Em Linhas Gerais: Semtran supostamente campeã de cargos públicos no município

Gessi Taborda 

Publicada em 14 de December de 2016 às 10:24:00

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FILOSOFANDO

As instituições políticas estão perdendo representatividade porque sofrem com um déficit perpétuo de poder, já que a moda de líderes e formadores de opinião é aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma.” ZYGMUNT BAUMAN (1925), sociólogo polonês, graduado na URSS, ex-professor na Universidade de Varsóvia, de onde emigrou em consequência das perseguições antissemitas, tornando-se professor-titular da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha.

 

ESTUPIDEZ

O cenário mais visível na manhã de ontem dentro da Assembleia Legislativa rondoniense servia para a constatação de como nossas mazelas mais primitivas estão erodindo os conceitos de respeitabilidade das instituições que deveriam se manter significativas para os melhores conceitos do estado democrático.

Transformar (com o beneplácito de deputados) a sede do legislativo estadual numa hospedaria para quem protesta pela ineficiência do governo do estado uma decisão estúpida.

 

DEBOCHE

“Um deboche para a tal ordem e progresso que deveria nortear as relações institucionais do aparato governamental”, como definiu um cidadão-contribuinte-eleitor assustado com as dezenas de colchões utilizados por manifestantes da polícia civil que dormiram no plenário e nas galerias do Legislativo na noite de segunda feira.

Para alguns observadores, o acontecimento promovido com o apoio de um deputado oriundo do PT, “foi apenas mais uma evidência da contaminação avançada deteriorando os bons costumes da política e imponência augusta das instituições”.

 

SEM REAÇÃO 

É certo que a invasão de prédios públicos (eufemisticamente chamada de ocupação) tem acontecido com frequência no Brasil, sobretudo em prédios escolares. Mas no caso de Rondônia a ocupação ocorreu de forma consentida. Nesse diapasão, o prédio da Assembleia, por uma questão de conveniência política pontual de algum membro da casa, poderá num futuro ser transformada, sem maiores problemas, no autêntico campo de refugiados.

Tudo isso acontecendo e nenhum membro do próprio poder vilipendiado reagindo na defesa de dogmas fundamentais daquela instituição. Péssimo exemplo de cidadania, de ordem, de progresso e de respeito para com as instituições representativas do povo.

 

DANDO AS CARTAS

Pura bobagem imaginar que os políticos rondonienses não se locupletaram com o dinheiro fácil distribuído pela Odebrecht para corromper e comprar políticos. É preciso não esquecer que a empreiteira mandou por vários anos em Rondônia, no período de execução das grandes obras. 

Certamente por aqui também o esquema não foi diferente. Uma fonte afirmou que quando as denúncias se tornarem mais densas em relação aos estados irão surgir até nomes insuspeitos que também tiveram “as mãos molhadas" para garantir benesses nas execuções das obras, com aditivos e superfaturamentos. É fácil identificar quais políticos rondonienses transitavam com desenvoltura em áreas de interesses do conglomerado Odebrecht.

 

CAMPEÃ

Por enquanto a conversa é apenas um informe. Se confirmada de forma oficial, a Semtran (que até onde se sabe não passava de um feudo das empresas de transporte coletivo e de taxistas poderosos) poderá ser conhecida como a recordista de funcionários em cargos de chefia. Pelo informe, cerca de 50 funcionários daquele nicho tem status de chefes. É literalmente muito cacique para poucos índios...

 

DESAFIO ENORME

Tornar as mudanças justas e socialmente legítimas, com a adoção de regras iguais para todos e o fim de regimes especiais para algumas categorias é o grande desafio da Reforma da Previdência.

Se a reforma consagrar a aposentadoria integral como um privilégio de castas do serviço público, enquanto impõe perdas pesadas à população, o projeto esbarrará na oposição dos sindicatos e empacará no Congresso Nacional.

 

MEMÓRIA

Ayres do Amaral continua preso no xadrez da Polícia Federal. Se abrir a boca para contar tudo o que conhece de políticos do andar de cima na composição do poder estadual poderá complicar a vida de muita gente. Afinal, eclético, já serviu a quase todos. Na eleição passada esteve do lado de Leo Moraes. Mas também transitou como muito poder ao lado do carismático Expedito Júnior, de quem já foi tesoureiro de campanha num passado recente.

 

JESUALDO

Aos poucos vai se formando um conglomerado de lideranças políticos interessados em fazer do nome de Jesualdo Pires (prefeito reeleito de Ji-Paraná) o nome consensual para disputar a sucessão estadual em 2018. Tido como um dos melhores executivos do estado, Jesualdo conta com a simpatia da mídia e do empresariado, especialmente de grandes produtores de grãos e da pecuária do estado.

 

REFORÇADA

A aprovação, com folga, da PEC do teto dos gastos públicos no dia de ontem, reforçou a governabilidade de Michel Temer. A vitória acachapante do governo afasta todos os riscos de uma segunda destituição do governo, pois abre caminho para as outras reformas propostas por Temer.

 

SEM SURPRESA

O lance inicial da Operação Imprevidência desfechado pela Polícia Federal com a condução coercitiva do irmão do prefeito, Gilson Nazif, e com a prisão de Ayres do Amaral explodiu como uma bomba, especialmente na política no nível do município.

Prontamente o (ainda) prefeito Mauro Nazif tratou de correr para um canal de televisão para dar uma resposta – no formato de entrevista – negando qualquer tipo de envolvimento na suposta montagem de um negócio escuso no âmbito do IPAM. As palrações do (desastrado) prefeito não surpreendeu ninguém. Negações de políticos quando pegos de calças curtas nessas operações da polícia é a praxe.

 

PROFUNDIDADE

A meritória ação da PF em mais essa operação simplesmente expõe a profundidade das raízes da corrupção em Rondônia. A prática é antiga. E mesmo no IPAM não é a primeira vez que esse tipo de denúncia aparece. Aliás, é bom que se diga que fato semelhante também foi denunciado em relação ao IPERON, só que nesse caso o pivô era aplicações de alto risco no Banco Cidade de Santos. Ninguém sabe, até hoje, se tudo acabou numa enorme pizza, pois não houve  notícias sobre a punição de ninguém. 

 

NA PUBLICIDADE

De acordo com fontes da coluna se uma investigação da envergadura da Operação Imprevidência for realizada em outros setores, como os gastos com propaganda por órgãos públicos rondonienses, o outro câncer da corrupção será revelado. E esse comprometimento, adiantou a fonte, é coisa que vem de vários anos do passado rondoniense. Práticas de torrar dinheiro público através do segmento da publicidade são generalizada em todo o território rondoniense.