Prefeito não demitiu parentes

Valdemir Caldas

Publicada em 27 de February de 2014 às 09:26:00

O prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif (PSB), bateu o pé e não exonerou a parentela que tem encastelada em setores estratégicos da administração municipal, pondo fim, assim, a prática do nepotismo, à semelhança do que se observa em várias capitais brasileiras.

Em vez disso, vetou o projeto de lei nº. 3.017/2013, de autoria do vereador Aélcio da TV (PP), que proibia a nomeação de parentes do prefeito, vice-prefeito, de secretários e de vereadores para cargos comissionados e funções de confiança no serviço público municipal.

O veto, é claro, foi rejeitado pelo plenário, na sessão de segunda-feira (24), por unanimidade. Foi mais uma derrota imposta pela Câmara ao prefeito e uma vitória da sociedade. Na terça-feira (25), Aélcio foi à tribuna e agradeceu o apoio dos colegas.

“Ao derrubar o veto aposto pelo poder executivo ao meu projeto, a Câmara mostrou que está comprometida com a moralidade, a transparência e a seriedade na condução da coisa pública”, disse o parlamentar. E o prefeito Nazif?
A população, contudo, pouco a pouco, vai-se dando conta de que o inchaço das folhas de pagamento, com a contração de parentes e aderentes de autoridades e dirigentes públicos, muitos dos quais sem nenhuma qualificação técnica, só tende a prejudicá-la.

Aqui e acolá, verifica-se a má qualidade dos serviços que o poder público deveria prestar. Enquanto crescem as necessidades coletivas, carece a máquina burocrática de mão-de-obra especializada capaz de atender às demais sociais em tempo hábil.

Ao administrador público cabe cerca-se de auxiliares preparados e por em prática sua criatividade. Infelizmente, o mais frequente tem sido a criação de novas sinecuras para acomodar familiares, cabos eleitorais e apaniguados políticos.
Não é somente o vereador Aélcio que grita contra o nepotismo. Percebe que se vai encurtando a margem de paciência do cidadão com situações dessa natureza, a ponto de uma administração considerada honesta e proba acabar atraindo para o administrador que assim age a fama de pouco inteligente e conivente com imoralidades.

O prefeito Nazif perdeu uma excelente oportunidade para passar uma borracha nesse lamentável episódio, exonerando sua parentela dos quadros municipais, mas preferiu deixar que o emocionalismo falasse mais alto que os interesses sociais, maculando, inclusive, a própria biografia de político comprometido com as causas de muitos, e não com a manutenção de práticas condenáveis.