Natan não está só - Valdemir Caldas

Natan é acusado de ajudar a desviar mais de R$ 8 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa de Rondônia...

Publicada em 29 de August de 2014 às 14:21:00

Já disse alguém que, às vezes, precisamos repetir coisas óbvias porque nem sempre as pessoas conseguem enxergá-las. E, quando as enxergam, simplesmente fingem não entendê-las.

Essas considerações vêm à proposito da situação envolvendo o ex-deputado federal Natan Donadon, que está preso por corrupção em um presídio de Brasília, de onde escrevera uma carta, pedido aos eleitores de Vilhena que votassem em parentes seus, nas próximas eleições.

Em dado momento, houve quem se surpreendesse com a desfaçatez de Natan. Mas ele é o retrato, em preto e branco, da
política nacional, que nos conduziu a esse descalabro.

Não adianta buscar explicações. As coisas são óbvias. Pena que muitas pessoas não percebem, seja por comodismo, conivência, desleixo ou falta de autocrítica.

E quem são essas pessoas? As mesmas que ainda não aprenderam a exercer a cidadão, que se omitem no cumprimento do dever e, como eleitores, se comportam de maneira irresponsável, elegendo e reelegendo os mesmo farsantes, fariseus e ladravazes da política rondoniense.

E o pior é que essa gente acredita que vota bem. Será? Evidente que não! Caso contrário, não teríamos tantos escândalos e
tantas patifarias. Votar bem não quer dizer votar por motivo de ideologia, parentesco ou amizade. Quem assim procede está sendo tão mau cidadão quanto os que por ele são eleitos e metem as mãos sujas na cumbuca do dinheiro público.

O voto consciente precisa ter raízes fecundas na moralidade, na seriedade, na experiência acumulada no trato dos negócios
públicos, dentre outras qualidades indeléveis. Um corrupto não deixa de ser corrupto por ser parente dessa ou daquela pessoa.

Natan é acusado de ajudar a desviar mais de R$ 8 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa de Rondônia, na época em que seu irmão, Marcos Donadon, era presidente daquela cada e ele, diretor financeiro. Mesmo assim, foi eleito e reeleito deputado federal.

Por isso, Natan não está só. Seus pecados precisam ser compartilhados com seus eleitores. Interessante seria que
esses maus eleitores fizessem uma reflexão, uma autocrítica e começassem, desde já, a votar como verdadeiros cidadãos.