Programa de Humanização atinge 760 servidores do TJRO

Profissionais do setor psicossocial entregam relatório de atividades à Presidência.

Publicada em 03 de June de 2016 às 11:40:00

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Profissionais do Núcleo Psicossocial da Comarca de Porto Velho entregaram nesta quinta-feira, dia 2, o relatório de atividades do "Curso de Humanização do Atendimento Judicial", projeto que já atingiu 760 servidores em 13 comarcas e vem causando uma mudança positiva nas relações interpessoais e, consequentemente, no atendimento ao público, aumentando inclusive a produtividade.

Os resultados desta ação inovadora de Humanização, como conferiu o presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, desembargador Sansão Saldanha, estão também em depoimentos dos servidores, registrados no relatório.

humanizarel3"Trouxe reflexões para a minha vida pessoal e profissional, que agora espero colocá-las em prática", escreveu um dos servidores na avaliação feita ao final da capacitação. "Seria ótimo se tivéssemos mais cursos como este, pois é característica do ser humano se autoconhecer; incentivar e aprendermos mais sobre socialização e humanização", opinou outro participante. Houve também quem destacasse os efeitos do curso: "A iniciativa nos trouxe leques de possibilidades e avanços importantes, relacionados aos novos colegas. Uma coisa deve acontecer: o estreitamento do novo/servidor/digital com o servidor/analógico".

Para o presidente, o desafio da estratégia institucional na perspectiva "pessoas" está sendo cumprida, pois o projeto fortalece a aprendizagem organizacional e promove a valorização e humanização da gestão. "A qualidade do serviço ofertado está diretamente relacionada com uma cultura organizacional que favoreça a adequada realização das atividades laborativas dos servidores. Portanto, quanto melhor for a integração, a comunicação, o vínculo e o reconhecimento mútuo entre gestores, colaboradores e demais servidores das diversas instâncias, maior será a possibilidade de eficácia no atendimento ao jurisdicionado", refletiu.

Construção

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O projeto foi construído a partir de situações percebidas na instituição como o adoecimento emocional de servidores que lidam diretamente com situações de conflito, resultante das demandas dos processos. Diariamente, os corredores dos fóruns são percorridos por cidadãos em busca de seus direitos, bem como de outros que respondem pelo cometimento de crimes diversos, trazendo consigo suas expectativas, angústias e frustrações.

"A rotina de atendimento, muitas vezes, provoca danos e vulnerabilidades em quem acolhe anseios da população, comprometendo inclusive as relações entre os próprios colaboradores", esclareceu a psicóloga Mariângela Onofre, uma das ministrantes do curso.

A equipe é composta por psicólogos e assistentes sociais qualificados, do próprio TJRO, além de um massoterapeuta, que a partir da avaliação do estresse dos cursistas foi integrado ao projeto para atendimento individual e coletivo, com palestra de autocuidado.

Metodologia e Conteúdo

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O curso tem carga horária de 20 horas e são ofertadas para duas turmas no decorrer de uma semana. A primeira participa na segunda-feira e terça-feira das 8h às 12h e das 14h às 18h, e quarta-feira das 8h às 12h. A segunda turma inicia na quarta-feira a tarde e segue até sexta-feira, no mesmo horário.

Todas atividades são realizadas de forma expositiva e dialogada, com apresentação de slides, vídeos e atividades vivenciais, onde os participantes podem exprimir suas emoções e dificuldades cotidianas.

O atendimento massoterápico ocorre simultaneamente às aulas, em sala contígua e é complementar às outras atividades. Consiste em avaliação física e emocional do paciente, aplicação de técnicas massoterápicas pertinentes a cada caso, com as respectivas orientações preventivas, além de palestra citada anteriormente.

Os temas abordados demonstram o cuidado com o servidor e o investimento na ética como valor institucional: valores e preconceitos; convenção internacional de Direitos Humanos e atendimento judicial; a natureza dos conflitos judiciais e seus impactos no atendimento cartorário; a necessidade do autocuidado e autogerenciamento do estresse; comunicação e escuta ativa; inteligência emocional e construção de estratégias para melhoria da qualidade de vida dos servidores, bem como do atendimento aos jurisdicionados.

Ambiente organizacional

Ao longo da aplicação das dinâmicas, os profissionais detectam alguns pontos recorrentes a serem trabalhados, tais como assédio moral e conflitos entre servidores.

humanizarel4A falta de preparo prévio dos servidores dos cartórios e gabinetes para lidar com questões e materiais áudio visuais emocionalmente tóxicos como violência sexual contra crianças e adolescentes, homicídios, feminicídios, latrocínios, etc., é outra dificuldade apontada pelos profissionais. "A médio/longo prazo causam distúrbios emocionais e sociofamiliares", analisa a assistente social Maria Inês de Oliveira.

A maioria dos conflitos relatados no decorrer das atividades, segundo os técnicos, foram diluídos durante o próprio curso, uma vez que a proposta dos conteúdos abordados favorecem o desenvolvimento das competências emocionais,  imprescindíveis para o bom desempenho e produtividade.

Entre os aspectos positivos estão a estabilidade no trabalho, o reconhecimento social e a concretização do sonho de ser aprovado em concurso para o judiciário.