. Não é que não pode, nós somos cobrados pelo Denatran, mas os vereadores reclamam, os deputados reclamam, prefeitos reclamam. Mas os prefeitos deveriam ser os primeiros a nos incentivar a fazer blitz. E, por que os prefeitos deveriam nos incentivar? Porque 50% do IPVA vai para o município e 50% vai para o estado e esse dinheiro não vai para o Detran, que fique bem claro. Esse dinheiro vai para o caixa do Estado e nós repassamos para os municípios. Quem perde com a inadimplência no IPVA é o município e não só o Detran ou o Estado. Mas têm prefeitos com outra visão, como o Jesualdo Pires, de Ji-Paraná, que quer que a cidade tem mais fiscalização do Detran, porque lá tem 50 mil veículos. Já imaginou se 25 mil não pagam, o quanto que ele não perderia de receita. E todos os municípios estão com o pires na mão.

Tudorondonia: Seu Airton, qual a arrecadação mensal ou anual do Detran?

Airton Gurgacz: Esse mês nós arrecadamos R$ 13 milhões e meio, o que multiplicado por 12, vai dar R$ 170 milhões anuais. Mas não somos o ‘primo rico’, do Estado, como alguns dão a entender. O IPVA, que é a melhor receita que tem, metade vai para os municípios e a outra metade para o Estado. Nós recebemos muitas taxas que vai direto para o caixa único, então, o Detran não é ‘primo rico’. O que fazemos é ajudar a arrecadar para as prefeituras e para o Estado, que são os maiores mais beneficiados. Penso, portanto, que os municípios deveriam apoiar essas blitzes, ajudar a receber mais essa questão do IPVA. Mas, em Rondônia existe essa cultura e é muito difícil mudá-la por causa dos políticos. Eu até faço um apelo para que as pessoas paguem o IPVA em dia, que cuidem dos seus compromissos porque isso faz parte de ajudar o nosso Estado e Município.



Tudorondonia: E como é que o Detran utiliza esses recursos, esses 170 milhões anuais?

Airton Gurgacz: O detran tem os seus compromissos que são a folha de pagamento dos funcionários, a manutenção da frota, temos os 52 prédios, temos prédios e pátios alugados, aonde não conseguimos comprar. Etamos construindo em Colorado, construímos em Cerejeiras e em Jaru, iniciamos uma grande obra em Ariquemes, onde o atendimento estava horrível.  Lá, eu falo ao Governador que tenho vergonha de entrar lá, porque a população é muito mal atendida por causa do prédio. Em Cacoal e Pimenta Bueno é a mesma coisa, o que é muito desagradável. Quem paga seus impostos têm que ser bem atendido. O público acha que o recuso do IPVA fica conosco, mas não fica. Assim mesmo, começamos a construir em Ariquemes, fizemos várias reformas, aqui na Cometran. Aquilo ali era um absurdo: não tinha porta, não tinha asfalto, todos os arquivos ficavam no meio das salas. Hoje você pode ir lá e ver que nós temos um arquivo grande, na Zona Leste, pelo amor de Deus, na Zona Sul dava até medo. Era uma coisa de outro mundo, desagradável mesmo. Mas se você ver hoje como melhorou o atendimento na Zona Leste, que tem 150 mil pessoas - maior que a cidade de  Ji-Paraná. Alugamos, um grande prédio para atender a Ciretran da Zona Leste e na Zona Sul é a mesma coisa. Estamos melhorando o atendeimento ao público, e precisa melhorar é claro, não tenha dúvida disso, mas ainda tem muita coisa por fazer.

Tudorondonia: Aonde não foi implementado essa melhoria ainda e a partir de quando a população pode esperar a melhora nesse atendimento?

Airton Gurgacz: Olha, acredito que para o ano que vem - não sei como estará a questão do governo -, vamos tentar começar pelo menos, se der até junho alguma coisa em Cacoal e Pimenta Bueno, porque lá a gente precisa resolver o problema, que é gravíssimo. Em alguns municípios pequenos, onde o prédio é alugado, não compensa construir, até também pelo tamanho da frota que é muito pequena. Então, o grande problema nosso é em Ariquemes, onde já começaram as obras. Jaru, Colorado e Cerejeiras estão prontas para inauguras. Mas Cacoal é horrível. O prefeito ficou de arrumar um terreno - já era pra ter feito isso há dois anos -, mas até agora nada. Essa é uma parceria que .leva benefícios para o município, considerando que a Prefeitura precisa do Detran nessa questão do IPVA, já que 50% vai para o caixa deles.

