Mar de insegurança

Valdemir Caldas

Publicada em 16 de January de 2015 às 09:21:00

A Constituição Federal, em seu art. 144, diz que a segurança pública é dever do Estado, direitos e responsabilidade de todos. É exercida para a preservação da ordem e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através das policias civil, militar e federal (...).

Na prática, porém, pode o cidadão berrar, a plenos pulmões, que tem direito à segurança pública, que ninguém, certamente, o escutará. Não é de hoje, que a população portovelhense vem chamando a atenção das autoridades para a onda de crimes contra a vida e o patrimônio que domina a capital, mas tem pregado a ouvidos moucos.

Da criança ingênua e indefesa, ao idoso, cuja resistência é proporcional ao declínio dos anos, acompanhando da redução do vigor físico, todos estão à mercêda brutalidade e da maldade humana, que, com o passar do tempo, apresentam-se com características requintadamente criminosas.

O crime, seja ele organizado ou não, tomou proporções de calamidade, na pacata Porto Velho de antanho, assinalando uma escalada de selvageria que a todos preocupam, como se a cidade tivesse sido entregue de pés e mãos atados aos delinquentes de maior e de menor idade.

Somos prisioneiros do nosso próprio medo. Pagamos um rosário de impostos, taxas e contribuições, para vivermos atrás de muros altos, com cercas elétricas, vigilantes, rondas noturnas e outros instrumentos de segurança, enquanto os marginais andam tranquilamente pelas ruas, impondo suas próprias leis. Nem os templos religiosos escapam à ação do banditismo.

A população está cansada dessa situação e já não sabe mais a quem apelar para fazer valer os seus direitos. A cada dia explode um escândalo de corrupção, com milhões de reais sendo canalizados para os bolsos de catitas e ratazanas gulosas, e as nossas autoridades ainda têm a cara de pau de dizer que não há recursos para investir na segurança do povo.

No momento em que as autoridades resolverem encarar o problema da segurança pública com a necessária seriedade, e não apenas como peça de discurso eleitoreiro, talvez, assim, a sociedade deixará de viver flutuando nesse mar de insegurança.