Robin Hood e os ladrões de colarinho branco

Valdemir Caldas (*)

Publicada em 15/12/2012 às 10:25:00

Quem não se lembra do lendário Robin Hood, o herói da Inglaterra medieval do século XIV, nos tempos do rei Ricardo Coração de Leão, que roubava dos ricos para dar aos pobres.

Robin Hood não era um ladrão na exata acepção da palavra. Era um justiceiro, alguém que não se conformava em ver a riqueza do seu país centralizada nas mãos de uns poucos, enquanto a maioria da população vivia na mais abjeta miséria.

Nos dias atuais, temos os nossos Robin Hoods, às avessas, encarnados nas figuras patéticas e caricatas de certos políticos e administradores da coisa pública, que, ao invés de aplicarem corretamente a riqueza oriunda de impostos extraídos da sociedade, em hospitais, escolas, postos de saúde, saneamento básico, iluminação pública e salários decentes aos que prestam serviços à máquina oficial, dentre outras medidas, preferem embolsar o dinheiro. Muitos ainda têm o cinismo de autoproclamarem-se “defensores do povo”.

O Robin Hood daquela época vivia na floresta de sherwood, na cidade de Nottinghan, ao contrário dos falsos Robin Hoods de hoje, que moram em mansões, andam de carrões importados, viajam duas vezes por ano para a Europa, em companhia de familiares e amigos, frequentam lugares finos, usam roupas e jóias caríssimas e bebem uísque de marca.

Tudo isso, evidentemente, adquirido e mantido com o dinheiro da população. No Afã do enriquecimento voraz, vale tudo e o que se menos respeita é a lei. No Brasil dos nossos dias, a impunidade tem servido de estímulo à ilegalidade.

Todo mundo sabe que lugar de ladrão é na cadeia. Mas não tem sido tarefa fácil aos organismos de investigação colocarem as mãos nos ladravazes e mantê-los enjaulados por muito tempo, graças à benevolência da nossa legislação penal, com suas inúmeras brechas, que mais parece uma tábua de pirulito.

Mesmo assim, não devemos perder a fé em Deus e acreditar nas nossas instituições, pois como disse Aristóteles, a esperança é o sonho do homem acordado. A luta contra a corrupção e pela moralização da coisa pública não pode ser apenas dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União ou do Tribunal de Contas de Rondônia, mas de toda a sociedade.

O trabalho sério e proficiente dessas e de outras instituições contra os parasitas da carótida social, os ladravazes de todos os matizes, tem sido bastante gratificante para a população. Em 2012, o TCE-RO evitou que milhões de reais fossem drenados do já exaurido bolso do contribuinte rondoniense.

Enquanto aos membros e profissionais desses órgãos tem sido deferida a atenção da sociedade e justificadas esperanças, percebe-se o crescente descrédito perante a opinião pública, de políticos que, investidos de um mandato popular, fingem esquecer sua condição de representantes do povo e passam a se comportar como Robin Hoods de fachadas.