Tudorondonia: Ano passado, ocorreram algumas operações policiais que levaram alguns servidores e fornecedores à cadeia, qual foi a lição que o Detran tirou dessas operações policiais e o que foi implementado em termos de segurança para o órgão?

Airton Gurgacz: Foi na questão das habilitações, e aí nós tivemos várias ações. Já foram presas várias pessoa que não sei nem lhe afirmar o quantitativo e, ano passado, montou-se um esquema em Rio Branco, aqui e em Manaus. Foram presas 77 pessoas envolvidas em fazer carteira falsa. Houve uma operação, com funcionários do Detran presos e isso para nós é muito bom, aplaudimos porque nós não compactuamos com isso, com essa situação de fazer rolo no Detran. Eu sempre falo: gente trabalhe direitinho porque errou, vai ser pego. Então tem todos esses problemas aí. Quem errou está respondendo. Não passamos a mão na cabeça de nenhum, porque sabe que não pode fazer coisas erradas. Às vezes a pessoa não ganha um salário bom, mas não pode e não deve fazer esses estragos, esses roubos, esses desvios. Nós não compactuamos. Após algumas operações, fomos chamados em Brasília, talvez para que o Denatran (Departamento Nacional de Trãnsito)  e o Contran (Conselho Nacional de Trânsito), talvez até por isso, está se estudando uma nova forma de habilitação, por que essa não tinha como fraudar e eles fraudaram. Já se pensou em fazer cartão magnético, mas esse sistema também é suscetível de fraude. Com isso, está em estudo justamente considerando essas operações que aconteceram aqui em Rondônia, um novo e mais seguro modelo para a CNHs. Nós tínhamos conhecimento das operações e deixamos acontecer. Foi muita gente pra cadeia.

Tudorondonia: Sim, mas o Detran adotou alguma medida de segurança para evitar a repetição do problema?

Airton Gurgacz: O grande problema é que vem de dentro pra fora. Os aliciadores subornam os funcionários e nós não conseguimos antecipar isso. Mas deu uma parada boa, tem uns 8 a 10 meses que não se vê fraude, estão com medo porque a polícia age e eu dou toda a liberdade para a polícia entrar, agir, fazer, prender, não vou passar a mão na cabeça porque nós não estamos ali para fazer coisa errada. Estamos para fazer as coisas certas.

Tudorondonia: É perceptível o número de maus motoristas no trânsito,, sobretudo, aqui em Porto Velho. O senhor acredita que isso tem alguma relação com essas fraudes cometidas no setor de habilitação do Detran?

Airton Gurgacz: O quê que eu vou dizer a você? Pode ter, não tenha dúvida, mas estamos procurando melhorar e, quando me reúno com as auto escolas, peço para eles apertarem mais, que sejam mais rígidos com a aula, para preparar melhor os alunos, para que a gente possa melhorar essa questão de mortalidade no trânsito. A gente pede para as pessoas, para a Policia Militar de trânsito, que agora estamos dando um reforço. Há vinte anos, nós tínhamos, em Rondônia, 52 municípios e tínhamos 350 policiais militares no trânsito e 20 mil carros. Hoje, temos 220 mil automóveis e continuamos com os mesmos 300 policiais. Em Porto Velho, temos 170 bairros e a policia também precisa melhorar a fiscalização, porque, se não houver fiscalização, eu acredito que nunca melhorará o trânsito. E o brasileiro só gosta de ser punido, ele precisa ser punido para dar valor às coisas.

Tudorondonia: O trânsito está muito ligado com a questão da vida  humana, sobretudo com o auto índice de acidentes que temos aqui em Porto Velho e em outras cidades do interior também, mas, com maior ênfase aqui na cidade de Porto Velho. O que o DETRAN, com a boa arrecadação que tem, tem feito para melhorar a sinalização das vias públicas?

