Hermínio está com medo de perder a presidência da ALE

Valdemir Caldas (*)

Publicada em 06/01/2013 às 22:52:00

O deputado José Hermínio Coelho (PSD) está com medo de perder a presidência da Assembléia Legislativa de Rondônia, cargo que ganhou de seu colega Valter Araújo sem fazer nenhum esforço ou gastar um tostão sequer. E acusa o governador Confúcio Moura de armar insídia para tentar apeá-lo do posto só por que ele tem feito oposição à sua administração.

A oposição construtiva é fundamental nos regimes democráticos. A questão básica reside nos critérios, nos objetivos dessa oposição. Na democracia representativa, que é o nosso caso, o poder legislativo existe para fiscalizar o executivo e propor leis que preservem a justiça social, a igualdade e a liberdade cívica.

Democracia é isso, como ensina o filósofo Jean Jacques Rousseau: sem liberdade não pode subsistir a igualdade. Mas não é essa a intenção de Coelho. Seu desejo é ocupar o lugar de Confúcio. E ele já deixou claro que é capaz de fazer qualquer sacrifício para sentar-se na principal cadeira do palácio Getúlio Vargas.

Se Coelho tem consciência de que a Assembléia Legislativa de hoje é muito diferente da de ontem, em termos de seriedade, honestidade, probidade e transparência na condução dos recursos públicos (como ele mesmo tem dito em suas aparições teatrais). Se ele acredita realmente na lealdade de seus pares. Se Coelho tem plena convicção de que seus companheiros não cederão ao fisiologismo governamental, mantendo-o na presidência daquela casa, não há por que temer qualquer interferência de Confúcio.

Curiosamente, na hora de encarnar o paladino da justiça, o arauto da moralidade, o defensor dos fracos e oprimidos, o político corajoso e destemido, do tipo que “tem aquilo roxo”, como esbravejava o ex-presidente Collor de Mello, Coelho manda às favas o decoro parlamentar e a liturgia do cargo e sai em tropelia contra seus adversários, procurando esmagá-los politicamente. Foi assim com o seu ex-companheiro de partido e ex-prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. Tem sido assim com o governador Confúcio, desde que assumiu a presidência da ALE. Parece coisa patológica.

Mas, quando sente escorregar por entre os dedos a possibilidade de não mais continuar desfrutando das mordomias que lhe proporciona o cargo, imediatamente transforma-se no político manso, humilde e conciliador, e bate à porta de seu adversário implorando-lhe clemência, pedindo-lhe para que pare de cooptar deputados para tentar retirá-lo da presidência da Assembléia. Que coisa mais comovente.

Impressionante o que o poder é capaz de fazer com algumas pessoas. Aliás, alguém já disse que o poder é fascinante, anestesiante e deformativo. Basta reparar no que Coelho tem sido capaz de fazer para manter-se no comando da ALE. São por essas e outras que parcela expressiva da população perdeu o respeito e a confiança na classe política e nas instituições.

Poucos são os que se destacam pela sua dignidade, pelos seus méritos, pelo espírito público, pelas suas virtudes ou pelo seu trabalho em favor do povo. A maioria atua em função de interesses mesquinhos e egoísticos, pessoais, grupais ou econômicos. Depois reclamam quando o povo resolve virar-lhes às costas. No fundo, Coelho está com medo de perder a posição de presidente para alguém da turma do Confúcio.