Não há a menor dúvida de que, no episódio do lixo, o Secretário Municipal de Serviços Básicos, senhor Ricardo Fávaro, pisou literalmente na bola. E feio! Os fatos falam por si sós. Negá-los seria o mesmo que tentar tapar o sol com uma peneira. Por isso, a melhor coisa que tem a fazer o prefeitoMauro Nazif (PSB) é mandá-lo para casa mais cedo. Depois dessa patacoada, sua permanência no cargo tornou-se insustentável.

É possível que a Semubs tenha cancelado o maldito processo de concessão do serviço de coleta de lixo, antes de a Câmara Municipal tê-lo sustado, por decreto, como disse Fávaro em matéria postada no jornal eletrônico Tudo Rondônia, mas isso não diminuiuem absolutamente nada o tamanho do estrago causado à administração Nazif. Antes mesmo de a prefeitura divulgar a vencedorado contrato milionário, já se sabia o nome da empresa. Isso é muito grave, principalmente para um governo que se diz sério.

O senhor Fávaro teria sido alertado tanto pelo Tribunal de Contas de Rondônia quanto pelo Ministério Público Estadual sobre os riscos de se levar adiante um processo administrativo eivado de irregularidades, como sustentou a própria Controladoria Geral do Município. Mesmo assim, preferiu ignorar os avisos, porque alegar desconhecê-los seria supimpa imbecilidade.

O pouco caso com que tratou o assunto só pode ser entendido como irresponsabilidade, disse o vereador Cabo Anjos (PDT), embora haja quem prefira usar outros adjetivos para caracterizar sua conduta. “É inadmissível que uma autoridade desconheça os deveres primários do seu cargo”, observou Anjos.

Seu comportamento, por certo, só contribuiu para piorar ainda mais a imagem de um governo que se arrasta entre a descrença, o descrédito e a revolta de uma população cansada de ser tratada como subproduto de apetites pessoais ou de grupelhos.

Às quinze horas de hoje, haverá uma Audiência Pública, no plenário da Câmara Municipal, a pedido do vereador Léo Moraes (PTB). Na pauta, o contrato do lixo. Vamos ver quem está falando a verdade. Além do senhor Fávaro, foram convidados representantes do Ministério Público e do Tribunal de Contas. Por motivos óbvios, prefiro acreditar nas versões do TCE/RO e do MPE/RO.

Um dos compromissos do então candidato Mauro Nazif, durante a campanha eleitoral que o conduziu à prefeitura de Porto Velho, foi acabar com o monopólio das empresas de transporte coletivo e reduzir o valor do contrato com a empresa responsável pelo recolhimento do lixo da capital.

Dois anos se passaram e, até agora, nada. Por enquanto, o que se tem visto é uma marmelada atrás da outra, com a Semtran e a Semubs liderando o ranking.