O monstro está de volta

Valdemir Caldas

Publicada em 21 de April de 2015 às 08:53:00

O portovelhense já começou a sentir no bolso as consequências da crise imposta pelo retorno da inflação. Nos três primeiros meses deste ano, o acumulado já chegou a 4%. No ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo bateu a casa dos 8,1%. É o salve-se quem puder.

É possível verificar, com frequência quase diária, o fechamento de estabelecimentos comerciais, sobretudos nos bairros da periferia. Somem-se a isso a redução das atividades produtivas e o aumento do desemprego. Em 2015, a economia brasileira vai escolher ainda mais, o que significa menos dinheiro no bolso do trabalhador. E, pelo andar da carruagem, não há luz no final do túnel.

A criminalidade ganha terreno, não importando a natureza do crime, como se honra e dignidade não encontrassem mais lugar no código das pessoas. O governo já deveria ter declarado estado de calamidade pública. As causas todo mundo sabe, mas ninguém quer enfrentar o problema. Um paliativo hoje, outra a manhã, enquanto as soluções vão sendo postergadas, até quando a população não suporta mais e sair às ruas para fazer justiça com as próprias mãos.

O fluxo migratório do interior para a capital continua em alta. Desamparado e entregue à sua própria desdita pelo poder público, o sofrido homem do campo já não sabe mais para quem apelar. A saída é abandonar tudo e tentar a vida na cidade, intumescendo ainda mais os bairros periféricos, tomados por buracos, lama, matagal e escuridão.

Despreparado para a vida difícil da cidade, ele acaba engrossando as estatísticas macabras da miséria e da criminalidade. Enquanto isso, a sociedade, aturdida, acompanha, a cada semana, o desvendar de novas patifarias envolvendo o dinheiro do povo, que não anda nem um pouco satisfeito com a atuação da nossa classe política, fato comprovado pela recente pesquisa realizada pela Fonte Real Consultoria, na qual o prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif (PSB), aparece com quase 100% de reprovação popular.

O modelo político-econômico está obsoleto, carecendo de mudanças profundas, pois em nada se coaduna com as legítimas aspirações da população. Infelizmente, ainda há os que teimam em remar contra a maré, insistindo nos mesmos vezos e costumes deploráveis do passado. Enquanto a presidente Dilma Rousseff não conseguir se desvencilhar da corrupção que arrasta o governo e o seu partido, o PT, para o ostracismo, a população se prepara para a volta do monstro inflacionário.