Incêndios e queimadas pioram em setembro; Porto Velho ultrapassa 18 mil focos de calor em dois meses

O município de Porto Velho ultrapassou a marca de 18,8 mil focos de calor entre 1º de agosto e os primeiros 14 dias de setembro, informou nesta segunda-feira (14) o coordenador de operações do Corpo de Bombeiros Militar .

Publicada em 15 de September de 2015 às 23:43:00


O calor é de rachar, a fuligem cobre a cidade, o ar está irrespirável durante o dia, noite e madrugada. Temperaturas entre 35 e 40 graus ºC no final de semana agravam o clima de estiagem em Rondônia, que piora a cada dia com o aumento dos focos de incêndios e queimadas e a falta de chuvas.

O município de Porto Velho ultrapassou a marca de 18,8 mil focos de calor entre 1º de agosto e os primeiros 14 dias de setembro, informou nesta segunda-feira (14) o coordenador de operações do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBM-RO), tenente-coronel Lindoval Leal. “No mês passado tivemos 13.070 focos e desde o início de setembro já totalizamos 5.776″, ele comparou.

Segundo o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Porto Velho, o fenômeno El Niño [o menino, ou criança] continua influenciar o clima no trimestre setembro-outubro-novembro também na Amazônia Ocidental Brasileira.

“Águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial manterão o padrão de aquecimento nas regiões de Niño, alterando a circulação atmosférica e modulando o clima durante esse período na Amazônia Legal”, analisam conjuntamente os centros gestores do Sipam em Porto Velho, Manaus e Belém.

No final de semana, distribuidores de água mineral na Capital de Rondônia receberam pedidos em dobro. Em alguns supermercados, o estoque esgotou-se, obrigando as empresas a operações de emergência para atender à demanda. No interior, a fumaça cobre estradas vicinais e rodovias. Na BR-364, a Polícia Rodoviária Federal redobrou a vigilância e apelou aos motoristas para que tenham todo cuidado, especialmente em ultrapassagens.

Baseado em dados de satélites atualizados na véspera do encerramento da primeira quinzena de setembro, o tenente-coronel Leal apontou a classificação dos 15 maiores causadores de focos de calor estado: Machadinho do Oeste (2.871), Nova Mamoré (2.220), Cujubim (1.847), Candeias do Jamari (1.406), Campo Novo de Rondônia (611), Buritis (966) Vilhena (499), Costa Marques (429), Alto Paraíso (405), Itapuã do Oeste (306), São Francisco do Guaporé (291), São Miguel do Guaporé (238), Pimenta Bueno (228) e Vale do Anari (223).

DEMANDA REPRIMIDA

Somente no município de Porto Velho [34 mil quilômetros quadrados], onde há dificuldades de deslocamento e áreas de difícil acesso, os bombeiros atenderam a 157 ocorrências de incêndios florestais no período de 1º a 31 de agosto. “Tivemos demanda reprimida de 74 ocorrências; em setembro, o número de ocorrências atendidas diminuiu para 25, com demanda reprimida de sete”, informou hoje o assessor de comunicação social, coronel Nivaldo de Azevedo Ferreira.

Em ato presidido pelo comandante da corporação, coronel Sílvio Rodrigues, 89 novos soldados ouviram instruções e assumiram seus postos na manhã desta segunda-feira, no quartel do Comando Geral do CBM-RO. Desde o mês passado, bombeiros do setor administrativo também foram convocados para atender a situações emergenciais em Porto Velho.

Em estado de emergência ambiental, o município concluiu o primeiro semestre de 2015 com mais de trezentas ocorrências de incêndios e queimadas urbanas, quase o dobro do total de 2014, que registrou 164. Para minimizar o impacto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente contratou brigadistas civis e conta com o apoio do CBM-RO, Ibama e ICMBio.


AGUDA ESTIAGEM

Segundo o Setor de Hidrologia do Serviço Geológico do Brasil-CPRM, em junho choveu 114.7 milímetros. No biênio julho-agosto, o índice de chuvas foi zero. Já neste mês de setembro choveu no dia 1º (2.1mm) e nos dias 2 (12.5mm) e 4 (6.3mm), totalizando 20.9mm.

Se comparados à pluviometria de março-abril, esses índices são ínfimos. Em março choveu 295.1mm e em abril, 317.7mm, totalizando 612.8mm nesse período. O acumulado do ano soma 1.462.7mm.

Em seu mais recente prognóstico, divulgado conjuntamente nesta segunda-feira, os centros gestores do Sipam estimaram que as chuvas deverão ficar “abaixo da normal climatológica em grande parte da porção norte da Amazônia”. Essa região abrange os estados do Amapá, Pará [norte paraense sudoeste, Baixo Amazonas, Marajó e região metropolitana de Belém e nordeste], noroeste do Maranhão, Roraima, centro-leste do Amazonas, e também no norte e nordeste de Mato Grosso.

Segundo o Sipam, Rondônia e Acre seguem com temperatura acima da climatologia nos dois estados, o mesmo ocorrendo nas regiões norte e sudeste paraense, centro-norte do Maranhão, no Tocantins, centro-leste do Amazonas, Roraima e Mato Grosso.

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes