Resenha política - Robson Oliveira

A grosseria de Confúcio Moura. Os boateiros, as usinas e a cheia do Madeira. As poucas chances de Moreira Mendes no STJ. A condenação do ficha suja Roberto Sobrinho.

Publicada em 19 de February de 2014 às 14:15:00

Alagação

Como mais um fenômeno cíclico que sempre ocorre no mundo, em Rondônia também, o Rio Madeira encheu, transbordou e bateu seu recorde desde a enchente ocorrida em 1987, alagando as mesmas ruas e avenidas que hoje estão submersas. Não é um fenômeno novo. Nem será o último. A natureza tem sua lógica que somente ela explica. A ação predatória do homem tem ajudado na inversão dessa lógica.

Assombro

Não será surpresa que nos próximos anos possamos registrar uma grande seca no rio madeira. Aliás, em trinta anos residindo na capital vi em várias oportunidades o rio raso e pessoas caminhando no meio do rio. Há pouco tempo parte da região norte foi assombrada com uma seca que secou literalmente rios importantes que compõem a bacia do Amazonas. São fenômenos que assombram. É aí que os alarmistas e boateiros de plantão entram para aumentar este assombro com suas previsões apocalípticas. E o fazem sem pejo nem respeito a nada.

Profecias

São muitas as profecias falsas que provocaram na população mais desavisada medo e transtornos. William Mille, em 1840, por exemplo, previu um incêndio de grandes proporções entre 21 de março de 1843 a 21 de março de 1844 nos EUA. Na data marcada a profecia não se confirmou, mas causou alarme. Ficou com conversa mole e começou a mudar a data, o que também não aconteceu. O incrível é que os seguidores dele formaram a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Profecias II

No final de 2012, a profecia de um pastor evangélico da Califórnia, Harold Camping, não se cumpriu. Foi o bastante para a revista Time listar o ‘top 10’ das falsas profecias. A única delas que possui registro na história bíblica foi o dilúvio que obrigou Noé a construir uma “Arca “(nem imagino o tamanho) para salvar as espécies, ainda assim, contestada e sem vestígios antropológicos ou arqueológicos de que realmente esta profecia tenha ocorrido”. Dois anos atrás apareceu um maluco que garantiu que o mundo acabava no dia 12/12/2012 – fizeram inclusive um filme com a estátua do Cristo redentor sendo engolida pelas águas.

Não precisamos nem comentar o resultado. O ‘Bug’ do milênio também foi outro fator que causou alarme. Meu computador da época foi trocado somente porque a Apple colocou outro melhor no mercado. Não foi em face do ‘Bug”.

Boato

O problema é que a humanidade convive e nutre certa atração pelo boato e pela fofoca. Ambas são “notícias” que uma pessoa passa para outra, contando fatos distorcidos. A maioria inverdades que levam a conclusões igualmente irreais. Diz o adágio popular que quem conta um conto, aumenta um ponto. Uma construção da imaginação de quem espalha: seja por interesses inconfessáveis ou por maldade. É o caso das previsões alarmantes que estão sendo espalhadas sobre o suposto rompimento das comportas das usinas. Com o agravante do acolhimento de autoridades desinformadas.

Confusão

Uma carta enviada pelos técnicos da Usina de Jirau aos dirigentes da Usina de Santo Antônio, avisando que o nível do armazenamento da água da segunda estaria afetando as ensecadeiras (pequenas barragens que são construídas temporariamente para desviar o leito do rio e possibilitar as obras) da primeira e que correria o risco de rompimento decorrente da infiltração, a missiva chegou à imprensa com a informação distorcida e causou toda confusão de que a capital estaria na eminência de um “dilúvio” com o rompimento das comportas das usinas.

Proteção

A ensecadeira tem como objetivo primordial proteger as turbinas (total de 50), que corriam risco de sofrer danos em função do aumento do nível do reservatório de Santo Antônio que estava sendo mantido acima do permitido pela Agência Nacional de Águas (ANA). Risco solucionado, uma vez que o nível foi estabilizado.


