Reféns do medo

Valdemir Caldas

Publicada em 14 de September de 2015 às 09:59:00

Entra governo, sai governo. Mudanças na estrutura da segurança pública são anunciadas, com estardalhaço, mas os resultados positivos contra a violência estão cada vez mais longe de serem atingidos, consolidando-se, assim, a convicção de que as mudanças de alguns nomes importam pouco no comportamento de pessoas e órgãos.

Da criança ingênua e indefesa, ao idoso, cuja resistência é proporcional ao declínio dos anos, acompanhado da redução do vigor físico, todos, sem distinção, vivem à mercê da brutalidade, que escolheu Porto Velho como refúgio, onde a palavra segurança tornou-se um privilégio de poucos. Por que não um direito de todos, como reza o art. 144 da Constituição Federal?

A população está cansada de ver seus direitos sendo postergados. Por isso, reclama, com justa razão, por ações concretas do governo do estado nessa e noutras áreas da administração. Vivemos flutuando num mar de insegurança e não sabemos até quando continuaremos nele, enquanto as medidas profiláticas não saem dos discursos oficiais.

O momento é de perplexidade e de pavor, diante de tantas barbaridades, como se a vida fosse um papel inútil que se amassa e joga na lata de lixo. A sociedade está confinada no medo do dia a dia. O sucesso pessoal, como fruto da acumulação do patrimônio e da riqueza, tornou-se uma espécie de maldição, que ameaça, constrange e mata, ao invés de gratificar e premiar toda uma vida, como serial natural.

É preciso se colocar um basta em tanta violência. A situação atual impõe a união de todos, sem distinção de raça, classe social, sexo e religião. E os poderes constituídos, por sua vez, precisam implantar medidas eficientes no combate à criminalidade. É preciso passar o bisturi a fundo, doa em quem doer, alcance quem alcançar. O combate ao banditismo há que se dar em todas as frentes, desde a repressão aos pequenos e aparentemente inofensiva delitos, até o entrevero no boteco da esquina, geralmente por causa de uma dose de pinga.

Lamentavelmente, o sentimento de vingança, a qualquer preço, de rancor, de espezinhar e de maltratar o próximo está cada vez mais presente no coração de muitas pessoas. Ensina o livro de Provérbios que “o homem violento persuade o seu companheiro e guia-o por caminho não bom” (16:29). Nada justifica a violência. Satanás é o pai da violência. Por isso, devemos repudiá-la e cultivar amor pelas coisas de Deus.