Liderança rural que lutava pela Reforma Agrária é assassinada em Rondônia

De acordo com a CPT, esta é a sexta morte violenta por causa de conflitos agrários registrada este ano no Estado de Rondônia.

Publicada em 04/12/2012 às 07:27:00

Porto Velho, Rondônia - Uma das lideranças no Acampamento Paulo Freire 3, em Seringueiras, Orlando Pereira Sales, o Paraíba, morreu na úlltima quinta-feira (29), após ser atingido por disparos de arma de fogo. Segundo informações recebidas pela Comissão Pastoral da Terra, ele morreu depois de ser atingido por dois disparos de rifle e um projétil de calibre 22 na cabeça.

O fato aconteceu no Acampamento Paulo Freire 1 (Fazenda Gladys), em Presidente Médici, onde o trabalhador sem terra tinha se instalado com a família após terem sido despejados judicialmente do Acampamento Paulo Freire 3 pelo fazendeiro Sebastião de Peder, titular da fazenda Riacho Doce. A área, terra pública sem documentação, vem sendo reivindicada pelo Incra. Paraíba e sua família compunham um grupo de 82 famílias que há dois anos moravam e trabalhavam no local, e que foram despejados no dia 13 de setembro de 2012. Um grupo de 45 famílias continua acampado nas proximidades da fazenda Riacho Doce, e recentemente denunciaram estar sofrendo alguns episódios violentos por jagunços armados. A gravidade dos atos de violência acontecidos em Seringueiras já foi denunciada ao Ministério Público Federal (MPF) de Porto Velho, que abriu Inquérito Civil sobre os mesmo no dia 15 de Outubro de 2012.

De acordo com a CPT, esta é a sexta morte violenta por causa de conflitos agrários registrada este ano no Estado de Rondônia.

Ameaças No começo deste ano, após o acampamento sofrer diversos atos de pistolagem, Paraíba passou a sofrer graves ameaças e intento de assassinato, o que o levou a abandonar o local no dia 14 de março. No mesmo dia registrou queixa na Delegacia de Seringueiras e no dia seguinte no Ministério Público do município de São Miguel do Guaporé.

Apuração dos fatos e providências A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRO) têm denunciado com dureza o crescimento da violência em decorrência dos conflitos agrários em Rondônia e lamentam profundamente que a ausência do Estado Brasileiro em destinar as terras devolutas e conter os conflitos agrários tenha como consequência a vida de mais um trabalhador. A entidade espera que essa morte seja esclarecida e aos culpados sejam aplicados os rigores da lei.

CPT-RO 

Assessoria CUT/FETAGRO