Airton Gurgacz: Bom, fizemos convênio com todas as prefeituras do estado, uma orientação do governador Confúcio.

Tudorondonia: Isso, de acordo naturalmente com o Código Brasileiro de Trânsito?

Airton Gurgacz: Sim, fizemos convênios e até renovamos esses convênios. Aqui em Porto Velho nós tivemos dificuldade e em Guajará-Mirim também tivemos muita dificuldade. Mas, agora, com o prefeito, Mauro Nazif, e com o novo prefeito de Guajará-Mirim, a gente conseguiu, para Guajará-Mirim, 600 mil reais, por que lá não tem nem semáforo, a pérola do Mamoré que é uma cidade linda. Só conseguimos agora, porque o município sempre estava inadimplente. Apesar da boa vontade e da deter,inação do governador, não tinha jeito, já que o município não dispunha das certidões exigidas CPOR força da Lei. Em Porto Velho, nós tínhamos o problema na Emdur. Agora, com o prefeito Mauro Nazif, conseguimos resolver esse problema e estamos passando para o município R$ 4,1 milhões. Isso é um convênio e até entendo que não precisava passar isso porque eles arrecadam bem. Eu sempre digo aos prefeitos: perfeito você recebe tanto de IPVA no seu município, se pegasse 10% do seu IPVA e aplicasse no trânsito, as cidades inteiras de Rondônia não teriam problemas de sinalização no trânsito, de falta de semáforo. Mas, assim mesmo, o governador Confúcio quer que ajudamos. Aí dividimos nossa arrecadação com todas as prefeituras. Celebramos convênios com todas para reduzir os índices de acidentes. Temos trabalhado de açodo com as resoluções do Denatran e do Contran. A gente faz os contratos, a prefeitura faz a licitação, nós fazemos o repasse e depois eles têm que prestar contas com o Tribunal de Contas.

Tudorondonia: O ex governador Ivo Cassol vivia acusando a Eucatur, empresa de sua família de sonegar impostos, no entanto nunca se ficou sabendo de uma operação do fisco estadual para multar ou para fazer uma devassa na Eucatur. O que há de verdade nessas denúncias:

