Petistas se irritam com a ida de Lula à PF, mas ninguém explica como ele fez fortuna dando palestras

Valdemir Caldas

Publicada em 07 de março de 2016 às 08:01:00

A condução do ex-presidente Lula, coercitivamente, por policiais federais para depor, sexta-feira (4), no pavilhão das autoridades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na 24ª etapa da operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras (considerado o maior esquema de corrução deste país), causou um tremendo rebuliço nos arraias petistas, aqui e alhures.

Depois que foi liberado pelos procuradores do Ministério Público Federal, Lula seguiu para a sede do Partido dos Trabalhadores, no centro de São Paulo, onde foi recebido por militantes do partido. O presidente do PT, Rui Falcão, chamou-o de “o nosso presidente”, esquecendo-se de que Lula deixou o cargo há muito tempo.

Em Rondônia, o presidente da executiva regional do PT, Padre Ton, não deixou por menos. Em matéria postada no jornal eletrônico Rondoniaovivo, o ex-deputado federal disse que o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores “são alvos de uma perseguição promovida pela PF e MPF”.

Ton e seus companheiros se esquecem de que Lula não é mais presidente da República e, como tal, está sujeito aos rigores da lei como qualquer pessoa. Se o cidadão comum pode comparecer à presença de um Juiz para prestar informações sobre determinados fatos, por que diabos não pode Lula? A menos, é claro, que ele tenha três testículos. Enquanto isso não acontecer, é igual a todos.

A verdade é uma só. Até hoje, Lula não conseguiu esclarecer como ganhou tanto dinheiro com palestras, alguma coisa em torno de vinte e um milhões. Ele também nega que não é dono do tríplex no Guarujá, nem do sítio em Atibaia, cujos imóveis, segundo investigadores da Lava Jato, foram reformados por empreiteiras envolvidas no escândalo do petrolão. 

Lula queria entrar para a história com o “pai dos pobres”, mas acabou sucumbindo às delícias do poder. À semelhança de José Dirceu, Delúbio Soares, Silvio “Land Rover” Pereira (ex-secretário geral do PT), João “Pixuleco” Vaccari (ex-tesoureiro do PT), José Genoíno e tantas outras figuras de seu partido, o ex-presidente parece que não resistiu à tentação do vil metal e caiu em desgraça.

Lula e seus amigos precisam aprender que a função pública não pode ser usada como instrumento para a conquista de privilégios pessoais ou de grupos. A Justiça não lhe proporcionará a saída pela janela indiscreta e providencial da impunidade.

Muitos companheiros seus estão atrás das grades. Logo, será a vez dele. É só uma questão de tempo. Esse negócio de perseguição política, golpe ou qualquer patacoada do gênero, é papo furado para tentar escamotear a verdade e convencer incautos, mas o povo não é bobo.