Influência Jirau não exerce qualquer influência sobre a enchente que está alagando as áreas mais baixas de Porto Velho, Ponta de Abunã, Guajará-Mirim, Nova Mamoré e outras localidades. São usinas projetadas modelo “fio d’água” que utilizam turbina bulbo nas suas unidades geradoras e que operam de forma horizontal com fluxo d’água sem necessitar um grande estoque de água.

Distorção

Como o conteúdo da carta era estritamente técnico e não esclarecia o significado de uma ensecadeira, o suposto rompimento da barragem pela infiltração da ensecadeira, conforme consta no aviso, interpretada por quem não possui habilidades técnicas com a matéria, levou a dedução de que se tratava de um alerta de Jirau para Santo Antônio de que a enchente provocaria a destruição das comportas. Razão pela qual os boateiros de plantão – propositalmente ou não – invadiram as redes sociais com informações falsas sobre o suposto tsunami que retiraria do mapa Porto Velho.

Remoção

Como são temporárias, essas ensecadeiras são removidas após a conclusão da obra, voltando o curso do leito a sua normalidade. A remoção está marcada para o abril próximo. Já os boateiros, tempo em tempo, voltam a disseminar suas mentiras, especialmente em ano eleitoral.

Mentira

Não há qualquer risco de que os engenheiros tenham errado nos cálculos de uma obra nacional que custará aos cofres públicos bilhões de dólares. O cálculo da vazão das usinas foi feito para suportar o dobro da capacidade do volume das águas. A vazão hoje não passa dos 50 mil metros cúbicos. Sem nenhum risco de romper as comportas.

Dano

Depois que as usinas estão quase prontas os ambientalistas de plantão não perdem tempo para apontar as falhas. Não é segredo pra ninguém, nem aqui nem alhures, que qualquer obra dessa magnitude provoca danos ambientais. Umas mais outras menos, mas todas provocam. É o preço que a humanidade paga para desfrutar de comodidade, conforto e progresso. É necessário apenas que os órgãos reguladores funcionem para coibir os danos não previstos nos projetos e aqueles provocados por falta de perícia ou negligência humana. Embora haja quem profetize o retorno às cavernas.

Mala Mesmo sendo uma pessoa que adora ostentar refinamento intelectual ao tratar das questões políticas, o deputado federal Amir Lando não se esquivou de enveredar para a onda alarmista do suposto tsunami na capital. Para limpar a barra com o eleitor rondoniense o parlamentar, em ano eleitoral, faz qualquer coisa. Pouco se importando com o conteúdo e sua repercussão.


Grosseria Foi realmente uma descortesia do chefe do Poder Executivo para com os membros do Poder Legislativo a saída sorrateira de Confúcio Moura do plenário da Assembleia Legislativa momento em que o deputado estadual Hermínio Coelho verberava mais uma das reiteradas grosseria contra o governo. Bem feito às vaias, pois qualquer neófito saberia antecipadamente que as cenas constrangedoras protagonizadas por ambos dirigentes dos poderes fatalmente iriam ocorrer. Uma grosseria não justifica ao outra.

Recurso

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) remarcou para 18 de março o julgamento do recurso interposto pelo deputado federal Rubens Moreira Mendes (PSD) contra a sentença de primeiro grau que lhe impôs a inelegibilidade. O parlamentar depende de uma decisão favorável para se lançar pré-candidato ao Senado. A jurisprudência sobre a questão não é favorável ao requerente.

Ficha suja

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso do ex-prefeito Roberto Sobrinho que pretendia discutir a condenação por improbidade administrativa por utilizar indevidamente símbolo alusivo ao Partido dos Trabalhadores em publicidade oficial paga pelo erário. Como o recurso não prosperou, ato de improbidade incide sobre a lei da ficha limpa o que coloca em tese o ex-prefeito fora das eleições. O relator foi o ministro Benedito Gonçalves que confirmou a decisão proferida pelo TJ rondoniense.