Airton Gurgacz: O ex governador Ivo Cassol, agora Senador, não sei da onde colocaram na cabeça dele que a gente sonega impostos. A Eucatur sempre pagou seus impostos, você pode ir ao fisco e pegar as certidões, sempre pagamos. O Cassol colocou mais de mil homens para nos fiscalizar no Estado inteiro, por 24 horas, durante dois anos, na chamada ‘Operação Passageiro’. Aí, o fiscal com a plaqueta Sefin e DER vinham para cima. Essas mil e poucas pessoas que ele colocou para trabalhar - e era 24 horas, não tinha natal nem ano novo, de Porto Velho a Colorado, aonde nós tínhamos linha – exacerbaram-se na fiscalização, mas nunca encontraram nenhuma irregularidade. Até hoje, não recebemos nada, teve uma multa, mas nós fizemos a defesa e estamos tranqüilos com relação a isso. Estamos aqui há 41 anos, passaram vários governos e ele ficou oito anos no governo e não conseguiu achar nada, mesmo colocando mais de mil pessoas para nos fiscalizar e nada conseguiu. Toda passagem é selada, passa pelo selo do governo antes da emissão. Então, não tem como você sonegar imposto. A Eucatur, hoje, tem mais de 800 ônibus emplacados em Rondônia e essa receita vem 50% para os municípios e 50% para o estado. Além de tudo, a empresa está há 41 anos como nós gostamos, administrada pela nossa família, liderada pelo Assis, meu irmão, que é o proprietário,e pelo senador Acir. Mas o grupo também investe em tecnologia e temos a empresa de granito, a Gramazon. Estamos mandando granito para o mundo inteiro, chega a Nova York, a Las Vegas. Em Las Vegas tem um monumento numa esquina feito com granito de Rondônia. A Gramazon é ma empresa sofisticada, corta grandes blocos de pedras que, às vezes demora 3 dias para serrar e tudo é computadorizado. Os maquinários vieram todos da Itália. Temos os melhores granitos do mundo. Eu sempre falava aos Italianos que está na Índia e no Brasil, principalmente na Amazônia, o granito mais duro do mundo. Por exemplo, nós temos várias obras nacionais, como a reforma do Cristo Redentor, em que o Bradesco e a Rede Globo fizeram as escadas rolantes e em cada platibanda daquelas tem um granito. Quando estive lá me senti todo orgulhoso porque é granito de Rondônia, é da linha de Machadinho, do 5ºBEC. Mas também mineramos granito em Cacoal, Ariquemes e de outros municípios, porque tem essas pedras monstras e o que você planta em cima de uma pedra? Nada. A gente compra ou dá uma comissão para o dono dessas aéreas com pedras, por bloco. A Gramazon retira os blocos, que é de 28 a 30 mil quilos cada bloquinho daquele. A gente dá uma comissão, o camarada ganha, nós ganhamos e o mundo ganha, porque é uma beleza as nossas pedras, uma das mais bonitas do mundo. O governador Ivo Cassol tentou e tentou muito, mas não encontrou nada, nos multou, mas fizemos a defesa das multas porque de repente um funcionário nosso brigava com um funcionário dele que, às vezes, eram bravos, não pegava a lista de passageiros que ele queria aí ele dava uma multa de um milhão, 500 mil, 100 mil, coisa absurda. Essas coisas aconteceram, mas foram todas questionadas na justiça. A empresa fez a defesa, não perdeu nenhuma, porque o que nós recolhemos é o imposto da passagem, e a lista de passageiros é normal, tem o selo na passagem. Mas, politicamente, hoje, o Ivo está mais tranqüilo, agora é Senador da República, está mais “paz e amor”. Não sonegamos, somos um dos maiores geradores de empregos no Estado. Nosso grupo empresarial investe em vários segmentos, como a Rede TV, investiu em fazenda, está investindo agora em reencapadura de pneus. Agora estamos fazendo uma grande obra aqui em Porto Velho. Desse modo, não prosperam essas acusações de sonegação de impostos.

Tudorondonia: Voltando a falar sobre o Detran e eu como jornalista vejo que há muita reclamação com relação a abordagem da Lei Seca. Essa semana, assisti no Jornal Nacional e me chamou a atenção uma coisa: um jovem que foi acusado de acender um rojão que matou um cinegrafista da Rede Band, no Rio, foi preso na Bahia e ele nem foi algemado nem colocado no camburão. As pessoas reclamam que a Lei Seca aqui, só pelo fato de as pessoas serem suspeitas de terem bebido, são colocadas no camburão.Não está havendo um excesso de zelo dos agentes da Lei Seca, tratando o cidadão como se ele fosse uma criminoso?

Airton Gurgacz: Olha, isso aí quem faz a operação e a Polícia de Trânsito, , comandada pelo Major Lisboa, e sempre que as pessoas reclamam eu tenho conversado com ele, mas ele diz que não acontece isso. Então seria bom que as pessoas que passassem por isso fizessem denúncia ao Ministério Público, que fossem à imprensa, ao Detran, ao Comandando do Batalhão. O Detran reformou o primeiro batalhão da Petran e asseguramos apoio para eles poderem trabalhar com dignidade. Agora é estranho, porque já ouvi algumas reclamações. Mas para ser preso e algemado, somente quando há alguma alteração, quando a pessoas esta alterada, bêbada. Até fazemos um pedido nas nossas campanhas, nas ruas. Nós temos uma escola de trânsito que ajuda nas ruas, convocamos os funcionários, distribuímos panfletos nas ruas, as pessoas até voluntariamente nos ajudam. Funcionários de carreira do Detran se mobilizam pela melhoria no trânsito e vão entregar panfletos para que as pessoas não bebam, fazem campanhas à noite nos bares, alertando aos que  estiverem bebendo para não dirigem. A  orientação nossa é que chamem um táxi, porque bebida alcoólica no trânsito é uma desgraça, o que tem matado de brasileiros no transito. Quantas tragédias provocadas pela irresponsabilidade de quem bebe e pega o volante temos testemunhado? Agora, neste carnaval, na quarta-feira de cinzas, você verá a quantidade de mortos. As estatísticas vão dizer no Jornal Nacional e em qualquer jornal você vai assistir. E isso, para nós, como ser humano, é muito triste, nós não queremos que isso aconteça, que pessoas se suicidem dessa forma.

