Eu apoio a greve dos federais!

Valdemir Caldas

Publicada em 27 de August de 2015 às 09:42:00

A greve, como todo mundo sabe (se não sabe, devia saber), constitucionalmente, é um recurso legítimo de que dispõe o trabalhador, quando esgotados todos os canais de negociação. A greve, porém, jamais deve ser um exercício de oposição política a serviço de interesses pessoais, partidários ou sindicais.

Antes, é essencial que se constitua num instrumento apartidário de reivindicação lúcida e justa do trabalhador. O grevismo irresponsável é a negação de tudo isso e, consequentemente, não cabe na moldura do ético, posto que não leva em consideração o interesse coletivo.

Há quase um mês, servidores federais, em Rondônia (e noutras partes do Brasil), estão paralisados. A luta é por melhores salários. O governo do PT conhece, como ninguém, as carências e necessidades da categoria, mas não tem feito nada para aquinhoar decentemente os que prestam serviços à máquina burocrática; antes, porém, os despreza.

O momento, como se sabe, é de crise. Uma crise que não poupa nenhum setor da população. Mas não custa destacar que ela não começou hoje, nem é justa jogar a responsabilidade nas costas do funcionalismo, cuja maioria, desde há muito, vem arcando com o ônus sozinho, refletido nos parcos salários e nas péssimas condições de trabalho.

Lamentavelmente, o governo do PT, que, antes de chegar ao poder, tinha no funcionalismo público uma de suas bandeiras de luta, insiste em fazer ouvido de mercador às justas reivindicações da categoria. A recusa do petismo ao pleito dos servidores, que reivindicam 21,63% de aumento, só pode ser entendida como descaso.

E não me venham com essa conversa mole de que o governo está no limite daquilo que lhe permite gastar a Lei de Responsabilidade com pessoal. Se a folha de pagamento está pejada, deve-se à gastança irresponsável com a manutenção de cargos comissionados, em sua maioria, apaniguados e cabos eleitorais de políticos, sem nenhuma capacidade para o exercício da função.

Se esse governo, que passou a vida inteira promovendo greves, se recusa a sentar-se à mesa de negociação, o movimento precisa continuar. E eu o apoio. O mesmo precisam fazer as centrais sindicais, que tantas vezes saíram às ruas deste país, vestindo a camisa do funcionalismo público, mas que andam caladas na administração petista. O que se esconde por trás desse silêncio sepulcral?