Greves não me incomodam

Professor Nazareno*

Publicada em 08 de October de 2015 às 13:04:00

 

            Ouvi dizer que os ônibus urbanos de Porto Velho estão parados já há uns três ou quatro dias. Nem percebi, pois não gosto de me meter em movimentos grevistas que quase sempre terminam em bagunças e que envolvem, na maioria das vezes, pessoas desocupadas e radicais. Não posso e nem devo me preocupar com estas “coisas menores”, pois tenho três carros que uso diariamente para o meu transporte e o da minha família. Nunca entendi por que vários veículos ficam parados e seus proprietários não querem atender à população que deles precisa. Sou funcionário público e sempre cheguei na hora certa ao meu trabalho. As pessoas insistem em arranjar empregos longe de suas casas e por isso sofrem quando acontecem estes incômodos. Claro que isso é de propósito e também para dar uma desculpa para se atrasar em seus locais de trabalho.

            Porto Velho não precisa muito de transportes coletivos. Com aproximadamente 500 mil habitantes, é uma cidade plana quase sem ladeiras íngremes. As pessoas deviam caminhar diariamente apreciando de graça as belas paisagens, economizando dinheiro e contribuindo dessa forma para uma vida mais saudável. O sol não incomoda e quase não é percebido, pois as muitas árvores nas ruas e avenidas dão a impressão de estarmos sempre na sombra. Era para todo mundo da capital comprar carros ou motos para a sua locomoção. Se isso acontecesse, nossa mobilidade urbana seria muito melhor. Por isso, entende-se que a falta de consciência da maioria dos nossos habitantes é um dos nossos maiores problemas. Com uma semana sem ônibus, a vida caminha normalmente sem nenhum contratempo mais sério e dá gosto ver as pessoas alegres e felizes caminhando.

            Além do mais, o prefeito Mauro Nazif, agindo como um verdadeiro estadista, já providenciou transporte gratuito para todos. A Câmara Municipal da cidade, o vice-prefeito Dalton di Franco, todos os vereadores e demais autoridades do município, preocupados com o possível sofrimento da população, não mediram esforços para socorrer a todos que precisarem do Poder Público. Até o Governo do Estado, o Poder Judiciário e a Assembleia Legislativa estão a postos para ajudar os mais necessitados. A falta de ônibus na capital dos “destemidos pioneiros” mobilizou toda a sociedade civil organizada numa corrente cívica e patriótica. OAB, Maçonaria, Igrejas evangélicas, quartéis das Forças Armadas, escolas públicas e particulares, entidades de classe e até cidadãos comuns, todos juntos num objetivo único: ajudar, sem restrições, o próximo.

            Por isso eu não me preocupo com nenhuma greve. Elas são boas, pois unem as pessoas. Se houver esses movimentos absurdos nas escolas, por exemplo, eu nem me mexo. Meus filhos estudam num ótimo colégio particular da cidade. Educação pública é para os mais necessitados e é normal que uma vez ou outra os professores queiram um pouquinho de aumento em seus já altos salários. Greve na Polícia? Eu moro num excelente e seguro condomínio fechado e tenho até seguranças particulares para garantir a minha proteção e a da minha família. Já que estou protegido por todos os lados, por que me preocupar com a angústia e o sofrimento alheios? Dos pobres e necessitados, o Estado e o Poder Público cuidam. A minha única preocupação é com o preço da cerveja, claro. E por falar em comemorações, o jogo do Brasil hoje contra o Chile vai ser demais. Viva o Brasil! Viva Rondônia! Viva Porto Velho! Viva os nossos políticos!

*É Professor em Porto Velho.