Tudorondonia: Não está na hora de monitorar a operação Lei Seca com serviço de filmagens, como já acontece na Policia Rodoviária Federal, que tem as abordagens filmadas com uma câmera no capacete ou no óculos do policial, para evitar esse tipo de constrangimento ao cidadão ou esse tipo de reclamação?

Airton Gurgacz: Sim, nós temos que partir para esse caminho para evitar esse tipo de constrangimento ao condutor do veículo. Vamos buscar essa orientação de algum Estado que já esteja fazendo isso para implantarmos aqui em Rondônia também. Não é justo, acho que o camarada está errado, mas tem que ser tratado com decência, porque nós todos erramos, mas temos que evitar os exageros da polícia, o cidadão não pode ser tratado como bandido

Tudorondonia: Bandido deve ter tratamento de bandido né?

Airton Gurgacz: É, mas, às vezes, o ser humano numa festa se excede, se alegra, se enturma e aí, quando se dá conta,se excedeu, passou da conta. Mas não devemos dirigir nessas condições. É bom evitar. Chame um táxi, deixe o carro para buscar amanhã, porque hoje, uma multa, com todo o constrangimento que você passa, chega na faixa de quase dois mil reais. É muito dinheiro. Então, chame um táxi, gaste uns 50 reais, isso é mais bacana e mais barato. O pessoal de Porto Velho é ordeiro e trabalhador, mas constatamos que todo final de semana tem 30/40 pessoas dirigindo embriagado e digo mais: temos apenas 300 homens no nosso Batalhão de Trânsito. Era para ter 3 mil.

Tudorondonia: Vamos politicar um pouco. Politicamente falando, seu partido, o PDT, continuará a marchar com o PMDB nas eleições de 2014?

Airton Gurgacz: Positivo e operante.
 
Tudorondonia:  Mesmo se não for o candidato Confúcio que ainda não se decidiu, o PDT continuará marchando com o PMDB ou poderá ter uma candidatura própria?

Airton Gurgacz: O nosso compromisso é com o governador Confúcio, com o PMDB e de a gente seguir com o PMDB e marchar com o Confúcio Moura. Disso você não tenha dúvida nenhuma. O nosso compromisso foi feito lá atrás, o PDT vai apoiar o governador Confúcio Moura. Agora, nós estamos nessa indecisão, mas nós estamos pedindo que o Governador decida logo, para que comecemos a pedir voto e trabalhar, pois campanha é diariamente. O PDT está fechado com o Confúcio, tem esse compromisso, e nós iremos até o fim.

Tudorondonia: Há especulação que, mesmo que continue coligado com o PMDB, o seu nome não deverá constar na chapa para reeleição como vice, houve uma ruptura ou uma quebra de confiança entre o senhor e o governador Confúcio Moura ou não?

Airton Gurgacz: Não, nunca houve ruptura, nunca tivemos problemas. Pelo contrário, o Governador tem me tratado muito bem, sempre me tratou, eu sou um fã dele, sou um fã desse cidadão chamado Confúcio Moura, aprendi a conhecer, aprendi a gostar como ser humano, como administrador. Respeito o carinho que ele tem pelas pessoas. Às vezes até acho que as pessoas abusam dele demais, mas eu acho e o tenho como um cidadão de bem. Eu sou um cara que sou fã do Governador Confúcio Moura pela forma como ele trabalha, pela forma que ele conduz. Penso que ele tem a cabeça 30 anos à nossa frente e, por isso, de repente alguns secretários não conseguem acompanhar o  raciocínio dele. Ele é uma grande camarada e não tenho dúvida disso, eu torço por ele. Sabemos da seriedade do governo dele, o que ele faz, do pensamento dele. Agora nessa coligação encabeçada pelo PDT e PMDB tem mais de 17 partidos e, de repente, pode haver uma imposição de não aceitarem meu nome para vice, mas é natural que eu seja vice. Se houver essa constatação, e se precisar, de repente a gente até abre mão e eu vou para deputado estadual. Não sei, mas isso também é uma conjuntura, se por acaso houver alguma bronca, alguma confusão, a gente vai chegar num acordo final.

