Nazif, o sortudo!

Valdemir Caldas

Publicada em 03 de September de 2015 às 19:48:00

Acabei de crer que o prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif (PSB), é realmente um cara de sorte. Ele já conseguiu escapar de três investigações feitas pela Câmara Municipal. Na primeira tentativa, as denuncias foram consideradas inconsistentes e, portanto, engavetadas. Na segunda, o relator não deixou o processo sair da Comissão. Tratou de eliminá-lo no nascedouro. Na terceira investida, a Comissão Parlamentar de Inquérito, criada para apurar possíveis irregularidades no pagamento de artistas que se apresentaram em evento promovido pela prefeitura da capital, através da Fundação Cultural, cumpriu, à risca, todas as etapas da investigação, mas Nazif saiu ileso.

Louvável o esforço do relator da CPI do Cachê, vereador Everaldo Fogaça. Não deve ter sido tarefa fácil, não somente para ele, como também para todos os membros da Comissão. Pressões existiram e não foram poucas, como observou o próprio parlamentar, durante a leitura do texto, mas nada “impediu de realizarmos o seu trabalho”, embora o relatório tenha decepcionado muita gente.

Particularmente, achei que a Comissão encostaria o prefeito no paredão. Mas uma vez, Nazif conseguiu safar-se. Agora, é rezar para que o Ministério Público do Estado de Rondônia (MPE/RO), para onde uma cópia do relatório foi enviada, enquadre-o, adequadamente, espremendo toda a impureza do cancro purulento. Caso contrário, o relatório redundará num fiasco jurídico.

Recomendo aos 65% dos portovelhenses (entre os quais me incluo) que desaprovam a administração Nazif, conforme pesquisa recente do Instituto Phoenix, baterem às portas do MPE/RO, para pedir celeridade na apuração das denúncias graves, até para evitar que elas acabem esquecidas numa dessas gavetas da burocracia oficial.

Foram quase quinhentos milhões de reais que a prefeitura gastou para promover dois shows de quinta categoria, com artistas em final de carreira. Esse dinheiro daria tranquilamente para pagar o terreno que o prefeito teria prometido comprar para acomodar parte das famílias de produtores rurais que perderam tudo durante as cheias do rio Madeira e, hoje, muitos deles estão morando em barracas de lonas.