Mauro Nazif soube das pressões sofridas por servidor para aprovar investimento de R$ 80 milhões em “fundos podres”, mas tentou por panos quentes

Segundo depoimento na PF, em troca de investimento de R$ 80 milhões em fundos podres, empresa acusada de fraudes iria investir na campanha de reeleição de Mauro Nazif.

Publicada em 12 de December de 2016 às 10:13:00

Da reportagem do Tudorondonia

O prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif (PSB), soube com antecedência das pressões que o servidor municipal  Rodrigo Ferreira Soares vinha sofrendo por parte do presidente do IPAM, José Carlos Couri, para aprovar investimentos de mais de R$ 80 milhões em fundos podres oferecidos pela empresa Planner, representada em Rondônia pelo empresário Aires Amaral. Em troca desses investimentos, a empresa financiaria a campanha de Mauro.

Segundo depoimento prestado na Polícia Federal, ao saber das pressões, a providência adotada pelo prefeito foi tentar por “panos quentes” e apaziguar os ânimos entre Carlos Couri e Rodrigo, auditor fiscal do município que até junho deste ano foi coordenador –administrativo financeiro do Instituto de Previdência de Porto Velho.

Na condição de coordenador, ele tinha assento no Comitê de Investimentos e era o responsável pela análise e gestão dos recursos previdenciários, bem como pelas aplicações do Instituto. O fato de recusar a aprovar o investimento acabou provocando sua exoneração, mas antes ele teve uma reunião com o prefeito, que tentou acertar as coisas entre o servidor e o presidente do IPAM.

O esquema para fraudar o IPAM, segundo declarações de Rodrigo à Polícia Federal, foi montado por Gilson Nazif, irmão do prefeito Mauro Nazif e então secretário municipal de Obras.

No começo do mês de janeiro deste ano, José Carlos Couri, presidente do IPAM, o chamou em sua sala e lhe disse que Gilson Nazif teria lhe procurado e dito que seria necessário que fossem investidos recursos da ordem de R$ 80 milhões num fundo de investimento da empresa Planner, tendo em vista a necessidade de angariar recursos financeiros para a campanha de reeleição do prefeito Mauro Nazif .

Rodrigo prestou depoimento à Polícia Federal e disse que:

“… tão logo fosse feito o investimento, a Planner ajudaria com recursos financeiros na campanha; que o declarante de pronto respondeu que o Comitê não poderia fazer esse investimento porque na política  de investimento do IPAM estão vedados quaisquer investimentos em instituições não oficiais. Que o declarante alertou a José Carlos Couri ter ouvido falar que a empresa Planner era suspeita do cometimento de fraudes envolvendo fundos de investimento”.

APAZIGUOU OS ÂNIMOS

Ao saber da briga entre o presidente do IPAM e o servidor, o prefeito Mauro Nazif tentou apaziguar os ânimos e mandou ambos trabalharem, mas as pressões continuaram nos meses de março até junho, quando Rodrigo  foi exonerado.