Tudorondonia: Qual a sua avaliação em relação as ações do Governo?

Airton Gurgacz: Olha eu vou, claro, sou suspeito, mas sou sincero na minha avaliação. O Estado está um canteiro de obras. Em Ji-Paraná, fazia anos que nós não tínhamos tanta obra do Governo do Estado, e em todos os municípios é assim. O que nós não conseguimos é transparecer isso para a nossa população. O Governo do Confúcio tem feito muito pela população dos 52 municípios, independentemente do partido dos prefeitos. Eu acho fantástica essa postura dele em atender a todos, mesmo os que falam mal dele. Entendo que ele governa para o Estado e para o povo de Rondônia, não governa para o prefeito “A” ou “B”. O Governador vai aos municípios que são contra, chama o prefeito inaugura, leva verba para todos independente de partido e isso eu acho a coisa mais agradável, mais bacana. Vejo um canteiro de obra no nosso Estado e eu não tenho nem dúvida da reeleição dele, pelo que ele está fazendo no nosso Estado. Fazia anos que não se via um governador igual ao Confúcio. Reitero que o Governo tem dificuldade de informar sobre essas realizações ao povo. Como fazer, eu não sei e nem sei as razões disso está acontecendo, mas está melhorando muito. Em Ji-Paraná, por exemplo, acredito que o Confúcio terá de 70 a 80% dos votos na eleição.

Tudorondonia: O senhor acredita que a administração do Confúcio e a sua também conseguiu cumprir aquilo que foi prometido em campanha?

Airton Gurgacz: Não. Muita coisa não deu para cumprir, não deu em quatro anos, mas falta muita coisa por fazer e, por isso, a gente tem que dar continuidade a esse trabalho que está sendo feito e vai ser feito. Com certeza a gente ganha a reeleição. O governado Confúcio se reelege e aí conclui, finaliza todos os compromissos dele. Mas é difícil em quatro anos. Tivemos várias greves e você sabe disso. Esses movimentos (mais de 15 greves) atrapalharam bastante o Governo, mas ele foi dando conta com a sua habilidade, foi conseguindo sair dessa situação e está ai, firme, trabalhando muito. Este ano você vai ver o que vai acontecer com tantas obras inauguradas, não é porque é um ano eleitoral, mas é porque vai acontecer muita inauguração de obras, em todos os municípios do nosso Estado.

Tudorondonia: Se estivesse no lugar do governador Confúcio, o que o senhor faria de diferente para melhorar o desempenho do governo?

Airton Gurgacz: Talvez nessa questão de divulgação que o governador Confúcio não gosta muito de fazer. Eu penso que ele tem uma dificuldade, não gosta de está mostrando muito o que está fazendo. Eu faria isso, mostraria mais para a população e cuidaria um pouco mais do esporte e da cultura do nosso Estado. Foi um setor em que não foi possível fazer muito, mas acho que no ano que vem, no próximo mandato, nós vamos concluir essa questão de um belo estádio na capital. Eu, que gosto tanto de esporte, estou falando isso e é bom que você coloque isso - eu adoro futebol e adoro outras modalidades esportivas -, nem quero saber qual é o time que está jogando, mas estou lá na frente da televisão assistindo. Eu acredito que no próximo governo essas coisas serão tratadas com muito carinho e não teremos tantos problemas. Para mim, o governador tinha que reforçar a equipe de divulgação, ser mais atuante, porque o Governo faz tanta coisa e não capitaliza. Ele fala que é o jeito dele de governar, então tenho que respeitar a forma dele de governar. Eu já agiria de outra forma; vamos fazer, vamos mostrar para o povo, para a população. Mas esse é o estilo do Confúcio, assim ele foi como prefeito e como deputado federal.

Tudorondonia: Como vice-governador, diretor do Detran e claro, um homem de confiança do Governo, o que o senhor sabe sobre essas  denuncias de corrupção envolvendo os familiares do Governador, cunhado, irmãs?

