Situação de caos e desespero na agência da Caixa em Cacoal

“Há um funcionário que fica, diariamente, ‘entrevistando’ as pessoas, ainda na fila, antes de entrar na agência, para ver o que cada um fará lá dentro.

Publicada em 22 de August de 2014 às 11:23:00

Caos e desespero. É assim que classifica o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) a situação em que se encontra a única agência da Caixa Econômica Federal no município de Cacoal.

A exemplo do que vem - e continua - acontecendo na agência de Ariquemes, a rotina de funcionários, clientes e usuários da Caixa da Capital do Café é de muita revolta, já que a carência do quadro funcional, aliada a uma demanda gigantesca de clientes e usuários, promove um triste quadro onde trabalhadores e população sofrem mutuamente.

De acordo com o diretor da Regional Cacoal, Paulo Pereira dos Santos, a agência possui 24 funcionários, mas dois destes estão gozando de licença médica e mais dois estão participando de cursos promovidos pelo banco.

“Restam, assim, apenas 20 funcionários para atender centenas de pessoas todos os dias. E mesmo com os 24 trabalhando, ainda assim seria necessário o dobro de funcionários para se aproximar do número ideal para o atendimento diário nesta agência”, destaca Pereira.

O dirigente, em visita à agência, constatou que clientes passam mais de três horas para serem atendidos. Uma usuária consultada por ele disse que estava no local desde as 9 horas apenas para pegar o número do seu PIS e só foi atendida às 11h30.

A situação é tão grave que alguns funcionários são obrigados a ter que limitar o número de senhas diárias para atendimento de serviços como abertura de contas, empréstimos e cadastros.

“Há um funcionário que fica, diariamente, ‘entrevistando’ as pessoas, ainda na fila, antes de entrar na agência, para ver o que cada um fará lá dentro. Ou seja, avaliando que pessoa será ou não atendida, senão ele as orienta para ir a outro banco ou indica outras alternativas. Tudo isso somente com o intuito de minimizar o tumulto de pessoas que se acotovelam na parte interior”, detalha o sindicalista.

Paulo Pereira também acrescenta que o atendimento no setor de FGTS está sendo feito por pessoas terceirizadas, ou seja, prestadoras de serviço, e não por bancários qualificados, o que representa uma clara afronta à lei trabalhista.



JORNADA EXTRAPOLADA

O dirigente conta ainda que os bancários, por conta da demanda saturada de clientes e usuários, extrapolam a jornada de trabalho constantemente, fazendo até mais do que duas horas extras todos os dias.

“Esses funcionários trabalham muito mais do que duas horas extras e recebem, muitas vezes, somente essas duas horas extras, e não as excedentes. E mesmo com essa ampliação na jornada, eles não conseguem concluir seus serviços por conta de um pesado acúmulo de serviço. E, para piorar, esses trabalhadores continuam sofrendo as pressões para a venda de produtos, pelo cumprimento de metas desumanas”, acrescenta.



NO ESCURO

E como se não bastasse a pressão diária do gargalo do atendimento já comprometido e a consequente rotina de revolta, os funcionários ainda são ‘castigados’ com as condições precárias da unidade. Um exemplo é a área destinada à alimentação dos bancários, que tem três lâmpadas, mas apenas uma funciona.

Nos banheiros as lâmpadas também não funcionam e os empregados são, praticamente, obrigados a apelar para ‘gambiarras’ como vela ou lamparinas.

“É uma situação que não pode continuar, está insuportável. Temos que denunciar este descaso do banco com esta agência e com a população de Cacoal e região e, se for o caso, até mesmo fechar a agência para chamar a atenção da Superintendência da Caixa, das autoridades políticas e da sociedade em geral”, conclui Pereira.