Jornada CientÃfica apresenta dados sobre casos de sÃfilis em Rondônia nos últimos 13 anos; evento segue até esta quarta
De 1998 a junho de 2014, foram notificados um total de 216 casos de sÃfilis congênita em menores de um ano.
Números do setor de Estatísticas da Agência de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa) apontam um crescimento em casos de sífilis congênita – quando a doença é transmitida pela mãe – de 24% nos últimos 13 anos no Estado. De 1998 a junho de 2014, foram notificados um total de 216 casos de sífilis congênita em menores de um ano.
De acordo com o estudo do Núcleo de DST/Aids e Hepatites Virais da Agevisa, nesse período o ano de 2002 não registrou nenhum caso. De 2003 a 2008 houve oscilação no número de casos, variando de 4 a 10 casos por ano. Após 2009, houve aumento grande, chegando a um total de 54 casos no ano de 2013.
Jornada conta com a participação de profissionais e acadêmicos da área de saúde
Os dados foram apresentados nesta segunda-feira (31), na abertura da I Jornada Científica Multiprofissional do Hospital de Base Ary Pinheiro (HB). A jornada acontece no auditório do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), em Porto Velho.
De acordo com a diretora-executiva do HB, Joelma Nascimento, a jornada faz parte do planejamento estratégico do Núcleo de Educação Permanente (NEP), que funciona há mais de três anos. A meta é ampliar os debates sobre os avanços do tratamento de doenças e o uso de novas ferramentas tecnológicas que ajudam os profissionais no dia a dia de suas tarefas.
Joelma destaca ainda o envolvimento do HB com a comunidade acadêmica. Este processo faz parte da preparação para que o Hospital de Base obtenha a certificação de hospital escola.
A jornada, direcionada a profissionais e acadêmicos da área de saúde, aborda também temas como: panorama dos transplantes em Rondônia; protocolo de morte encefálica”; transplante de medula óssea; malária assintomática; triagem auditiva em recém-nascidos; o profissional e a síndrome do esgotamento, entre outros assuntos. A jornada termina nesta quarta-feira (1), afirma Joelma Nascimento.
PANORAMA NO ESTADO
Natanael da Costa Arruda, chefe do Núcleo de DST/Aids e Hepatites Virais da Agevisa – palestrante durante a jornada -, afirma que dados do Ministério da Saúde (MS) apontam Rondônia como o Estado da Região Norte com menor número de casos de sífilis congênita.
De 2001 a 2009, Rondônia conseguiu manter-se abaixo da meta preconizada de 0,5 casos por 1.000 nascidos vivos. Do ano de 2010 em diante, essa taxa apresentou crescente aumento, com 0,7 em 2010; 1,2 em 2011; 1,8 em 2012; chegando a 2,0 casos por 1000 nascidos vivos em 2013.
Foi notificado ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) – portal ligado ao Ministério da Saúde, alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória -, que no período de 1998 a 2013, um total de 10 mortes por sífilis congênita foram registradas em menores de um ano, sendo que até o ano de 2000 não havia ocorrido nenhuma morte, afirma Natanael.
Em 2001, foi registrado um caso e, a partir de então só foram registrados casos novamente em 2008, que se manteve com o registro de um caso por ano até 2010. Do ano seguinte até 2013, foram registrados dois casos a cada ano.
Estudo sobre a sífilis congênita na capital do Estado evidenciou falhas nos serviços de saúde, especialmente no pré-natal. O estudo considerou medidas de vigilância, controle e prevenção adotadas mediante diagnóstico com notificação de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2012. Das 64 analisadas, a idade materna com maior prevalência foi entre 21 e 30 anos, num total de 57,81%, pardas 45,31%. A maioria é de mães donas de casas, 87,50%, que realizaram pelo menos seis consultas, 73,43%, segundo a Gerência Regional de Porto Velho.
Cerca de 46,88% das fichas não apresentam a unidade de realização do pré-natal. Deste total, 43,75%, foram diagnosticadas no pré-natal. Os dados apontam ainda que em 82,81% das mulheres com sífilis no parto, o tratamento foi inadequado em 40,63% das mães. Mostra também que em 51,56% dos parceiros não foram tratados.
A fonte notificadora em sua maioria foi o Hospital de Base Ary Pinheiro com 62,50% dos casos. O exame VDRL da criança foi reagente, ou seja, confirmou a doença em 76,16% dos casos, o diagnóstico clínico foi ignorado em 49,21% dos casos.
A pesquisa mostra a necessidade de os gestores promoverem a atualização dos profissionais de saúde, principalmente da atenção básica, com relação às doenças sexualmente transmissíveis (DST), para que se haja uma melhora na assistência durante o pré-natal.
Fonte
Texto: Zacarias Pena Verde
Fotos: Ítalo Ricardo