Airton Gurgacz: Olha, eu só ouvi falar isso pela imprensa. Nunca vi documento nenhum, nunca provaram nada, porque de repente é bom você falar e provar. Eu nunca vi documento, por isso eu acredito muito no Governador e na sua família. Penso que, se você tem alguma denúncia, faça, mas apresente as provas.
 
Tudorondonia: Para encerrar, qual é a avaliação do PDT, já que o partido indicou o vice-prefeito da capital, em relação a esse primeiro ano da administração do prefeito Mauro Nazif?

Airton Gurgacz: Bom, nós vimos assim. Na atual situação, o Mauro tem sofrido muito. Ele pegou uma prefeitura numa situação muito desagradável, eu acabei de falar para você que depois de 22 anos nós conseguimos, Detran e Prefeitura, acertar uma conta que tínhamos com o município de 1,7 milhão, mas que a prefeitura não conseguia fazer convênio com o Detran. Como estamos repassando, agora, 4,1 milhões de reais, resolvemos essa questão na Justiça e teve muito problema no final da administração anterior. Vimos até que  o Roberto Sobrinho não conseguiu terminar o mandato e o vice, Emerson Castro, assumiu e houve muitos problemas. Aí você pega o tempo de inverno, com essa chuva toda, e você vê o que estamos passando agora. Mas a Prefeitura de porto Velho tem notícias boas para esse ano. Já chegaram 13 ou 14 máquinas novas que o Mauro comprou e está recebendo várias e várias máquinas novas, porque o município não tinha nada de novo na Secretaria Municipal de Obras, era tudo alugado por hora e ele está conseguindo reverter isso. Tem uma notícia também de que ele está trazendo a equipe do Jaime Lerner para fazer um projeto de urbanização da nossa capital, e precisa mesmo, porque, do jeito que está não pode ficar, tem que dar uma mexida. Eu me lembro de Cascavel (PR), a nossa cidade, que era uma cidadezinha bem tímida. Hoje, se você ver o que o Jaime Lerner fez em nossa cidade, a beleza que está. O povo reclamou muito, não foi fácil, mas hoje, Cascavel é uma metrópole, a coisa mais linda de se ver, de se morar, de se andar, com o trânsito bem organizado. E o Jaime Lerner tem uma equipe que tem serviço  feito até em Nova York. Então, podemos ter essas melhorias aqui também. O pessoal vai reclamar, mas tem que fazer. Acho que esse ano será o ano em que o Dr Mauro começará a dar o grande passo para melhorar nossa capital. Ela merece ser uma bela cidade. Aqui, na região Norte, temos Rio Branco (AC) que melhorou muito. Temos Manaus (AM), Cuiabá (MT) está bastante esculhambado, mas estão mexendo bastante e quando ficar pronta será muito bonita. E assim vai acontecer aqui, com o Dr. Mauro. Eu acho que ele está no caminho certo e vai concluir sua administração com uma popularidade lá em cima.

Tudorondonia: Seu Airton, eu queria uma mensagem ao povo de Rondônia, ao povo do Porto Velho.

Airton Gurgacz: Bom, uma mensagem que a gente deixa é que nós, o Governo do Estado, o Governo da Cooperação, o governo do Confúcio está preocupado em melhorar a qualidade de vida do cidadão. Ele está andando toda hora, finais de semana inaugurando obras, construindo e não pára um minuto, e nós estamos com ele nessa empreitada. À população de Porto Velho, a gente espera com certeza que o Dr. Mauro, junto com o Dalton Di Franco, comece a transformar essa cidade até o final do mandato. É uma cidade que tem problema, que todos nós conhecemos, eu conheço essa cidade há 38 anos. A população pode ficar tranqüila quanto a isso, não tenho dúvidas. Vamos sofrer um pouco esse ano, mas o Estado estará melhor e a nossa capital, com  certeza, no final do ano, estará uma bela cidade, com muitas obras, pois quando você quer construir, quer fazer, ela causa transtorno mas será bom para o futuro disso nós podemos ter certeza.

Carlos Araújo: Obrigado pela entrevista...